Tondela 1-2 SPORTING CP: Foi hardcore e hard de digerir
Pepa tinha prometido uma equipa hardcore e não fugiu muito disso. A primeira falta surgiu nos primeiros segundos do encontro e o Tondela haveria de terminar o jogo com um acumulado de 24 entradas irregulares.
Apenas a título de curiosidade, frente ao Benfica, em casa, o Tondela fez apenas 8 faltas. A primeira foi aos 19 minutos, já com o Benfica em vantagem por 0-1. Os tondelenses haveriam de chegar ao intervalo a perder 0-2, com apenas 3 faltas cometidas e aos 60 minutos, com o resultado em 0-4, o acumulado era de apenas 5 faltas.
Ao contrário do que se possa pensar, acho normal a atitude do Tondela com o Sporting (20 faltas em Alvalade e 24 no jogo de ontem). Anormal é aquilo que se passou há dois meses, na recepção aos encarnados.
O Tondela entrou bem no encontro e aos 13 minutos já vencia. O Sporting demoraria outros tantos minutos a restabelecer a igualdade, pelo inevitável Bas Dost, no primeiro remate que tentou.
De referir que ambos os golos surgem de jogadas bem desenhadas, sendo que o do Sporting tem a beleza extra do toque de calcanhar de Bas Dost no início da jogada, antes de se deslocar em direcção à área para finalizar o cruzamento perfeito de Marcos Acuña. No golo do Tondela, fico com a sensação que, não fosse o toque em Mathieu e Rui Patrício teria defendido aquele remate.
Pelo meio, Gelson Martins aqueceu as mãos a Cláudio Ramos e já depois foi a vez de Rui Patrício negar o golo a Tyler Boyd, com uma grande defesa.
O Sporting subiu de produção nos últimos minutos do primeiro tempo e teve duas boas oportunidades para se adiantar no marcador. Cláudio Ramos respondeu a Rui Patrício, com uma excelente defesa a um "tiraço" de Bruno Fernandes e Mathieu esteve perto do golo, ao desviar ligeiramente por cima mais um cruzamento a régua e esquadro de Acuña.
Um pouco por esta subida de produção da equipa, não entendi muito bem a saída de Fredy Montero ao intervalo. Talvez Jesus não tivesse gostado da performance defensiva do colombiano, como se pôde ouvir através dos microfones da Sport TV, num raspanete por não ter fechado uma linha de passe mas a verdade é que a saída de Montero me pareceu precipitada e prematura.
Doumbia acabaria por acrescentar muito pouco ao jogo e esta era uma substituição que poderia dar algumas horas de conversa caso o resultado final não nos tivesse sido favorável.
O Tondela acabaria por entrar melhor no segundo tempo e à hora de jogo as coisas ficavam ainda mais difíceis com a expulsão de Mathieu, que não contava com o teatro de Pedro Nuno. Atenção que, pese embora a fita do jogador do Tondela, acho a admoestação justa, ao contrário do primeiro amarelo, mostrado aos 53 minutos na única falta cometida pelo francês.
Só para que conste, Hélder Tavares cometeu cinco faltas ao longo do jogo e acabou com a ficha disciplinar limpa.
O Tondela, com mais um homem em campo, apostou tudo em segurar o pontinho, esticando-se muito pouco em campo na procura da vitória.
O Sporting arriscou, William ficou com a função de ajudar Coates, continuando a ser o elemento que iniciava o ataque posicional dos leões e os laterais passaram a ter de estar mais atentos ao espaço entre-linhas.
Neste momento já era Acuña o lateral esquerdo, após a entrada de Rúben Ribeiro, imediatamente antes da expulsão de Mathieu.
O Sporting acabaria por dispor das melhores oportunidades para marcar. Doumbia desperdiçou, de cabeça, em excelente posição e Coates, já a actuar como ponta-de-lança, obrigou o guarda-redes da casa a desviar um cabeceamento em balão para canto.
O golo acaba por surgir já fora de tempo como um castigo justo para um Tondela que se revelou afoito enquanto esteve em igualdade numérica e que se retraiu assim que se viu com mais um homem em campo.
Os minutos jogados para lá dos quatro inicialmente dados como adicionais culminam numa bola longa de William que Bas Dost desvia na direcção de Doumbia. Para evitar o golo do costa-marfinense, Ricardo Costa desvia a bola para o poste e aparece, fulminente, Coates a acabar com o jogo.
Os três pontos estavam no bolso e nem a última substituição preparada por Jesus foi possível. O Sporting venceu após uma viagem de milhares de quilómetros a meio da semana e a actuar com dez homens nos últimos mais de trinta minutos do jogo. Para o Tondela, será "hard" de digerir uma derrota que surgiu no último fôlego mas da qual os comandados de Pepa devem lamentar-se mais pela falta de ousadia em disputar os três pontos do que qualquer outra coisa.
Termino com o elogio (já repetido, após o jogo em Santa Maria da Feira) ao carácter e à ambição deste grupo de jogadores. Esta equipa tem alma e não dá um ponto por perdido até ao último segundo de cada jogo. Somos felizes mas procuramos a felicidade, mesmo que nem sempre demonstrando grande qualidade.
Acuña leva o prémio de melhor em campo mas o homem do jogo acaba por ser Coates, pelo golo marcado nas circunstâncias em que aconteceu.
Venha o Astana em Alvalade e algum descanso para parte dos jogadores. A eliminatória não pode fugir, mesmo com a gestão física de alguns dos mais utilizados.
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