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Formado no pelado junto ao antigo Estádio José Alvalade, Marco Almeida tem algumas memórias bonitas desse tempo, apesar de o clube ter vivido dias conturbados, nada fáceis para um jovem central se impor: "O Sporting não ganhava nada há 18 anos, era muito difícil apostar num jovem jogador e já tinha aparecido o Beto... dois centrais jovens era difícil, mesmo assim ainda jogámos juntos alguns jogos e penso que ainda somos a dupla de centrais mais jovem de sempre. Batemos o recorde do Venâncio e do Morato, salvo erro, num jogo com o Feirense (3-2)."
Mesmo com todas as contingências, incluindo a forte concorrência (Beto, André Cruz, Phil Babb, Quiroga, Saber, Marco Aurélio), o central deixou marca em Alvalade. Estreou-se num jogo com a Académica e marcou o golo que deu a vitória à equipa. "O Marco Aurélio e o Beto não podiam jogar e eu e o Nené éramos os outros centrais, mas o Vidigal andava a treinar para baixar no terreno. Fomos para estágio, o Cantatore chamou-me e disse que eu ia ser titular. No final ganhámos 1-0, com um golo meu", lembrou, sem esquecer Octávio Machado e Inácio, com quem foi campeão nacional.
No caso de Marco, foi um "não" ao Benfica que o ajudou a ser campeão: "Estava emprestado ao Southampton... fui contrariado, mas correu bem e passado um /dois meses apresentaram-me um contrato de cinco anos. No Natal, estava em casa e recebi uma mensagem do meu empresário a dizer que havia a hipótese de ir para o Benfica, tinha saído a Lei Bosman e eu ia ficar livre. Mas eu disse que não. O empresário bem tentou, até porque o Benfica ia pagar mais, mas há coisa que o dinheiro não compra, o meu avô iria dar voltas no túmulo. Entretanto passada meia hora ligou um dirigente do Sporting, o Luís Duque, a mandar-me apanhar um avião, no dia a seguir, e regressar ao Sporting. E foi assim que me fiz campeão."
E lembra-se dos festejos? "Recordo-me como se fosse hoje. Nunca vivi nada comparado com aquilo. Aquela equipa tinha um espírito de grupo brutal. A viagem do Porto a Lisboa foi uma loucura, não há palavras que possam descrever o que vi em Alvalade, o estádio e as ruas cheias. Só mesmo tendo passado e sentido aquilo", confessou, ele que guarda a faixa de campeão religiosamente: "É a coisa mais linda que existe depois dos meus filhos."
Artigo da rubrica "O que é feito de si?", da jornalista Isaura Almeida, no DN (link)
Imagens retiradas do facebook de Marco Almeida.
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«O meu compromisso é com o Sporting. Nada me vai desviar disso. Podem falar em todos os clubes e mais alguns, que isso não me afeta. Só penso no Sporting. Não digo isto apenas por ter contrato válido. Digo-o com convicção»
A reportagem em vídeo é acompanhada por um texto que podem ler AQUI.
"Gostava do Sporting. Repare eu jogava no Sporting Farense. Era uma filial. Desde que cheguei a Portugal que gostei logo do Sporting. Estas coisas não se explicam. Aliás, eu já antes de vir conhecia bem o Sporting. Vi muitos jogos do falecido Damas. Ficou-me na memória, o tempo passou e fiquei sportinguista. Eh eh eh."
Zoran Lemajic foi um dos melhores guarda-redes que passaram por Portugal na primeira metade da década de 90. Revelou-se no Farense, onde se chegou como praticamente um desconhecido e saiu com o prémio de melhor da Liga em 1992/93. Passou pelo Boavista, chegou ao Sporting, acabou no Marítimo.
Jogou três finais da Taça, por três clubes diferentes. Conquistou uma. «Na altura era o estrangeiro que tinha jogado mais finais da Taça», conta. Ganhou uma Supertaça ao FC Porto, pelo Boavista. Construiu uma carreira digna em Portugal e ainda hoje é recordado, sobretudo por adeptos do Farense, mas também Boavista e Sporting, onde não descurou.
Em conversa com o Maisfutebol, o atual treinador de guarda-redes do Al-Ahli, do Qatar, recordou os duelos com o Benfica, que quase nunca lhe correram bem: defendeu as redes do Boavista na final da Taça perdida por 5-2 e era ele o guardião leonino no famoso 3-6 de Alvalade. Um dia em que diz ter «voltado a casa tranquilo». «Não tive problemas com os adeptos. É sinal que fiz o que pude», conta.
Ainda a saída de Alvalade com a direção de Santana Lopes que «percebia pouco de futebol» e a experiência no Marítimo onde tinha dado jeito...ser solteiro.
Os números de Lemajic em Portugal
1989/90- Farense (II Liga), sem dados
1990/91- Farense, 38 jogos
1991/92- Farense, 31 jogos
1992/93- Boavista, 23 jogos
1993/94- Sporting, 25 jogos
1994/95- Sporting, 9 jogos
1995/96- Marítimo, 27 jogos
Boa tarde Lemajic. Foram sete anos em Portugal e muitos jogos somados em vários clubes, mas já há muito que não ouvimos falar de si. O que faz por estes dias?
Sou treinador no Qatar. Já é o terceiro ano. Estão aqui alguns portugueses, como o Jesualdo Ferreira. Atualmente sou treinador de guarda-redes do Al Ahli. Finalizei a minha carreira na Escócia e fiquei sempre ligado ao futebol. Primeiro na seleção. Quando comecei ainda era Jugoslávia, depois estive na equipa técnica da Sérvia e Montenegro no Mundial da Alemanha.
Como foi essa experiência no Mundial?
Foi ótima. No apuramento tivemos um grupo muito difícil, que tinha a Espanha, e ficamos em primeiro no grupo. Depois a presença na Alemanha já não foi como esperávamos. Entramos com muitos problemas, coisas fora do futebol. Falava-se mais da separação da Sérvia e Montenegro do que de futebol.
Muita política pelo meio.
Sim, muita. Fica a memória da qualificação, foi a fase mais bonita. E estar no Mundial foi o ponto mais alto da minha carreira de treinador. Um sonho.
Lembra-se como veio parar ao Farense?
Claro. Recebi um convite de um grande empresário que tinha estado ligado ao New York Cosmos. Tinha colocado grandes jogadores da América. Houve então a hipótese de ir a Portugal e fui treinar ao Farense, que estava na II Liga. O Paco Fortes era o treinador. Gostou do que fiz e disse-me que já não ia embora.
Conhecia o Farense?
Praticamente nada. Lia sempre algumas notícias internacionais sobre o futebol português, mas do clube não conhecia nada. Foi uma surpresa ótima, por tudo. O Algarve é uma região fantástica, o Farense tinha uma massa associativa muito boa. Mesmo na II Divisão já havia um projeto forte para subir. Subimos e depois fomos à final da Taça pela primeira vez.
Contra o Estrela da Amadora.
Isso mesmo. Jogamos uma finalíssima na altura, lembra-se? Foi uma experiência muito boa. Tenho o Farense no meu coração.
Como foi trabalhar com Paco Fortes?
Ele era muito duro e muito profissional. Mas também respeitava muito os jogadores e toda a gente. Tornou-se uma figura do clube e do Algarve. Era muito boa pessoa. Era um catalão exemplar. Duro, honesto, direito. Puxava muito pelos jogadores. E depois, claro, é um treinador que tinha jogado com o Cruijff no Barcelona. Depois disso, não era preciso muito mais para ser um grande treinador.
Tinha a escola toda, como se costuma dizer.
Isso. Eh eh eh. É verdade.
Falou da final da Taça que jogou pelo Farense, depois quando mudou de clube voltou ao Jamor pelo Boavista, não foi?
Sim. Agora não sei, mas naquela altura era o estrangeiro que mais jogou finais da Taça. Ainda joguei pelo Sporting também, a única que ganhei. E também ganhei uma Supertaça pelo Boavista. Faltou-me o campeonato.
Mas a Taça era uma competição especial para si?
Não era bem isso. Era sorte, se calhar. As equipas onde jogava queriam sempre ganhar, em qualquer competição. No Farense o objetivo foi andar até onde conseguíssemos. Conseguimos muito e ficamos na história. No Boavista, que na altura era um clube muito forte, com uma direção forte, com o presidente Valentim Loureiro, com planos grandes, o objetivo era claramente ganhar a Taça. Fomos à final e ganhámos a Supertaça ao FC Porto.
A final da Taça que jogou pelo Boavista ficou marcada pela exibição do Paulo Futre.
Muito forte aquele Benfica. O Futre estava endiabrado, mas havia tantos bons jogadores...
O Lemajic não tinha, de facto, muita sorte a jogar contra o Benfica. Além desse ainda há aquele famoso 3-6 quando estava no Sporting.
