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Grande Artista e Goleador

SPORTING CP 3-2 Braga: uma 'remontada' épica

Eu tinha avisado ontem...o Braga sabe defender e, connosco, fê-lo em bloco baixo, só arriscando pressionar no próprio meio campo.

Eu tinha avisado...o Braga sabe jogar em ataque rápido, usa para isso processos simples e tem jogadores rápidos e de qualidade que ajudam (e muito) a dar-nos alguns calafrios.

Foi assim que, sem qualquer problema, entregaram o domínio total do jogo ao Sporting e se limitaram a tentar chegar à área de Rui Patrício em jogadas rápidas, aproveitando bem alguns erros a que o nosso estilo de jogo é propenso.

Os primeiros lances de perigo surgem de duas desatenções de Jefferson e William Carvalho. Na primeira, Wilson Eduardo não acertou na baliza. Na segunda, Rui Patrício teve de mostrar serviço.

Na primeira parte, ofensivamente, o Braga só existiu nestes primeiros cinco minutos e nos últimos cinco (pena que com efeitos diferentes dos que acabei de mencionar).

Entre estes dois períodos, as melhores situações de golo foram do Sporting, por João Mário, que só não finalizou melhor porque a bola lhe sobrou para o pior pé, por Slimani, que complicou uma finalização que se queria simples e por Paulo Oliveira, que cabeceou de forma violenta ao poste da baliza de Kritciuk, que havia defendido as duas ocasiões anteriores.

Já diz o povo que, quem não marca, sofre. E assim foi.

Ambos os golos que haveriam de colocar o Braga em vantagem por 0-2 ao intervalo têm um denominador comum: Jefferson, que num deles tem a 'colaboração' de Adrien e no outro de William Carvalho.

No primeiro golo, o alívio de William é o possível, tendo em conta a trajectória da bola e o posicionamento do jogador (correcto, diga-se). O resto, é 'sono' de Jefferson (que se deixa antecipar) e Adrien (que está demasiado longe de Wilson para que possa estorvar a sua acção).

Curiosamente, é no momento do 0-2 que o Sporting começa a vencer o jogo. Imediatamente após o golo de Rafa (que também tem mérito do próprio e de Rui Fonte, que desposiciona totalmente Paulo Oliveira) o vulcão de Alvalade mostrou a sua força e a palestra de Jorge Jesus começou com aquelas gargantas a cantar "Só eu sei, porque não fico em casa".

Os adeptos sabiam que ia valer a pena e, na segunda parte, os jogadores acabaram por fazer valer o bilhete.

Era preciso arriscar para virar um resultado de dois golos frente a este Braga e Jorge Jesus não esperou. William ficou no balneário (porque já tinha amarelo e era, naquela altura, o elemento mais 'descartável' do nosso meio-campo).

Jesus sabia que a pressão ia fazer moça e que Gelson ia ser importante para isso.

A segunda parte é poética.

A toada do jogo não se altera. O Sporting domina e o Braga tenta explorar o ataque rápido, nunca com mais de três homens.

A primeira oportunidade, não estava ainda completo o terceiro minuto, esteve nos pés de Ruiz, servido por Slimani, que havia recebido de Gelson. Tal como nas oportunidades anteriores, o ressalto vindo do guarda-redes não nos é favorável mas estava dado o primeiro aviso.

Logo a seguir, Pedro Santos volta a por Patrício à prova, após mais um deslize (literalmente) de Jefferson. O Braga mostrava também que estava pronto a aproveitar os nossos erros.

Quase dez minutos de futebol algo atabalhoado de ambas as partes e Jesus percebe que este não é o dia de Bruno César. Fredy Montero está na linha lateral, preparado para entrar, quando o cruzamento de Gelson é travado pelo braço de André Pinto. Grande penalidade bem assinalada, que Adrien não desperdiça. Mais do que nunca, as esperanças reacendem. Grita-se o amor ao Sporting! É possível!

Montero entra para o lugar de 'chuta-chuta'. O golo não altera nada. Ainda estamos em desvantagem.

Na primeira vez que toca na bola, Montero isola Slimani. Kritciuk chega primeiro.

Neste momento, o Braga já abusa do anti-jogo. Era um bom sinal. Sentiram o golo. Fonseca troca de avançados. Nada muda na estratégia do Braga.

