Enquanto por cá se tenta desvalorizar William Carvalho, lá fora há quem lhe dê o devido e real valor.
A análise é de Josh Ashdown, após o jogo com a Alemanha e eu vou tentar traduzir, para que todos a ela tenham acesso (se alguém com melhor entendimento do Inglês do que o meu detectar erros graves, que se chegue à frente).
"Houve um momento - bem, na verdade foram vários, mas um sobressaiu - no Estádio Andruv, sábado à noite, que resumiu o domínio absoluto de William Carvalho sobre o meio campo da Alemanha na humilhação dos favoritos por 5-0, aos pés de Portugal. A bola caiu perdida a meio do meio-campo português. Dois alemães caíram sobre ela mas, em apenas dois passos, o jogador do Sporting bateu ambos como que esmurrando-os. Uma ligeira oscilação depois e os dois jogadores de branco estavam sobre a relva, os seus desarmes tinham desaparecido no ar e Portugal estava a caminho de um novo contra-ataque.
Num Campeonato da Europa de Sub-21 onde as performances colectivas se têm sobreposto às individuais, Carvalho e o seu colega de equipa Bernardo Silva, dois diamantes diferentes no meio-campo português, têm sido os destaques individuais. Qualquer onze ideal escolhido após a final de 3ª feira deve ter exactamente o esquema táctico que Rui Jorge usa para a sua equipa.. Fazer outra coisa será subestimar o impacto deste par.
Horst Hrubesch tentou combatê-los jogando com os dois homens que havia colocado no meio-campo defensivo em 4-2-3-1 na fase de grupos - Emre Cam e o jogador do Bayern de Minuque, Joshua Kimmich - como homens mais avançados num 4-1-4-1 mas isso simplesmente serviu para oferecer a Carvalho maior espaço para explanar todas as suas capacidades. O treinador da Alemanha recorreu à sua estratégia habitual na segunda parte mas sem sucesso.
Can, em particular, teve com o jogo um castigo severo. O jogador do Liverpool fez um bom torneio no meio-campo mas a diferença entre ele e Carvalho é abismal. A este nível, Can tem grande presença - está fisicamente um ou dois passos à frente da maioria na sua faixa etária - mas empalideceu perante a do o seu homólogo português, cuja influência é tal que parece ter a sua própria gravidade, passando todo o jogo conformado e curvado perante a sua atracção.
Arsenal e Manchester United foram associados a Carvalho no verão passado, quando este foi chamado à equipa de Portugal para o Campeonato do Mundo do Brasil. Miguel Veloso, João Moutinho e Raúl Meireles inicialmente afastaram-no da equipa mas ele acabou por iniciar o jogo final da fase de grupos, contra o Gana, naquela que acabou por ser a única vitória de Portugal no torneio.
Na altura, ele não escondeu o desejo de jogar em Inglaterra ou Espanha mas a cláusula de rescisão de 45M€ foi suficiente para afastar os pretendentes. Fica evidente neste torneio que era uma pechincha.
Arsenal e United requisitaram credenciais para observar o torneio mas não estão sozinhos - Bournemouth, Aston Villa, Bolton, Brentford, Brighton, Burnley, Charlton, Crystal Palace, Everton, Fulham, Liverpool, Manchester City, Middlesbrough, Reading, Southampton, Stoke, Sunderland, Swansea, Tottenham, Watford, West Ham e Wolves também o fizeram, já para não falar de Milan, Ajax, Dortmund, Atlético Madrid, Internazionale, Barcelona, Bayern de Munique, Juventus, Paris Saint-Germain entre muitos outros grandes clubes da Europa.
É impossível que não tenham ficado impressionados. Carvalho, que na fase de grupos cobriu mais terreno do qualquer outro jogador, mesmo que às vezes não pareça forçado a mais do que uma simples corrida, eclipsou não apenas Can e Kimmich em Olomouc mas também Johannes Geis, que entrou no torneio com uma reputação crescente, e Max Meier, o substituto de Geis ao intervalo.
Pierre Hojbjerg, que espera fazer parte da equipa principal do Bayern de Munique, de Pep Guardiola, na próxima época, falhou miseravelmente a tentativa de se impor na meia-final em que a Dinamarca perdeu frente à Suécia. Há um extraordinário médio neste torneio e é o nº6 de Portugal.
O único rival do jogador de 23 anos pelo prémio de melhor jogador do torneio é o seu colega de equipa. Depois de ver limitadas as suas opções no Benfica, Bernardo Silva foi contra o fluxo geral de saídas do Mónaco e chegou ao Estádio Loius II por 15.75M€, em Janeiro. Enquanto Carvalho fornece um controlo elegante, sem esforço - fez mais passes do que qualquer outro - Silva é especialista em evitar adversários. Os dois da frente de Portugal jogam quase como extremos fazendo do nº10 essencialmente um pivot atacante.
Quando ele foi substituído cinco minutos após o intervalo, já Portugal tinha quatro golos de vantagem, foi ovacionado de pé por grande parte da assistência neutra. A mudança significou uma troca para algo parecido com um 4-4-2 para a equipa de Rui Jorge, oferecendo a Carvalho a oportunidade de mostrar a sua versatilidade - uma carga do lado direito chamou particularmente a atenção e logo após a hora recuperou mais uma bola perdida e deu três toque antes de disparar por cima da barra onde outros teriam simplesmente avançado desenfreadamente para a baliza.
Se Portugal conseguir ganhar o Europeu Sub21 pela primeira vez, em muito o devem ao homem do Sporting. Independentemente do resultado, os grandes da Europa têm muito em que pensar."
Resumindo, é isto: