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Grande Artista e Goleador

E renovação de Santos e o futuro do futebol português

Fernando Santos renovou o seu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol até ao Europeu de 2020. Nada mais justo para aquele que foi o primeiro treinador a levar uma equipa ao título de campeão da Europa de selecções 'A'.

 

Nunca as condições foram tão boas para construir algo ainda maior do que aquilo que acabámos de alcançar. A forma como Portugal se transformou no novo campeão Europeu e a desconfiança praticamente unânime por essa Europa fora, fará com que continuemos a gozar de um estatuto de outsider nas competições vindouras. Esse estatuto não aumentará assim as nossas responsabilidades para com o exterior, podendo assim Fernando Santos concentrar-se única e exclusivamente e manter o foco, a exigência e a motivação interna, da mesma forma que tão bem controlou estas componentes em França.

 

A juntar a isto, temos a facilidade de renovação da equipa principal. Os jogadores em 'fim de ciclo' são mais ou menos óbvios e temos muitas e boas soluções para os substituir.

 

Não nos esqueçamos que, actualmente, Portugal é campeão da Europa de sub-17, joga hoje o acesso à final do Europeu de sub-19, é vice-campeão da Europa de sub-21 e campeão Europeu absoluto. Fora estes grupos de jogadores de qualidade, há ainda um leque alargado de opções que podem ainda ser-nos úteis. Arrisco dizer que em cada escalão há uns 30 jogadores prontos a manter o nível hoje alcançado por Portugal no futebol Europeu de selecções. Incrível como é que um país como nós apresenta este domínio no futebol de selecções Europeu.

 

Este pode também ser o momento certo para que a FPF não trave a evolução dos jovens jogadores Portugueses, que tanta qualidade têm mostrado. Só há uma forma de garantir um leque maior de opções no escalão máximo, potenciando assim ainda mais as nossas possibilidades de sucesso. Privilegiar o acesso do jogador Português ao principal escalão português e, se isso pode não ser permitido devido às regras de livre circulação na UE, pode sê-lo em forma de incentivo financeiro aos que mais apostem na evolução do jogador Português.

Recordo que Portugal dá estatuto de igualdade a jogadores provenientes de países de língua Portuguesa, tornando assim um Brasileiro 'igual' a um Português no contexto do futebol nacional, algo que prejudica claramente a aposta no jogador nacional, até pelas 'jogadas' de empresários na caça às tão famosas comissões de intermediação de jogadores estrangeiros, grande parte deles vindos da América do Sul e, naturalmente, com o Brasil como privilegiado. Não sendo possível limitar legalmente o número de estrangeiros, incentive-se a utilização dos Portugueses que, como ficou provado acima, em nada ficam a dever aos outros.

 

Temos portanto neste momento um cenário quase ideal para passarmos de crónicos underdogs a uma potência efectiva do futebol Europeu, potenciando resultados e conquistas.

 

Estou muito curioso por aquilo que poderão ser os próximos dois anos e, tenho a certeza que o Sporting continuará a ser um importante aliado da FPF naquilo que é a potencialização e desenvolvimento dos maiores talentos do país.

 

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A ver se hoje é o dia

Enxovalharam-nos, maldisseram-nos, vilipendiaram-nos. Disseram que não somos merecedores do lugar na final, insultaram-nos e afirmaram que o nosso futebol não justifica o título que só nós e os franceses disputaremos.

 

Sim, os franceses fizeram-no mas não foram os únicos. Um pouco por essa Europa fora, muitos o manifestaram. "Portugal não presta, não joga nada e não deve estar na final", disseram eles.

 

No entanto, lá estamos. Chegámos lá por mérito próprio. Sem brilho mas com brio. Sem espectáculo mas com entrega. Sem um futebol bonito mas jogado em equipa.

 

Sim. Uma equipa é aquilo que Portugal demonstra ser. Um grupo de jogadores unido, solidário, coeso e conduzido por uma liderança forte.

 

Podem colar-se a Fernando Santos todos os defeitos naquilo que á a nossa proposta de jogo mas nunca a sua liderança poderá ser questionada. Um líder que desde o primeiro dia assume ambição. Um líder que desde o primeiro dia acredita em si e nos seus. Um líder que crê que as suas ideias podem levar a equipa ao sucesso deve ser respeitado e elogiado.