Montero tenta um passe picado, ganha a segunda bola e ataca a área. Segunda grande-penalidade, desta vez não assinalada mais uma vez com um jogador do Braga a jogar a bola com a mão no interior da área (desta vez foi Ricardo Ferreira).

Ruiz coloca de bandeja na cabeça de Slimani, mesmo como ele gosta. O argelino desperdiça, o público desespera, o Braga respira de alívio. A pressão está a subir de tom.

Montero tenta mais um passe picado. Não resultou mas eu sentia a sua confiança.

Minuto 70. Mais um aviso. Gelson combina com Ruiz, remata, o russo defende e, na recarga, Slimani volta a acertar no boneco. Está quase...já cheira a golo em Alvalade!

João Mário tem uma entrada dura que devia ter valido cartão amarelo. Não vou discutir nem esmiuçar a arbitragem mas, para os lampiões (sejam do sul ou do norte) que exigiam a expulsão do jogador do Sporting, recomendo que revejam as três faltas de Ricardo Ferreira até ao lance que origina a grande-penalidade não assinalada. E fico-me por aqui.

Wilson Eduardo sai ovacionado após marcar um golo em mais um regresso a 'casa'.

Faltam quinze minutos para o final. 

Para os menos desatentos, o lance do golo de Fredy Montero surge após uma troca de bola de quase um minuto, em que a bola passa pelos três corredores e por nove dos onze jogadores do Sporting em campo (só Rui Patrício e Bryan Ruiz não participaram no lance). Só Fredy Montero transformaria um remate de Jefferson numa assistência, tornando o que parecia difícil em fácil. Pé direito para receber e esquerdo para rematar, sem pedir licença, com a potência e direcção certas. Estava feito o empate e eu estava eufórico. Foi o golo que mais festejei e que mais tranquilo me deixou.

Porquê? Slimani ainda não tinha marcado e tínhamos um quarto de hora para tomar de assalto a baliza dos bracarenses.

Paulo Oliveira tenta o tiro do meio da rua. Sai por cima e está na hora de apostar na qualidade de passe e veia goleadora de Aquilani. João Mário é o 'sacrificado'. Faltam dez minutos para o final.

Seguem-se cinco minutos em que abrandámos a pressão (os homens não são de ferro) e o Braga teve mais bola, embora se sentisse desconfortável com ela. Este momento de jogo haveria de culminar com o recém-entrado Marcelo Goiano a isolar Rafa que, na cara de Rui Patrício viu o guarda-redes leoninio ser aquilo que é...o Rei! Mancha monumental, a mostrar aquilo que vale...pontos.

O Sporting volta a carregar a anunciam-se mais de 42 mil em Alvalade. O melhor, ainda estava para vir.

Patrício emenda um erro de Naldo e antecipa-se a Stojilkovic. Falta um minuto para os 90 e o publico ainda acredita.

Ruiz também e mostra porque é que nunca sai. Mais uma redondinha na cabeça de Slimani que, desta vez, não perdoa e escreve o último verso de um poema épico.

Estava feito o 3-2. Estava virado o jogo em menos de 45 minutos e eu só dizia ao meu puto: "Filho, este ano somos campeões! Este é o ano do Sporting!"

Podia nomear um homem do jogo e vou fazê-lo: Jorge Jesus.

Pela mestria como leu o jogo e mexeu na equipa, pela forma como cantou com os mais de 40 mil, pela forma louca como festejou a vitória.

Jesus é treinador do Sporting de corpo e alma. Vive e entrega-se ao jogo como se jogasse e, embora não tenha marcado um golo, esta vitória é dele. Dele e daqueles 40 e tal mil leões que nunca desistiram e acreditaram sempre.

SPORTING CP 2-0 Porto: Regresso autoritário à liderança

Estava confiante na vitória. Senti-me ansioso durante o dia mas, assim que pus os pés na nossa casa, o vulcão de Alvalade, senti-me calmo.

Aquela calma e tranquilidade fez-me ter ainda mais certeza na vitória. Ouvir 47 mil gargantas a cantar a plenos pulmões "O Mundo sabe que..." fez-me sentir que o destino daquele jogo só podia ser um.

Aquilo que aconteceu ontem em Alvalade, protagonizado pelos adeptos do Sporting foi único e inesquecível!

O Sporting entrou forte, mandão e o Porto agressivo e intenso. Foi uma primeira parte interessante, dividida e com o perigo a rondar ambas as balizas mas onde o Sporting pareceu sempre estar em posição dominante.

O golo de Slimani, após livre cobrado por Jefferson, colocava ainda antes da meia hora justiça no resultado.

Na minha cabeça, a vitória era uma certeza e quando Rui Patrício voltou a mostrar escassos minutos depois porque é um dos melhores do Mundo, tive a certeza que nem seria preciso sofrer, porque a nossa baliza ficaria a zeros.

Parece fácil dizer isto no fim mas, quem viu o jogo comigo, sabe que me cansei de o repetir durante os 90 minutos.

Faltava saber por quantos ganharíamos e foi pena que não tivessem sido mais.

Grande exibição na segunda parte onde, na minha opinião, adensámos o domínio e controlamos perfeitamente o jogo e o adversário, mantendo-o quase sempre longe da nossa área. Soubemos dar os flancos sem nos expor-mos em demasia, protegendo sempre a zona central, onde Naldo foi imperial (não me canso de dizer o quão bom é ter 3 centrais deste nível - já agora, espero que Tobias recupere rápido).

Depois, Adrien, o motor do nosso meio-campo. Não é William que está pior. Adrien é que está uns bons furos acima e consegue muitas das vezes evidenciar-se mesmo sobre o Sir. O meio-campo do Sporting é de grande nível e, mais uma vez, há alternativas credíveis para além destes dois. Voltando a Adrien, a sua exibição teve de tudo: raça, entrega, entreajuda, qualidade, definição e só lhe faltou o golo, naquele remate que esbarrou no poste e João Mário esbanjou na recarga.

Antes disto, já Slimani havia ficado a dever um golo, num gesto técnico deficiente, no lance que parecia de mais fácil definição entre os três flagrantes que teve. No entanto, não posso queixar-me. Dois golos em três oportunidades flagrantes de golo é fantástico e mais do que justo para aquilo que Slimani trabalhou em todo o jogo.

O argelino é um poço de força, energia e entrega. Alia a isso uma cada vez melhor capacidade para definir os lances e prepara-se para dinamitar o seu máximo de golos por temporada ao serviço do Sporting. Hoje, não tenho dúvidas que Slimani está na 2ª linha de pontas-de-lança mundiais e que poucos seriam os clubes que enjeitariam a possibilidade de contar com ele nas suas fileiras. É hoje claramente mais jogador do que no ano passado e isso deve-se a Jesus e à capacidade incrível de trabalho do argelino, que lhe permite evoluir todos os dias.

E assim se junta a tríade que, para mim, mais se destacou em mais uma noite mágica em Alvalade, que bateu também o recorde de assistência em jogos oficiais (49382 - o anterior era de 49076): Naldo, Adrien e Slimani, apenas ligeiramente acima de todos os outros, que estiveram sem excepção em bom plano.

Abraços, sorrisos, liderança recuperada e orgulho reposto. O Sporting é novamente e merecidamente líder do campeonato nacional.

Nota final: foi com enorme entusiasmo e alegria que aplaudi e recebi a nossa equipa de ciclismo durante o intervalo. É um sonho concretizado e, certamente, estarei por esse Portugal a saudar os leões que envergarem a mítica (e linda) verde e branca. Bem-vindos a todos e um obrigado a toda a cidade de Tavira, por se associar à maior potência desportiva nacional!

Braga 4-3 SPORTING CP: Desta vez faltou-nos a estrelinha, num grande jogo de futebol

O JOGO

Um verdadeiro jogo de futebol, com duas equipas a procurar a vitória, jogadores empenhados em cumprir a estratégia dos treinadores e golos...bons golos e bom futebol, numa partida bem jogada técnica e tacticamente em que a balança pendeu mais para a eficácia dos ataques em detrimento da das defesas.

Um jogo que, pelo que fizeram as duas equipas, merecia ter sido resolvido nas grandes penalidades.
Um hino ao futebol poucas vezes visto por cá e que certos e determinados patrocinadores não mereciam pelo que não fazem em prol do nosso futebol.

