Percebo que Nuno Dias queira um Sporting igual a si próprio sempre mas acho que está na hora de perceber que, para além dos tais detalhes que por vezes decidem o vencedor, há que ter um plano B (que não passe única e exclusivamente por jogar em 5x4) para abordar os derbies.
Não, o Sporting não merecia perder. Foi mesmo melhor ao longo de todo o encontro, porém, não foi eficaz. E nestes jogos é a capacidade de meter a redondinha lá dentro que faz a diferença.
Isto nem é bem uma crítica a Nuno Dias. É de louvar que o treinador acredite e seja fiel à sua forma habitual de jogar mas, o Benfica de Joel Rocha não é. Usam uma estratégia para os jogos com o Sporting, totalmente diferente da sua forma habitual de jogar. Fazem-no porque Joel Rocha sabe que não tem capacidade para, estrategica e tecnicamente, discutir o jogo de igual para igual. Porque tem noção que o Benfica nos é inferior.
Porém, essa noção de inferioridade e a estratégia adoptada em cada derby, onde nos dá toda a iniciativa de jogo para jogar apenas e só no nosso erro, dá-lhe uma vantagem importante. A margem de erro do Sporting fica sempre bastante superior à do rival. Porque tem sempre a bola, porque assume uma linha defensiva alta e porque pressiona à saída da área adversária. Assim, fica mais exposto a errar passes e a encontrar-se desposicionado a cada transição rápida do rival (e é quase sempre assim que sofremos os golos).
Desde que Nuno Dias treina o Sporting, nunca um treinador rival contrariou tantas vezes a nossa clara superioridade.
Não acreditam?
Antes de Joel Rocha (2012/13 e 2013/14), Nuno Dias tinha ganho 6 dos 9 jogos ao Benfica. Após a chegada de Joel Rocha (2014/15, até hoje), o Sporting venceu 6 jogos, empatou 4 e perdeu 7.
No fim, e apesar do Sporting acumular mais títulos nos últimos dois anos, há um campeonato nacional para cada lado.
Fiz este apanhado para aqueles que afirmam que, a jogar assim, o Sporting estará mais vezes perto da vitória do que da derrota. Na teoria, até pode ser mas a prática mostra que o saldo dos derbies até nos é desfavorável.
O Nuno Dias não me lê e percebe mais de futsal a dormir que eu acordado mas, acredito que, se em certos momentos do jogo dermos a bola ao Benfica, os jogos terminam quase todos com uma vitória verde-e-branca. Não falo de adoptar a estratégia que Joel Rocha usa contra nós mas apenas de jogar com as probabilidades, dando mais a bola ao rival que, naturalmente (pelo menor conforto que demonstra em posse), passará a errar mais e a proporcionar-nos mais oportunidades de golo em desorganizção defensiva. É que o Sporting pode rematar 40/50 vezes num jogo com o Benfica que nem sempre isso é significado de oportunidades de golo claras. Com a defensiva oposta organizada, é natural que rematemos mais mas é também normal que soframos maior e melhor oposição. Reparem que, mesmo nos jogos em que vencemos, nem sempre a nossa eficácia é elevada.
Posto isto, quero o mesmo Sporting de sempre para esta época, mas com um plano B para os jogos decisivos com o rival. Nada de alterar a nossa matriz de jogo mas temos de ser mais matreiros e estrategas. Se o formos, acredito que nem grande luta darão.
Uma nota final para o pivot encarnado, que marcou os 3 golos do rival. Excelente jogador, bem aproveitado pelo rival para usar como factor surpresa. Da próxima vez, saberemos com o que contar... Espero que não tenhamos trazido o internacional brasileiro errado. Não vi em Dieguinho nada que Fortino não dê, com mais qualidade mas, acabou de chegar e foi só um jogo. Todo o crédito a quem o contratou e ao próprio, como é óbvio.
Agora, seguem-se três jogos importantíssimos para a UEFA Futsal Cup que, assumidamente, queremos vencer esta época.