 

Sim, jogamos pouco. Sim, temos um futebol pouco atractivo. Sim, jogamos nos equilíbrios e na expectativa. Não, não temos um modelo de jogo ofensivo e de posse. Assumimos a nossa posição e esperamos o erro do adversário para o 'matar'. Temos qualidade para o fazer e individualidades prontas a sacrificar-se para aparecer apenas no momento certo.

 

Por falar em individualidades... Impossível ignorar o outro líder. Aquele que dentro de campo se tem assumido, sacrificado, lutado em prol dos objectivos da equipa. Cristiano Ronaldo é hoje um verdadeiro capitão. Assume-se, como sempre, mas fa-lo também pela equipa. Mostra que confia nos colegas, incentiva-os, repreende-os mas luta com eles, lado a lado.

 

Sente-se entre todos uma comunhão sincera, uma união verdadeira e um espírito de grupo fantástico. Tudo o que já tínhamos em 2004 mas onde nos faltou a capacidade para atenuar a euforia. Foi o excesso de confiança que nos 'matou', o pensar que estava no papo. Não será isso que nos tirará o troféu este ano. 

 

A França, tendo jogadores de grande qualidade, não é, tal como Portugal, das melhores equipas a jogar futebol neste Euro. E também lá está. São, na verdade, equipas com algumas semelhanças e que, acredito, se vão respeitar muito dentro de campo. Os franceses acham que está no papo. Deschamps, estou certo que não acha o mesmo e não vai abrir o jogo frente a um Portugal, que afinou o processo defensivo no decorrer do Europeu.

 

Sim, começámos mal mas, se mesmo assim tivemos a felicidade de passar a fase de grupos, não nos faltou também a inteligência e perspicácia para entender o que estava menos bem. Mudámos e melhorámos. Defendemos de forma mais compacta, somos mais seguros no meio-campo e partimos melhor para o contra-ataque. Mudámos algumas peças que se têm revelado vitais e depois...há Ronaldo. E com Ronaldo em campo tudo é possível, até saltar a 80 centímetros do chão para, de cabeça, furar as redes adversárias.

 

Hoje, Portugal parará em frente a um televisor para ver se é o dia. Hoje finalmente festejaremos ou voltaremos a chorar, como no passado. Eu prefiro acreditar que podemos ser felizes e estou seguro que trabalharemos em campo para isso.

 

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A união faz a força

Já aqui aflorei as coisas que não me agradam nesta equipa portuguesa mas também já tive a oportunidade de manifestar aquelas que acho que são as nossas forças.

 

É inegável que o modelo de jogo de Fernando Santos é básico. Espera por momentos de génio das individualidades em vez de as potenciar. Joga um futebol nada compatível com o nosso talento mas que tem sido surpreendentemente eficaz, muito pela sorte dos adversários que nos têm calhado nesta caminhada até à final.

 

Mas, inacreditavelmente, esta equipa uniu-se em torno de um objectivo, reforçado com uma união extrema. Guiados de forma sublime pelo carisma e liderança de Cristiano Ronaldo, é essa união em torno do capitão que parece abafar as limitações tácticas da nossa proposta de jogo.

 

Claro que muito do mérito desta união pertence também ao treinador que, pese embora a ideia de jogo que apresenta, teve a sabedoria de escolher um grupo de jogadores pronto para ir para a 'guerra' disposto a lutar pelo seu general, colocando em prática as suas ideias, mesmo que estas fossem a antítese daquilo que é o futebol praticado por Portugal nas últimas quase duas décadas. Além disso, fez aquilo que mais nenhum seleccionador fez neste Euro. Usou todos os 20 jogadores de campo, demonstrando que confia em cada um dos que escolheu.

 

Há várias formas de chegar ao sucesso e falta apenas um jogo para comprovar que a fórmula de Santos tem carimbo de marca registada.

 

Uma coisa é certa: ele (e o resto da comitiva) só voltam mesmo no dia 11. Resta saber se se cumpre a profecia e serão mesmo recebidos em festa.

 

Portugal e os portugueses já merecem.

 

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Estamos nas meias

É justo fazer uma referência histórica: em 7 presenças em campeonatos da Europa, esta é a 5ª vez que atingimos as meias-finais. Quatro delas neste novo milénio (2000, 2004, 2012 e 2016).

Não somos um país com a densidade populacional de outros mas temos uma qualidade ímpar no futebol. Ninguém na nossa condição apresenta esta consistência de resultados.

 

A verdade é que jogámos pouco. Mais uma vez fizemos uma exibição menos conseguida.

A Polónia revelou-se uma equipa mais fraca que a Croácia e só marcou um golo porque soube aproveitar um erro individual que resultou num desposicionamento geral de toda a linha defensiva. De resto, não conseguiram importunar Rui Patrício, tal como Portugal pouco importunou Fabianski.

 

Nunca uma equipa chegou às meias-finais sem vencer um jogo em 90 minutos e isso diz muito do nosso 'estilo'. É certo que temos valor individual para jogar melhor em termos colectivos mas não é menos verdade que, adoptado o estilo escolhido por Fernando Santos, não há volta a dar. Não é a meio de uma competição que se abdica da estratégia escolhida para ser bem sucedido, muito menos quando, mesmo que por vezes mal executada, esta resulta.

 

Dificilmente alguma equipa poderia almejar o sucesso jogando com dois avançados que são extremos e dois médios-centro adaptados a médios-ala e nós temos contrariado isso. E temo-lo conseguido sobretudo porque, faltando tudo o que já referi, há entreajuda, união, espírito de conquista e uma pontinha de sorte.

Tudo isto aliado a um conjunto de jogadores talentosos que, sabendo que não terão muito mais oportunidades para vencer um campeonato da Europa, estão dispostos a sacrificar-se em prol do colectivo. Sobretudo Nani e Cristiano Ronaldo, que têm sido inexcedíveis, cumprindo como podem funções que não são as suas, rendendo menos por esse motivo e mesmo assim tendo capacidade para ajudar o grupo com o seu talento. Quaresma, outro dos virtuosos, também tem sabido colocar-se ao dispor, em prol de um bem comum, que pode fazer desta geração a mais bem sucedida de sempre do futebol português.

 

João Mário não tem mostrado o jogador que é (foi frente à Hungria, com funções próximas das que habitualmente desempenha que melhor se mostrou) e é mais um que, defensivamente, tem cumprido com aquilo que são os equilíbrios do meio-campo. Meio-campo onde se têm destacado William e Adrien (e que falta fará William no próximo jogo).

 

Depois, a surpresa que é ter Renato Sanches, um box-to-box, como o maior agitador do nosso jogo. Uma estranha 'forma de vida' que lhe dá nesta estratégia um protagonismo que não teria com um modelo de jogo mais ofensivo e de ataque organizado e continuado. Quando se esperava que os momentos de maior imprevisibilidade surgissem dos pés de Ronaldo e Nani, é Renato que aparece a desequilibrar as defensivas contrárias. Erra muito (sobretudo no passe, porque arrisca demais), mas insiste. Tem algo que só os bons têm: persistência e confiança. Mas tem de melhorar muito a sua prestação defensiva se quer cumprir o que promete. São inúmeras as vezes que se abstém de defender, colocando colegas em dificuldades, obrigados a defender em inferioridade numérica. Marcou um bom golo, numa acção em que é competente, mas onde todas as posições perecem trocadas. Um movimento tão natural em Nani e Ronaldo, tem de ser efectuado pelo Renato apenas porque não temos um ponta-de-lança em França (o Éder não conta).

 

Depois, Pepe. Está a fazer um Europeu de grande nível, sobretudo nesta fase a eliminar. Melhorou muito o seu posicionamento com a presença de José Fonte, que me parece domesticar melhor a impulsividade do luso-brasileiro. Ontem foi imperial e o melhor em campo, a léguas de todos os outros.