OS JOGADORES

Torna-se injusto enumerar erros colectivos ou individuais quando todos se empenharam em ganhar e dar um bom espectáculo.
Claro que os nossos erraram. Os do Braga também. Mas muito do erro é provocado pela estratégia de ambos.
Não foi pelo que fizeram ou deixaram por fazer os nossos jogadores que não passámos aos quartos-de-final da Taça de Portugal. Não foi por eles que o Sporting não estará no Jamor.
Não me é fácil individualizar, pois foi o colectivo que mais se destacou.
Falo apenas de Slimani, apesar de vários merecerem menção honrosa. Nem é pelo que jogou (nem terá sido o melhor em campo), pelo golo ou pela entrega. Faço-o porque, como sabem,Slimani não é dos meus favoritos mas isso não me impede de reconhecer que é essencial nesta equipa, sobretudo em jogos como este. Nunca pensei dizer isto, mas personifica bem o lema do nosso Clube, mesmo que o faça apenas por dinheiro.

OS TREINADORES

Jorge Jesus é o melhor em Portugal e Paulo Fonseca é talvez o melhor desta 'nova geração'. Ambos montaram estratégias fortes e compactas.
Embora com ideias de jogo diferentes, ambas as equipas terão cumprido com a maioria do que lhes foi pedido.
O único ponto em que Fonseca bateu Jesus foi nas substituições.
As do treinador bracarense surtiram o efeito desejado, as de Jesus, não.
Não que a ideia não fosse boa mas porque os jogadores não me pareceram os mais adequados para os momentos do jogo em que foram lançados.
E não digo isto a frio, pois foi exactamente a ideia que tive durante o jogo. Lançar Matheus e Gelson em conjunto pareceu-me demasiado arriscado, sobretudo num jogo em que a experiência e maturidade eram mais importantes que a irreverência (pior ainda quando essa irreverência nunca sobressaiu pela positiva).
No último terço dos 90 minutos, o jogo já pedia Montero ou André Martins. Nem a entrada de Naldo foi feliz.

A ARBITRAGEM

Irrepreensível no capítulo disciplinar (o critério foi largo mas coerente), não esteve bem no capítulo técnico e acabou por ter influência no resultado.
Tanto o Braga como o Sporting marcaram 4 golos (o Sporting até marcou 5, mas já tinha soado o apito quando William rematou para o fundo das redes, ao cair o pano do prolongamento) mas foram os leões a ficar pelo caminho.
O Braga fez quatro golos legais mas um deles é precedido de uma falta clara sobre William Carvalho, que ficou por assinalar.
O Sporting fez também quatro golos legais, mas só três contaram (Slimani está em jogo no momento do passe de Ruiz, na 1ª parte do prolongamento).

A NOSSA LUTA

O jogo de ontem prova que as lutas que o Sporting tem travado, na pessoa do seu Presidente, são justas e só pretendem credibilizar e valorizar o nosso futebol.
O vídeo-árbitro teria permitido analisar em tempo real o golo anulado a Slimani e, assim, teria havido justiça desportiva.
A centralização dos direitos desportivos permitiria ver no nosso país mais jogos com a riqueza do de ontem mas, num país de corruptos e "xico-espertos", são os mais egoístas e "habilidosos" que fazem as regras.
Quando o patrocinador principal da Liga e o actual campeão nacional resolvem negociar em prejuízo do campeonato português, está tudo dito.

O NOSSO ORGULHO

Devemos orgulhar-nos todos do jogo que a equipa fez ontem. Todos lutaram e deram o melhor de si em prol do Sporting. Todos dignificaram a camisola e o equipamento que homenageia um dos nossos fundadores. Todos, sem excepção, terão ficado tristes mas de cabeça bem levantada, pois fomos briosos e competentes na maior parte do encontro.
Mais do que isto, devemos orgulhar-nos de saber reconhecer e 'parabenizar' o esforço dos adversários que nos venceram com dois golos marcados por produtos da nossa formação (Wilson Eduardo e Rui Fonte). O Braga foi um adversário à altura e não deixa de ser um justo vencedor, num jogo que podia ter caído para qualquer dos lados. Pena que tenha sido a terceira equipa a desequilibrar os pratos da balança, ainda que isso não retire nenhum do mérito dos bracarenses.
Parabéns ao Braga!

OBJECTIVOS

Foi o primeiro objectivo falhado da temporada (ainda não consigo admitir que tenhamos sido nós a falhar o acesso à Liga dos Campeões) e a única coisa que peço é a mesma atitude de ontem para o próximo domingo. Se assim for, certamente estaremos próximos de somar mais três pontos para o principal objectivo desta época.

Ecos: "Os Invisíveis"

Costumam ser altos, entroncados e fortes. Durante o jogo, têm de disputar muitos lances pelo ar e beijam a relva quando os cortes são feitos na raça. Eles entram em campo com um olhar determinado, mas sabem que o mais importante é parecerem invisíveis.

