Sporting europeu em queda
Têm sido semanas algo deprimentes, estas em que se realizam embates para as competições europeias. Porque são jogos emocionantes, em grandes palcos, com os melhores clubes da Europa e nós não estamos presentes.
Bruno de Carvalho tem conseguido fazer crescer o clube internamente, temos afrontado o poder do Benfica e, com alguma regularidade, passar o Porto para terceiro plano mas continuamos sem ter expressão europeia.
E não vale vir com a retórica que primeiro temos de ganhar cá para ganhar lá fora. O Sporting sempre fez boas prestações europeias com alguma regularidade sem que, para isso, tenha de ter sido campeão nacional.
Na verdade, não ganhamos um campeonato desde 2001/02 e, daí para cá, temos uma final da Liga Europa, uma 1/2 final da Liga Europa, uns 1/8 final da Champions, uns 1/4 final da Liga Europa e uns 1/8 final da Liga Europa.
Não é muito mas é melhor que aquilo que temos atingido nos últimos três anos, com plantéis bem competentes, diga-se.
A verdade é que as fracas prestações europeias afectaram e muito o nosso ranking. Manifestei aqui há uns meses a minha preocupação com a nossa posição na elite europeia. Alguns apressaram-se a, cheios de confiança, afirmar que basta que sejamos campeões todos os anos (ser campeão, actualmente dá acesso directo à Champions para os países do top 7 europeu), como se isso fosse a regra em vez da excepção.
Ora, agora é já demasiado evidente que não seremos campeões e, não estando na Europa, não amealharemos nem mais um ponto. Estamos neste momento no 54º posto do ranking e temos 6 clubes à perna que ainda este ano podem ameaçar o nosso posto actual.
Antes que alguém diga que "no tempo do Godinho é que era", devo já arrepiar caminho, elucidando que, quando Godinho Lopes deixou o Sporting, éramos o 33º clube da tabela. Nada de extraordinário mas mais de 20 posições acima daquela que hoje ocupamos.
E sim, o ano trágico do 7º lugar, que nos deixou fora das competições da UEFA afectou e de que maneira a nossa posição (perdemos 10 lugares) mas não é menos verdade que nunca conseguimos fazer nestes últimos três anos um ranking anual melhor que o aglomerado dos últimos cinco, daí nos encontrarmos na posição que se sabe.
Vejamos a nossa evolução no ranking nos últimos 10 anos (o ranking final de cada época corresponde ao aglomerado da época em curso com as quatro anteriores):
Em apenas quatro épocas, passámos de uma posição estável no top 25 para fora do top 50. Nas últimas três épocas fomos 39º, 49º e 53º do ranking em cada uma das três temporadas. Sempre a piorar, em claro contraponto com o investimento.
Vivemos num clima de exigência. Não podemos aspirar a ser como os maiores da Europa sem ganharmos no nosso país mas também não podemos enjeitar sucessivamente campanhas europeias que nos podem dar a possibilidade de ganhar o respeito e o estatuto que pretendemos.
Nem vou comparar com os nossos rivais directos, que têm cimentado posições entre os 10/15 melhores clubes da Europa.
Olhemos para nós. Melhoremos e tenhamos a ambição e competência necessárias para mudar este panorama. Na próxima época, provavelmente teremos pela frente um playoff na Champions, onde não seremos cabeças-de-série. Caso passemos, entraremos no pote 4 da Liga Milionária. Caso acabemos na Liga Europa, dificilmente teremos estatuto de 1º cabeça-de-série (embora aqui isto não afecte as nossas possibilidades de sucesso na competição).
É que, neste momento, estamos uma posição abaixo do Braga no ranking europeu e o Leicester, que anda a lutar pela permanência no seu campeonato e é novo nestas andanças, fez quase tantos pontos nesta época como nós nas últimas três.
Vale a pena olhar para isto com olhos de ver, até porque voltar ao top 20/25, pode levar umas 4/5 épocas a atingir.