Pois foi...Claro que não havia muita sorte. Mas há uma parte importante: sofri seis golos e não tive culpa em nenhum. Ainda defendi quatro ou cinco. Aliás, nesse dia fui para casa tranquilo, não tive problemas com a massa associativa. Isso é sinal que fiz um bom trabalho. Fiz o que podia. Só não tive sorte.
Podia ser qualquer um na baliza, não é?
Sim, sim. O João Pinto nunca mais marcou três golos na carreira dele. Naquele jogo marcava tudo. Podia estar lá Dassaev, Buffon, quem fosse...
Aquele jogo marcou-o?
Um pouco. Perdemos por erros individuais e qualquer coisa mais. Ainda me lembro muito bem de todos os golos. Não dá para ter pesadelos, mas é duro. Mas como profissional estamos preparados. Claro que perder com o vizinho não é nada bom, mas isto é o futebol. O Benfica também tinha perdido 7-1 com o Sporting uns anos antes. O futebol é assim, é preciso andar para a frente.
O Sporting tinha, na altura, uma equipa que era, para muitos, a mais forte em Portugal. O que falhou para não terem sido campeões?
Na altura achávamos que ninguém nos ganhava. Éramos uma família, havia uma relação muito boa entre jogadores e treinador. Depois foram pequenas coisas que fizeram a diferença. Em alguns jogos os árbitros não estiveram à altura, também. Não gosto de atirar a culpa para outros, também é verdade que fizemos alguns jogos maus, especialmente então aquele contra o Benfica. Foi quase no fim, foi um jogo que mexeu connosco. Aconteceu assim, paciência.
Houve quem se queixasse das substituições do Carlos Queiroz...
Até hoje, o Carlos Queiroz tem vindo a provar que é um bom treinador. Teve pouca sorte a treinar em Portugal. E no Sporting especialmente.
Antes do Queiroz ainda teve o Bobby Robson. Como foi a experiência?
O Bobby Robson era um senhor do futebol. Acho que naquela altura ainda não tinha percebido bem a mentalidade portuguesa. Entrou em algumas coisas que em Portugal não se aceita. Os portugueses dão valor à honestidade, falar tudo na cara...Acho que ele estava a começar a entender o futebol português, mas já não foi a tempo.
Até porque depois já teve sorte no FC Porto.
Sim e isso não é coincidência. Acho que o sucesso dele no FC Porto se deve muito ao presidente Pinto da Costa. Na altura o senhor Pinto da Costa era uma excelência do futebol, um senhor do futebol. Mandava em tudo, como se diz. O FC Porto sempre teve uma equipa muito compacta, nortenha, rija. Uma família. E com ajuda do presidente, cada treinador que lá chegava podia contar com sucesso.
E a passagem pelo Sporting pode ter ajudado a não cometer os mesmos erros.
Sim, não cometeu, de todo.
Com o Queiroz teve uma disputa mais acirrada pela titularidade com o Costinha. Como foi esse período?
Veja lá, o Costinha tinha vindo comigo do Boavista. Era um jovem com muito talento. Podeira ser um guarda-redes para o futuro do Sporting. Nunca tive qualquer problema com o Costinha ou com qualquer outro colega. Na altura também estava o Paulo Morais e depois chegou o Tiago. Nunca tivemos problemas. Foi uma questão de eu ser mais experiente e eles mais jovens. O treinador no final decidia, mas foi sempre saudável. Excelente relação.
No tempo do Boavista destaca-se, então, a conquista da Supertaça. Como foram aqueles jogos com o FC Porto?
Duas grandes batalhas. Jogos muito difíceis. Ganhámos com mérito. O Manuel José percebia muito bem a mentalidade do Boavista. Conseguiu manter uma equipa muito forte, nesse ano ganhamos três ou quatro vezes ao FC Porto.
Jogou os dérbis do Porto e de Lisboa. São muito diferentes?
A rivalidade é a mesma, mas o Benfica-Sporting é mais grandioso. É mais um Inter-Milão ou um clássico como o Barcelona-Real. No Porto era um dérbi mais da região do norte. Era igualmente duro porque o Boavista batia o pé a todas as equipas.
Alguma vez teve possibilidade de ir para outro clube onde acabou por não jogar?
Antes de ir para o Boavista, o Benfica estava interessado na minha contratação. Como o Manuel José é do Algarve conhecia bem as pessoas do Farense. Gostava de mim, via muitos jogos e chegou-se a frente. Naquele ano o jornal Record elegeu-me o melhor guarda-redes da Liga. Um dia apareceu-me o Manuel José com o presidente Loureiro às 6 da manhã, no Algarve, a dizer que o Boavista queria contratar-me. Depois disseram-me que o Sporting também tinha interesse e a verdade é que no ano seguinte foi para lá.
Na altura tinha preferência entre os chamados três grandes?
Gostava do Sporting. Repare eu jogava no Sporting Farense. Era uma filial. Desde que cheguei a Portugal que gostei logo do Sporting. Estas coisas não se explicam. Aliás, eu já antes de vir conhecia bem o Sporting. Vi muitos jogos do falecido Damas. Ficou-me na memória, o tempo passou e fiquei sportinguista. Eh eh eh.
Até hoje?
Até hoje, até hoje. Garanto.
Tem visto os jogos do Sporting? O que tem achado?
Tento acompanhar. O Sporting de hoje tem outras condições. O estádio novo é mais moderno, não é como a antiga Alvalade. Melhoraram as condições, mas o outro estádio tinha mais espírito, tinha muita coisa. Mas é a evolução das coisas. E o Sporting revela sempre grandes jogadores. O presidente Carvalho tem feito um grande trabalho na direção. Está a dirigir o clube como deve ser. Falta pouco para ganhar o campeonato. Espero que seja já este ano.
E, já agora, o que acha do Rui Patrício?
É um grande guarda-redes. Admiro-o muito. A cada ano que passa está melhor. Está ao nível dos melhores da Europa. Pode comparar-se ao Buffon. Ainda vai dar muito ao futebol português.
Voltando de novo atrás: quando sai do Sporting em 1995 para o Marítimo foi com que objetivo? Jogar mais?
A saída para o Marítimo foi a opção da nova direção do Sporting, do senhor Santana Lopes. É um homem da política que nunca percebeu muito de futebol. Provou-se no tempo. É sportinguista, mas não é a mesma coisa ser político e ser um homem do futebol. Admiro o homem, porque é sportinguista, mas depois não esqueço aquela outra parte, de não perceber muito de futebol. Entendi que a direção não estava a respeitar jogadores que deram muito ao Sporting e decidi sair, sem mágoa, para o Marítimo, que me chamou.
Foi uma boa experiência?
Para mim foi muito diferente. Foi a primeira vez que fui para as ilhas. Foi um pouco duro. Era um homem de família. Precisava de mudar tudo, tanta coisa. Se fosse solteiro era mais fácil. Eh eh eh. A nível desportivo foi bom, fiz um bom trabalho no Marítimo.
Gostava que o Sporting tivesse feito mais força para ficar consigo?
Claro que um sportinguista como eu gosta de estar na casa própria. Mas as pessoas que entraram no Sporting pensaram que era preciso tudo novo. Não tinham conhecimento como as coisas funcionavam verdadeiramente. Achavam que mudar tudo ia resultar, mas não foi assim. Acho bem que se queira meter jogadores novos, mas também não há garantias que vai correr tudo bem e ser campeão no final. Perceberam rapidamente que foi um erro. O Sporting pagou isso.
Para terminar, quem foram os melhores jogadores com quem jogou ao longo da sua carreira?
Ui, tantos...Só no Sporting: Balakov, o jovem Figo, Paulo Sousa. Tantos. Vi nascer o Figo, via-se todo aquele talento a aparecer. Ele, o Peixe, Capucho. Muitos jovens. Tenho uma especial admiração pelo Figo porque sempre foi um rapaz que sabia para onde ia. Sempre foi honesto.
A entrevista é de João Tiago Figueiredo, publicada no Mais Futebol (link original)
Entrevista de Rui Miguel Tovar a "Carmen" Yazalde, para o Observador (LINK), para ler antes de encarar de frente mais um #DiaDeSporting, para conferir na Agenda Leonina (LINK).
Consegues perder os treinadores que têm um modelo muito restrito, como o do Jesus?