 

Quando um central não marca numa das suas caminhadas até à área contrária e quando a equipa adversária faz três remates durante a partida, há muitos adeptos que se esquecem da sua existência. O jogo de ontem é o exemplo ideal para explicar esta perda de memória: desejámos um golo durante noventa minutos. Pontapeámos cadeiras depois de mais um lance perdido. Segurámos a respiração quando os nossos jogadores não encontravam a direcção da baliza depois de outro remate. Desesperámos, mas nunca deixámos de cantar. Fizemos setenta e um ataques, estivemos muito mais de metade do jogo instalados no meio-campo do Belenenses, mas as estatísticas não nos oferecem vitórias. As estatísticas não, mas a nossa dupla de centrais sim. E é quando olho para o passado que me apercebo, ainda mais, da nossa evolução. Quando olho para o passado, vocês deixam de ser invisíveis. Sabem que mais? Todos nós, depois de jogos como o de ontem, deveríamos olhar para o passado. Jorge Jesus tem toda a razão quando oferece estrelinhas aos jornalistas para colocarem nas árvores de Natal. Quem acompanha o Sporting Clube de Portugal tem consciência de que, muito provavelmente, em épocas anteriores, não teríamos saído de Alvalade com mais três importantíssimos pontos. Quantas e quantas e QUANTAS vezes assistimos a réplicas da tarde/noite de ontem? Querem falar-me dos episódios em que coleccionámos mais uma derrota devido a uma falha de um dos centrais? Estávamos muito tempo a colidir com o muro e, quando nos respondiam com a única arma disponível – o contra-ataque –, não tínhamos peões à altura na retaguarda.

Ewerton e Paulo Oliveira não nos deixam com as pernas a tremer quando pegam na bola, quando permitimos saídas rápidas em direcção à nossa grande área. Invariavelmente, impõem-se! Encostam o corpo, esticam a perna, saltam mais alto e são muito inteligentes tacticamente, adivinhando o movimento do opositor. Na minha opinião, Ewerton é um central com uma classe fora do comum, que tem o seu percurso manchado por variadíssimas lesões. Paulo Oliveira é a força inabalável que consegue ocupar quase sempre o espaço onde a bola irá cair. Os dois completam-se, e é isso que se pede a uma dupla de centrais. Mais: ainda têm a capacidade de disfarçar as lacunas defensivas dos nossos laterais. Há quanto tempo é que não estávamos tão descansados nesse sector?

É injusto deixar Naldo fora deste texto, até porque fez mais um jogo impecável na Rússia, contra o Lokomotiv. Se Jorge Jesus me estivesse a ouvir, talvez me falasse deste outro “problema”. E coloco entre aspas, porque há pessoas que têm dificuldade em entender ironias. A verdade é que se torna bastante complicado escolher os dois patrões da defesa mas, sinceramente, eu acredito que eles conseguem melhorar jogo após jogo porque sentem que existe uma competição saudável para a posição que ocupam.

Vejamos:

– Jornada cinco: Sporting 1-0 Nacional;

– Jornada nove: Sporting 1-0 Estoril;

– Jornada dez: Arouca 0-1 Sporting;

– Jornada onze: Sporting 1-0 Belenenses.

Eles podem parecer invisíveis, mas são bem reais. Mais reais do que a estrelinha.

Iluminem-me: o lance mais importante do jogo foi protagonizado pelo central do Belenenses, certo? Quanto é que ele pagaria para ter sido invisível?

Sporting sempre.

Rugido de uma leoa (As Redes do Damas)

Virar a página

Por muito prazer que me dê uma vitória sobre o rival (ou, neste caso, mais uma) ainda para mais vendo o desnorte que este apresenta, só voltarei a pensar no Benfica em Março.

Assim sendo, não acho útil comentar pseudo-polémicas e muito menos as palavras de desespero e falta de auto-crítica do treinador adversário.

O Sporting ganhou com justiça, foi melhor, e é tempo de todos virarmos a página.

Virar a página.png

Seguem-se dois jogos para competições diferentes e o foco não deve ser alterado. Sendo ambos importantes, a recepção ao Belenenses, de hoje a oito dias, assume contornos mais relevantes, por se tratar do nosso principal objectivo.

