O corredor da desilusão
Agora que voltou "ao activo" li noutro dia o Presidente Bruno de Carvalho mais uma vez (mesmo que com alguns erros de matemática) enaltecer a sua própria dedicação, afirmando-se "disponível 24h sobre 24h para o Sporting CP". Dizia um amigo meu acerca do erro aritmético (Bruno de Carvalho disse que o dia havia começado "às 8h e só terminou às 23h15") que o que restava desse tempo era para pensar o marketing.
Ele não mencionou o marketing inocentemente, creio eu, pois é por demais evidente que é esse um dos nossos calcanhares de Aquiles.
Somos bons a dizer que temos dimensão Mundial, abrimos Academias em tudo o que é canto do Mundo mas esquecemo-nos de vender bem a nossa marca onde mais interessa, em Portugal.
Nem vou falar das limitações da nossa Loja Verde, em comparação com as dos rivais. Variedade, quantidade de stock, disposição dos artigos, qualidade do espaço (algo que espero que se resolva assim que abra a Mega Store no Pavilhão João Rocha)...
Enfim, na falta de quem pense uma estratégia de marketing própria, podíamos copiar a dos rivais.
Já sei, estou a dizer mal do meu Clube e isso vai valer-me, por parte de alguns, um qualquer rótulo (o Presidente tem dado algumas "boas" ideias mas não há limites para a criatividade) menos positivo. Que se lixe!
Alguém tem de fazer alguma coisa para que um miúdo num qualquer ponto do país que não Lisboa, mais concretamente nas imediações do Estádio José Alvalade, perceba que o Sporting está presente, que o Sporting marca posição, que o Sporting também é um grande, tão grande ou ainda maior que os outros.
Ora, o que é que acontece e motiva esta minha publicação?
Na passada quinta-feira, antes do jogo do Sporting frente ao Famalicão, fui jantar fora a um dos shoppings mais movimentados do Porto.
Não me espantou que, estrategicamente colocado imediatamente à saída de uma das lojas mais movimentadas daquele espaço, estivesse uma daquelas "ilhas" a vender mershandising do Benfica.
Há no Porto alguns shoppings com loja do FC Porto mas nem é o caso daquele. Ora, 20/30 metros adiante, deparo-me com um stand de vendas dos "dragões" tão bem apetrechado de material quanto o anterior, embora com menos funcionários empenhados em vender a sua "marca" (o stand do Benfica contava com três funcionários sem qualquer problema em abordar todos quantos ali passavam - de mim não ouviram nada simpático).
Claro que eu sabia que não iria encontrar nada idêntico do Sporting. Aliás, assim que passei pela segunda "ilhota" a desilusão apoderou-se de mim, pensando naquilo que passará na cabeça de um miúdo (como os meus) ao passar naquele corredor. Dos clubes com que são bombardeados diariamente, só dois estavam ali representados e aquele corredor é um espelho daquilo que é a forma como os três clubes trabalham o marketing.
Dois deles mexem-se, aparecem, vincam posição, influenciam. O outro fica à espera que palavras de ocasião, lugares comuns e os pais e avós façam todo o trabalho.
Está na hora de acordar e olhar para as pessoas como consumidoras. Se na bilheteira não há problemas em esticar a corda, porque não encher o país com as cores verde-e-branco, mostrando que, de facto, o Sporting está presente em todo o lado e que, se quero comprar uma camisola ou um Jubas não tenho de me deslocar a Lisboa.
Para terminar, em época natalícia, quando o consumo é exacerbado, os rivais tiveram ambos o mesmo pensamento lógico.
Nos já vamos tarde mas ainda a tempo de acordar, mesmo que naquele corredor não nos sobre um único metro quadrado.
A publicidade neste blog destina-se apenas a fins solidários.
Sigam-me no facebook e no twitter.