 

Há outra coisa que tenho de referir. Por mais incrível que pareça a estratégia de Fernando Santos, denotando ambição desmedida com tão fracos argumentos tecnico-tácticos, os jogadores parecem começar a acreditar verdadeiramente que podem ser bem sucedidos desta forma. E este é o nosso maior trunfo neste momento. Jogadores de topo mundial acreditam que podem ter sucesso jogando como underdog e estão dispostos a passar despercebidos para fazer de Portugal campeão europeu.

 

Por fim, a frieza. A frieza e a qualidade de todos quantos converteram em golo a sua grande penalidade e de Rui Patrício, que fez aquilo que tantas vezes o vemos fazer no Sporting. Defendeu um dos penaltis e eu gritei: "RUUUUUUUUUUUUI". Aposto que muitos de vós também. A verdade é que a defesa de Rui Patrício é impressionante e não mereceu o destaque que lhe devia ter sido dado.

 

 

Estamos nas meias e, citando o nosso Cristiano Ronaldo, "agora tudo é possível".

 

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E a selecção?

Ontem vi o jogo da selecção nacional. Não que não tenha dado uma olhadela no jogo com a Noruega mas ontem era um teste mais sério e queria ver com o mesmo desprendimento de ultimamente (infelizmente, pois sinto uma certa nostalgia de quando vibrava com a equipa das quinas) mas com maior atenção. Queria aferir as nossas reais possibilidades no Euro, sobretudo quando chegarmos às fases a eliminar.

 

Depois, havia o aliciante extra de ouvir a comentar alguém que realmente percebe de bola, em vez do Dani ou outro qualquer do lote de 'invisuais' que pululam na TVI. Jorge Jesus comentou em directo o jogo frente à Inglaterra e, no seu estilo e de forma sábia e subtil, deu a sua opinião sobre o nosso modelo de jogo e dinâmica.

 

JJ constatou aquilo que só alguém com as suas competências diria. Portugal defendeu como equipa pequena (mesmo 11x11) e praticamente não atacou. O nosso processo ofensivo foi inexistente e limitou-se sempre à esperança num ou outro rasgo individual, primeiro de Nani e depois de Quaresma (que quase fez mais um golo de antologia).

 

Portugal não rematou enquadrado uma única vez e acabou por sofrer um golo numa 2ª bola que Patrício socou (e bem) para fora da área mas onde a nossa defesa não foi lesta no ataque à bola 'perdida'. Pior, os 10 jogadores que praticamente nem da área saíram deixaram o inglês cabecear sem qualquer oposição.

 

Nem o resultado se salvou e Jesus, para além de, subtilmente, dar sinais de pouca esperança na dinâmica do modelo de Fernando Santos, não deixou de elogiar a formação do Sporting e criticar, com alguma graça, o jogo de cabeça de William Carvalho. 

 

Neste momento já toda a gente percebeu porque Renato foi convocado. Há que aproveitar os amigáveis para somar internacionalizações pois o único dinheiro que o Benfica ainda pode ver, relativo à sua venda, vem precisamente daqui. Quando começar a sério, jogarão os melhores e, mais uma vez, deu para perceber que Renato não é um deles. O seu estilo e a propaganda beneficiam-no e colocam sobre ele as luzes da ribalta mas o espectador mais atento vê a sua movimentação e posicionamento, por exemplo, no golo da Inglaterra e fica convencido (isto aconteceu várias vezes em jogos do Benfica, nomeadamente na Champions).

 

Agora, em traços gerais, concordo com Jesus. O nosso processo e dinâmica ofensiva não existe e tenderá ainda mais a individualizar-se com Ronaldo em campo. Fernando Santos teve com a Noruega e terá com a Estónia a possibilidade de testar um modelo alternativo mas não o fez (e duvido que o faça). Teimou neste novo modelo que só funciona com CR7 em campo e que nunca pode ter como avançados Nani e Rafa. O nosso processo defensivo é 'à grega', pouco dinâmico, demasiado expectante e com muito homens atrás da linha da bola.

 

Claro que tudo isto se modifica com o melhor Ronaldo em campo. Mas...e se o melhor Ronaldo não 'fôr' a França?

 

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Os convocados para o Euro

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Não foram muitas as novidades nos escolhidos de Fernando Santos para o Europeu de França que se inicia no próximo 10 de junho.

O lote de guarda-redes não surpreende. Aos já esperados Rui Patrício e Anthony Lopes junta-se Eduardo, que ultrapassou Beto, talvez prejudicado pelas lesões recentes.

Na defesa não há novidades. Ao quarteto de centrais experientes (Ricardo Carvalho, Pepe, Bruno Alves e José Fonte) juntam-se Cédric, Vieirinha, Eliseu e Raphaël Guerreiro. Eu teria levado Antunes, um lateral com características semelhantes a Eliseu, titular no actual campeão ucraniano que, a meu ver, dá mais garantias defensivas.

No meio-campo surge a única novidade da convocatória. A presença de Renato Sanches surpreende porque deixa de fora jogadores como Pizzi (mais adequado para substituir Bernardo Silva) ou André André (que daria mais versatilidade ao nosso meio-campo) e é, a meu ver injusta para os referidos e incompreensível na óptica das necessidades da selecção. Assim, vamos para França com 3 trincos (William Carvalho, Danilo Pereira e Renato Sanches), 3 médios de transição (Adrien Silva, João Moutinho e André Gomes) e um médio criativo ou um 10, se assim preferirem (João Mário).

Na frente, o esperado. Aos consagrados Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma e Nani, acrescenta-se a qualidade de Rafa Silva e à falta de um avançado, vai Éder, como tem ido quase sempre, embora ninguém perceba a sua utilidade. Não sei se mais valia aproveitar o regresso de Postiga, que sempre faz de 'pino' com mais qualidade.

Resta esperar pelo início dos jogos de preparação para perceber a disposição táctica da equipa, que deve assemelhar-se à apresentada nos últimos jogos particulares.

Desejo um grande campeonato da Europa e que ninguém volte lesionado.

 

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Desabafo

Dou por mim a ver os jogos da selecção com indiferença. Às tantas, até vou jantar e deixo o puto ver os bonecos.

Bem sei que, hoje, muitos são os que já não passam cartão àquela que, em tempos, era a equipa de todos nós. Alguns vão mesmo mais longe e já desejam que perca.

A verdade é que não vejo os jogos da selecção com a atenção, a paixão e o fervor de outros tempos.

Ainda não desliguei por completo porque tenho em mim uma costela patriótica que me diz que a imagem que passa do país não é a melhor, nem para dentro, nem para fora.

Bem sei que, no geral, a imagem de Portugal é má, tanto cá como no estrangeiro e, talvez seja precisamente por isso, que me incomoda que o futebol, das poucas coisas que nos tem prestigiado lá fora (bem sei que posso estar a ser injusto para com outras áreas, como a ciência ou a medicina que, infelizmente, não têm o mediatismo do desporto rei), passe esta imagem acabada e triste.

E isto acontece porque não temos treinador (apesar de, na prática, lá estar um), porque as escolhas são totalmente questionáveis e os favores demasiado óbvios.

Confesso que fui dos que até apoiou a contratação de Fernando Santos (pelo menos dei-lhe o benefício da dúvida). Porque me parecia pensar pela sua própria cabeça, não alinhando em esquemas. Porque pensei que podia melhorar o futebol de uma equipa que se vinha degradando nos últimos anos.

Enganei-me!

Fernando Santos é mais um fantoche ao serviço dos interesses da FPF e dos seus 'parceiros'. E que pena que os interesses da FPF não sejam apenas e só prestigiar o país através de um desporto que, por acaso, é o mais visto e praticado no Mundo.

Portugal não tem hoje um conjunto de extraordinários jogadores como tinha há 10 anos mas tem bons jogadores. Só temos um jogador de nível mundial mas dá perfeitamente para construir uma boa equipa à volta dele.

Mas, para isso, é necessário um modelo de jogo que o beneficie, que seja equilibrado e eficaz, de preferência, jogando futebol de melhor qualidade do que o que esta selecção apresenta.

Esta fase de qualificação, pesem embora as vitórias alcançadas (todas elas com exibições sofríveis), tem sido um vazio de ideias e uma nulidade quanto ao nível do futebol apresentado.

E se tem sido suficiente frente a Albânias e Arménias, desengane-se quem pensar que o será frente à Alemanha, a Espanha ou a Inglaterra (isto para não falar de selecções de segundo plano que, embora menos talentosas, trabalham melhor e são mais competentes que nós).

Aquilo que eu vi ontem (a juntar ao que se tem visto sempre) foi um vazio de ideias, um posicionamento defensivo deficiente e um ataque incapaz de fazer mossa na Albânia. Sim, na Albânia! Essa potência mundial que os excelentíssimos comentadores da RTP fizeram questão de enaltecer, como a única equipa invicta do grupo, agora derrotada pelos bravos portugueses, ignorando o facto de não termos jogado nada e de termos ganho com uma sorte do caraças!

Era facílimo trabalhar esta selecção para os próximos 3 anos (onde teremos o Europeu, os Jogos Olímpicos e o Mundial).

Bastava pegar nos mais preparados da selecção vice-campeã da Europa de sub-21, juntar-lhes os melhores e mais bem preparados seleccionáveis e fazer algum trabalho de casa.

Tudo isto, em vez de favores a patrocinadores e empresários e de andar a passear e a brincar às selecções.

Basta juntar os melhores, prepará-los, orientá-los e pedir-lhes que dignifiquem o país, os portugueses e a eles próprios.

Ouvir da boca de quem orienta a equipa pérolas como, "Com esta dinâmica não é fácil pararem-nos", é um atestado da própria incompetência perante tanta gente que neste país percebe de futebol.

 

Depois da demissão, a revolução

Confesso que não esperava tamanha revolução encetada por Fernando Santos, o novo seleccionador nacional. Para já gabo-lhe a coragem de convocar jogadores que estão a jogar nos seus clubes, sem ligar a estatutos e fazendo aquilo que eu faria: convocar aqueles que são os melhores do momento!

Nem vou questionar se estes eram ou não os meus escolhidos, mas constato que alguns dos nomes que já aqui tinha mencionado, constam na lista do engenheiro.

Estes foram os convocados para a dupla jornada que se avizinha, com jogos com a França (amigável) e com a Dinamarca (qualificação):

Guarda-Redes: Rui Patrício; Beto; Anthony Lopes

Defesa Direito: Cédric Soares; Ivo Pinto

Defesa Central: Bruno Alves; Pepe; Ricardo Carvalho; José Fonte

Defesa Esquerdo: Fábio Coentrão; Eliseu; Antunes

Médio: William Carvalho; Adrien Silva; Tiago; André Gomes; João Moutinho; João Mário

Extremos: Vieirinha; Ricardo Quaresma; Nani; Danny

Avançados: Cristiano Ronaldo; Éder

Um dos seleccionados ficará de fora das opções em dia de jogo e arrisco numa das opções para a lateral esquerda.

Os meus destaques vão para as chamadas de Danny (acrescenta inegável qualidade), José Fonte (que já merecia esta chamada), João Mário (é de aproveitar o seu momento de forma) e Cédric (finalmente alguém com coragem de o chamar). A minha surpresa para os regressos de Ricardo Carvalho e Tiago, que já não julgava que fossem chamados, mas podem ajudar com a sua experiência e ainda jogam ao mais alto nível.

Espero que possamos iniciar esta nova fase com Fernando Santos da melhor forma e, para isso, nada melhor que uma vitória na Dinamarca, por forma a recuperar do desaire em casa com a Albânia.

Fernadoooo, Fernadoooo

Bem, já temos seleccionador desde anteontem, mas só hoje resolvo abordar o tema. Porquê? Porque, na verdade, mesmo tendo passado dois dias desde o anúncio do novo seleccionador nacional, não consigo dizer grande coisa, nem consigo sentir-me entusiasmado. 
Espero que o Vasco Palmeirim tenha razão e que o Adrien, o Quaresma e outros tenham, de facto, razões para sorrir. Veremos...

Deixo-vos com o divertido momento do dia de ontem, que testemunhei em directo, ao volante da minha viatura e que me fez sorrir logo pela manhã.

Boa sorte ao engenheiro!

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