Assim sendo, espero mais um jogo da Liga Europa pensado a dois tempos, com o foco em Moscovo mas sem ignorar o jogo com o Belém.

O Sporting precisa de vencer em Moscovo para passar à fase seguinte e se há quem pense que o melhor será saltar já fora das competições europeias, eu discordo.

Nem é pelo prestígio da prova (que é pouco ou nenhum), ou pelo ranking da UEFA, mas sim pela possibilidade que, mais dois jogos em Fevereiro, nos dão de manter toda a gente em condições óptimas de ajudar.

Este jogo frente ao Lokomotiv deve ser encarado da mesma forma que os que o antecederam nesta competição, embora eu fizesse aquilo que acho que Jesus já devia ter feito na Albânia; a equipa é para rodar, mas não os onze.

É importante gerir o esforço de Ewerton, Adrien, Ruiz, Jefferson e Slimani, tendo em vista o jogo de segunda-feira e, por isso, eram estes que pouparia.

Rui Patrício não poderá jogar por castigo e já estaremos a mudar mais de meia equipa. Boeck deverá ser o escolhido.

Paulo Oliveira não esteve nas selecções e estará menos fatigado. Por mim, faria dupla com Naldo, que precisa de continuar a jogar.

Esgaio e Jonathan ocupariam os lugares que já vêm sendo seus na Liga Europa e William e Aquilani tomariam conta do meio-campo.

Gelson merece dar continuidade à boa exibição no derby e deverá ter a companhia de Mané ou Matheus, consoante as condições físicas do português, que regressou tocado da selecção de sub-21.

Na frente, Montero e Teo Gutiérrez.

Parece-me um onze equilibrado e suficientemente forte para vencer e gerir o esforço dos mais fatigados.

Depois, guardaremos a decisão final para o jogo em casa, frente ao Besiktas.

Arouca 0-1 SPORTING CP: Arrancada a ferros

Recepção sublime de Montero, após não menos sublime passe de Ruiz. O toque que retira da jogada o defensor do Arouca só podia ter saído daqueles pés mas o remate foi tão mau que não podia ser melhor...Slimani estava lá, no sítio certo, como em tantas outras vezes, a mostrar porque deve estar sempre em campo.

Curioso que nem um nem outro fizeram um bom jogo. Slimani fez um jogo fraco e Montero nunca conseguiu acrescentar aquilo que se esperava. No entanto, um porque tem grande classe e enorme qualidade técnica e o outro porque tem um enorme coração e não dá um lance por perdido, estavam lá para nos dar os três pontos.

Ruiz...foi talvez o melhor em campo. Sempre tranquilo, escolheu quase sempre a melhor opção de passe, mesmo que isso implicasse ter de recuar e construir de novo. O costa-riquenho parece fazer quase tudo devagar mas faz tudo bem!

O jogo teve tudo o que se esperava: intensidade, um Arouca em bloco baixo e um Sporting com dificuldades em penetrar nesse bloco.

Só muito crer e, porque não, a estrelinha de campeão que há anos não nos acompanha tornaram possível mais uma vitória na qual, confesso, acreditei sempre.

Jogo difícil para Cosme Machado. O relvado em péssimas condições tornou ainda mais intensos os duelos e nem sempre esteve bem no capítulo técnico. Foram várias as faltas não assinaladas, sobretudo a favor do Sporting mas há também um lance que me suscita dúvidas na grande área do Rui Patrício: Naldo derruba inadvertidamente um jogador do Arouca que me parece aproveitar-se da escorregadela do defesa brasileiro. Confesso que permaneço com dúvidas mas, pelo que já li, a maior parte das opiniões de árbitros é favorável à decisão de Cosme Machado. Aceito a decisão, como aceitaria caso fosse assinalada a grande penalidade que, convenhamos, ainda teria de ser convertida para que tivesse influência no resultado final. No capítulo disciplinar, também me parece errada a expulsão de Naldo, que o afastará do jogo da Taça de Portugal.

Espero que Jefferson recupere a tempo do próximo jogo mas tenho confiança em Jonathan.

No final, mantivemos a distância para os mais directos perseguidores e continuamos firmes e fortes na frente.

Muitos ou poucos, os adeptos fizeram-se ouvir desde o primeiro ao último minuto e ajudaram a empurrar a equipa para a frente. Esta vitória também é deles...nossa!

