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Grande Artista e Goleador

O "emagrecimento" do plantel: Ryan Gauld

Depois de Iuri Medeiros e Francisco Geraldes, chegou a vez de ver se os números Ryan Gauld comprovam também que é uma alternativa mais válida do que as que temos neste momento no plantel.

José Couceiro usou Gauld como "10", no apoio directo ao ponta de lança. No modelo de Jesus não há um "10", por isso resolvi comparar o escocês com três jogadores que fizeram a posição de 2º avançado.

Deixei de fora Castaignos, pois só tem 60 minutos no campeonato. André, embora seja mais um ponta-de-lança do que um segundo avançado, já jogou algumas vezes ao lado de Bas Dost.

Vejamos:

Ryan Gauld.png

Fez bem a Ryan Gauld o tempo que passou na B a jogar a "8". Não perdeu as suas capacidades inatas e ganhou uma agressividade e capacidade defensiva que não possuía.

As estatísticas não mentem. No geral, Gauld suplanta os números de André e Markovic e rivaliza bem com os de Alan Ruiz, que domina em absoluto as estatísticas ofensivas. É o argentino quem mais remata e dá a rematar (Gauld iguala o número de passes para ocasião por jogo - 0.8), contudo, nem ele nem Gauld têm qualquer golo marcado, ao contrário de André e Markovic (1 cada).

 

Gauld é, de todos, o que mais passes faz por jogo, fruto de uma maior procura pela posse de bola (característica que Alan Ruiz também possui).

No plano defensivo, o escocês mostra porque está bem mais perto de nos dar aquela capacidade de pressão e recuperação de bola em zonas adiantadas que o modelo de Jorge Jesus tanto precisa para ser eficaz. Gauld tem mais do dobro das acções defensivas dos três "rivais" e parece-me claro que poderia acrescentar mais do que têm feito André, Markovic ou Castaignos.

 

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Preparar o futuro com garantias para o presente

Com os empréstimos de Palhinha (felizmente regressado), Francisco Geraldes e Gauld esta temporada podemos estar aqui a perpetuar algo que, sendo bom, muito bom mesmo, pode vir a tornar-se um problema a curto prazo.

Acredito que William e Adrien estarão com muita vontade seguir os passos de João Mário e experimentar outros campeonatos. A não inclusão dos três jogadores que referi no plantel desta época atrasa a integração dos mesmos, com vista à sucessão natural dos dois craques do nosso meio-campo.

 

Felizmente, Palhinha está de regresso e fará até final da época o "estágio" que lhe pode permitir atacar a próxima como titular indiscutível, podendo finalmente proporcionar a William o contrato e a experiência que, creio, o luso-angolano tanto espera.

Saber jogar com este timing é saber conjugar expectativas e objectivos com o futuro do nosso clube.

Caso Francisco Geraldes e Ryan Gauld se mantenham fora dos planos, tudo levará a crer que Adrien adiará o "sonho" para que este seja proporcionado a William. Nada contra, até porque Adrien é mesmo o mais difícil de substituir e Elias não é claramente o jogador ideal.

 

Vender William no verão, integrando no plantel Francisco Geraldes e Ryan Gauld permitirá mais uma época de resultados financeiros e segurança na capacidade de lutar por objectivos desportivos.

Ser campeão esta temporada facilitaria ainda mais a integração de todos e retiraria alguma da pressão sobre o rendimento imediato dos nossos jovens.

 

Confio em quem nos dirige para comandar com pinças todos estes processos, pois não podemos desperdiçar o talento dos nossos jovens. E, para além destes, há mais, parte deles estiveram nesta pré-época e, na próxima, voltarão com mais vontade e mais condições de mostrar valor.

 

Sim, porque o que lhes foi oferecido este verão foi um presente envenenado, uma oportunidade limitada.

Com a impossibilidade de atacar a pré-temporada com os melhores, os miúdos foram postos à prova sem a cobertura e segurança necessárias à sua afirmação ou simplesmente a dar nas vistas. Com os campeões da Europa de férias, foram os flops do mercado de transferências a fazer o papel dos melhores jogadores do plantel, e até alguns dos jogadores mais experientes e com qualidade pareceram banais sem o apoio do nosso núcleo duro.

 

Não me esqueço de ver os nossos extremos lançados com um meio-campo composto por Petrovic e Bryan Ruiz ou de Barcos ser a principal referência do ataque, enquanto se resguardava Slimani com vista à sua saída.

Tudo isto prejudicou muito Palhinha, Podence e Iuri, já que Ryan Gauld nem na pré-época teve a oportunidade de jogar (agora, pensando bem, talvez tenha sido o melhor, dadas as circunstâncias).

A pré-temporada serviu para passar um atestado de incompetência aos nossos jovens. Para muitos se alhearem das circunstâncias apontando-lhes o dedo e dizendo que não estavam prontos. Hoje, podiam já ter crescido no lugar de jogadores que não têm correspondido, como por exemplo, Petrovic, Elias, Meli, Markovic, Castaignos ou André.

Sim, todos estes, nem a jogar com os melhores do nosso plantel mostraram valor mas ainda há muito quem seja condescendente com eles e duro com o facto dos "nossos" não terem correspondido em Julho.

 

Não vou dizer que todos deviam regressar agora, até porque nem sempre são benéficas muitas alterações em Janeiro. Palhinha regressou e é natural que Petrovic acabe por sair. Ryan Gauld e André Geraldes foram retirados de Setúbal e, pese embora todos os rumores relativos à dificuldade em se desvincularem dos sadinos, creio que acabarão novamente emprestados, embora não fosse de descartar a sua colocação nos lugares de Meli e João Pereira, até porque Schelotto está lesionado e Esgaio é o único apto para a posição.

Pensar nas palavras com que iniciei este texto pode ser importante para o futuro dos jogadores e do próprio Sporting. Não convém desperdiçar talento, ainda para mais no qual investimos milhões para o potenciar durante o processo formativo.

 

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