Dúvidas

Pese embora o facto do Sporting ser um dos primeiros classificados do campeonato português, não tenho a mínima dúvida que a cabeça de Jorge Jesus está neste momento 'a mil' e cheia de dúvidas.

Porque a equipa não segue em crescendo.

Porque perdeu uma das melhores (na verdade, a melhor) individualidades.

Porque aquele que é, assumidamente, o seu primeiro avançado é o que menos rende.

Porque temos vários jogadores em sub-rendimento.

Porque as segundas-linhas ou não têm correspondido ou não têm a mesma qualidade das primeiras escolhas.

Porque o próprio Jorge Jesus tem feito más opções, por vezes nos momentos errados.

Não duvido que, hoje, JJ não é o mesmo homem confiante e seguro do início de época. Tenho quase a certeza que muito do que tem sido feito foi questionado e ainda bem que assim é.

Assumo que Jesus tem as suas preferências para o modelo de jogo que preconiza e que tem sido difícil prescindir de alguns elementos por achar que são os melhores, mesmo que no campo estes não correspondam

Em última instância, diria que Jorge Jesus possa estar a ser algo teimoso.

Jefferson atravessa um momento de forma miserável.

Está difícil descobrir quem será o melhor par para o meio campo e o regresso de William traz mais dúvidas que certezas.

Ruiz está lento de processos e demasiado previsível.

Na frente, Slimani é o favorito mas o trabalho de desgaste do argelino e a sua entrega não parecem suprir as lacunas do seu jogo ofensivo. Além disso, mostra-se pouco eficaz e, a verdade, é que nenhum parceiro parece assentar-lhe que nem uma luva, começando a ser útil questionar se o problema não será dele. Neste momento, para além dos colegas de sector, até Mané precisa de menos tempo para marcar e tem a mesma influência em lances de golo.

Assim sendo e não colocando nunca de parte o objectivo para o jogo de amanhã que, naturalmente, passa pela vitória e pelo amealhar dos três pontos, isto seria o que eu faria com aqueles que Jesus convocou.

Devo apenas dizer que acho que o onze testado não deve ser mais uma revolução mas sim um verdadeiro teste para domingo.

Patrício nem é questão. É ele e mais dez!

Tendo em conta que não há ainda um indiscutível à direita, a minha opção seria Esgaio. Porque ataca melhor e porque o jogo de domingo é em casa.

Se Ewerton estiver em condições físicas, deve formar dupla com Naldo. Se a sua chamada apenas se deve à indisponibilidade de Paulo Oliveira, que jogue Tobias.

Jonathan tem de ser titular. Jeff tem sido um sonâmbulo a defender e uma nódoa a atacar.

Se William está em condições, deve jogar e, atendendo ao momento de forma, mais do que às características, Adrien Silva é o único com capacidade para suportar um William a ganhar ritmo.

Gelson tem sido opção consistente e é para manter. Não é tempo de lhe retirar confiança.

Ruiz deve dar lugar a Mané que, pelo menos, é mais rápido e define melhor na hora de visar a baliza. Além disso acho útil explorar o entendimento de Mané com Montero.

Como já perceberam, Montero tem de jogar. Porque é aquele que menos tempo precisa para encontrar o golo e porque é o mais inteligente e mais dotado tecnicamente. No fundo, porque é o nosso melhor avançado.

Mesmo que Teo não pareça estar no melhor momento de forma, acho que está por testar o seu entendimento com o compatriota.

Boeck, João Pereira, Ewerton, Aquilani, Matheus, Ruiz e Slimani iriam para o banco, tendo o argelino a tarefa que melhor lhe assenta, a de 'abre-latas', no caso do jogo pedir um jogo mais directo. Matheus, seria o desequilibrador que faltou no Bessa e que, na bancada, se viu impossibilitado de dar o seu contributo.

Claro que não é isto que eu penso que Jesus fará mas é aquilo que, à luz do que tenho acesso (pois não treino com os jogadores), me parece o melhor para a equipa.

Escolha quem escolher, espero um resultado e uma imagem diferentes daquilo que mostrámos em casa, frente aos russos.

Análise a Naldo

Sinceramente, não conheço o Naldo. Nunca o vi jogar nem sabia da sua existência. Esta é a mais pura das verdades.

No entanto, fui ver uns vídeos das últimas 3 épocas.

No Brasil, fez uma boa época em 2012, que lhe valeu o passaporte para a Europa. Rápido, bom tempo de entrada, rijo e pouco faltoso. Bom jogo de cabeça e posicionamento razoável mas...o Brasil não é a Europa. Previ logo problemas no controlo da profundidade e no posicionamento defensivo.

Os vídeos da época passada comprovam-no. No entanto pareceu-me com clara falta de confiança e desmotivado e, talvez por isso, não tenha conseguido explanar todo o potencial demonstardo no Brasil.

Espero que Jorge Jesus (que o conhece) possa reabilitá-lo e devolve-lhe a confiança que parece ter perdido.

Dar-lhe-ei o benefício da dúvida e entregarei todo o meu apoio.

Segue a análise do site GoalPoint que tenho partilhado a cada nova contratação (original AQUI).

Após a sucessão de nomes alinhados como futuros centrais para o Sporting CP, o anúncio da contratação de Naldo (Edinaldo Gomes Pereira) por parte dos “leões” poderá surpreender alguns, mesmo que, inicialmente, os mais distraídos possam ter confundido o nome com o “outro” Naldo, o central brasileiro (goleador) do Wolfsburg, que defrontou precisamente os “verde-e-brancos” na Liga Europa na época passada.

O PERFIL

Prestes a fazer 27 anos, a 25 de Agosto, Naldo cumpre os requisitos de experiência traçados por Jorge Jesus para a posição. O 1,88m de altura e 80kg de peso conferem-lhe também a envergadura que já era possível perceber que os “leões” procuravam noutros nomes aventados (e ainda não afastados), como Douglas. Mas para lá disso, que futebol apresenta Naldo?

A CARREIRA

Naldo alinhou na época passada no Getafe, na Liga espanhola, por empréstimo da Udinese de Itália, clube com o qual, apesar de ter contrato deste 2013, realizou apenas 16 partidas. Essa é uma particularidade da carreira de Naldo: desde 2009, a fase em que a sua carreira profissional arrancou em definitivo, o brasileiro teve contrato com três clubes (União de São João, Granada e Udinese) mas jogou em cinco emprestado (Ponte Preta, Grémio, Cruzeiro, Bologna e Getafe). Falhada a passagem por Itália, foi precisamente a época passada aquela em que, ao serviço do Getafe, realizou mais jogos, números que analisamos na infografia anexa, numa comparação com o desempenho de outro central brasileiro que, quando contratado, não inspirou elevadas expectativas, o benfiquista Jardel. O comparativo exigente serve-nos sobretudo (como sempre sucede nestas análises GoalPoint) para melhor enquadrarmos os números, já que para lá das Ligas diferentes os atletas alinharam por equipas com argumentos e objectivos totalmente distintos, com impacto evidente no desempenho individual e colectivo.

…E O FUTEBOL

Os números de Naldo são os expectáveis num central que alinhou numa equipa “pequena”: eficácia de passe baixa para um central, participação inexistente no jogo ofensivo (0 assistências e apenas 1 passe para ocasião) e, por outro lado, números mais generosos nas intercepções e alívios. Ainda assim existem variáveis que sugerem preocupação, tal como a média pouco impressionante de duelos aéreos ganhos (tendo em conta a estatura do defesa) e a baixa percentagem de desarmes realizados com sucesso. Naldo não será responsável solitário pela permeabilidade defensiva do Getafe mas não deixa de sobressair o facto de que nos 30 jogos que realizou apenas em dois os espanhóis não sofreram golos, enquanto que, sem Naldo em campo, o Getafe registou “três folhas limpas” em… oito encontros.

Outro número desanimador num central com a envergadura de Naldo é o fraco registo de remates (apenas seis e um único enquadrado em toda a época) mas que confere com os indicadores da sua carreira: em 152 partidas marcou apenas sete golos o que permite concluir que, por exemplo, as subidas ofensivas nas bolas paradas não serão um ponto forte do seu jogo.

OS “LEÕES” FICAM POR AQUI?

Se somarmos os números pouco vistosos às naturais dificuldades de adaptação de um central de equipa pequena a um futebol de candidato, é legítimo suspeitar da probabilidade de Naldo constituir a solução prioritária que o Sporting procura para o eixo defensivo. E mesmo que Jorge Jesus deposite em Naldo elevadas expectativas, arriscamos a previsão de que o Sporting não ficará por Naldo no que respeita ao reforço do centro da sua defesa, um dos poucos – senão o principal – problemas que afastou os “leões” de voos mais altos na época passada.

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