Repara, devemos ter a nossa ideia e ele tem uma ideia muito própria de jogo. Só que o problema é que a ideia tem de ser evolutiva. Ou seja, com determinado tipo de jogo conseguimos bons resultados e qualidade de jogo, mas a partir do momento em que começa a entrar em falência... É como um exercício. Tu fazes um exercício numa semana. O exercício é novo e tu enquanto jogador tens de te focar, porque há coisas novas. Na semana seguinte faço o mesmo exercício. Aí já conheces e aquilo até é capaz de dar mais um bocadinho do que na primeira semana, porque já descodificaste o exercício. Na terceira semana voltamos a fazer o exercício. E sabes o que acontece? Começas a sentir que eles já fazem o exercício sem estarem focados. Ou seja, começam a desfocar daquilo porque o exercício é sempre o mesmo. É um bocadinho como o modelo de jogo. Por exemplo, quando estava no FC Porto, olhei para os meus jogadores e pensei "velocidade na frente não tenho". Mas tenho aqui muita gente que gosta de tocar a bola e gosta de tac, tac, tac, são capazes de sair de uma cabine telefónica a trocar a bola. Portanto é criando um jogo que os deixe confortáveis, é nisso que tenho de me concentrar. As minhas ideias continuam lá: um jogo de domínio, um jogo pressionante, um jogo de toque, com bola. Mas o respeito pelas caraterísticas dos jogadores é fundamental. Não posso pedir a um James Rodríguez que me faça diagonais em velocidade porque ele não tem velocidade para isso. Mas posso pedir ao James para que, dentro daquele jogo que eu gosto, me venha fazer de quarto médio, receba entrelinhas e depois se vire para a frente e defina o último passe. Isso posso. Às vezes eu era criticado porque diziam que ele devia jogar a 'dez'. Pois devia, mas os outros três que tínhamos no meio, juntamente com ele que partia de uma posição mais aberta e depois aparecia nas costas da linha média adversária, isso é que fazia a diferença. Só que ver isso não é para todos.
Vitor Pereira, em entrevista ao Expresso (Link para a entrevista completa)
(Cliquem na imagem para aumentar)
Parabéns ao Mister do Café pelo texto!
"Francisco é centrocampista, mas foi na ala esquerda que passou praticamente todo o tempo na jornada transacta.
São incríveis as semelhanças com Bryan Ruiz. Na forma como toca a bola. A cabeça levantada, a condução e o passe assertivo com a parte externa do pé. Dos pés. A pausa que coloca no jogo, a forma como descobre sempre no corredor oposto os espaços que a equipa precisa para respirar. Tem soluções técnicas incríveis e entende ofensivamente sem bola onde poderá ser mais perigoso, movendo-se sempre para ofertar opções ao portador. Qualidades evidentes para ser bem sucedido mesmo em organização onde o espaço escasseia, de quem apesar de bastante jovem e pela primeira vez num ambiente diferente não se coíbe de mostrar caminhos e orientar a equipa no relvado.
Na outra ala e com traços bem diferentes Podence. O baixinho é provavelmente o melhor driblador da Liga. Tem mil soluções mesmo quando se move a grande velocidade, e se os adversários não aproximam coberturas é certo que passará pela oposição. Ainda a precisar de perceber que nem tudo se resolve sozinho e que associar-se com quem aparece dentro trará dividendos para a equipa. Quando encarar o jogo entendendo que tabelas e combinações são tantas vezes a forma mais eficaz de conseguir os mesmos desequilíbrios, tornar-se-à mais imprevisível e a sua equipa beneficiará por ter quem só porque recebe a bola no pé obriga adversários a aproximarem e juntarem rápido. Há potencial para ser aquilo que mostra com espaço em todos os momentos."
Post original no blog Lateral Esquerdo
João Benedito foi o primeiro entrevistado do Bola na Rede, já em 2011. Neste dia em que celebramos o nosso sexto aniversário voltamos a estar à conversa com o agora ex-guarda-redes de Futsal.
Bola na Rede (BnR): A primeira entrevista foi há quase cinco anos. O que mudou no Futsal em Portugal nestes cinco anos?
João Benedito (JB): O mediatismo constante, a qualidade de jogo, tudo o que está relacionado com aquilo que é o jogo em si e o culto ao atleta. Penso que isso tem alterado bastante.
BnR: Há cinco anos dizias que faltava pouco para o Sporting conquistar a UEFA Futsal Cup, mas tal ainda não aconteceu. O que falta ou tem faltado para isto acontecer?
JB: Sinceramente são fases de carreira que já passaram e se as coisas não aconteceram é porque talvez não tivessem de acontecer ainda. Mas eu tenho estas duas vertentes; não festejei como jogador, mas ainda estou muito a tempo de festejar enquanto adepto.
BnR: Não teres conquistado este troféu, que era um sonho, é colmatado pelo resto da tua carreira?
JB: A minha carreira desportiva já terminou, já pus um ponto final em relação a isto; são coisas que já aconteceram.
BnR: Achas que o novo pavilhão vai ser um fator motivacional para os jogadores?
JB: As equipas que têm a sua casa têm sempre vantagem competitiva direta, porque treinam lá, porque têm os seus adeptos, e como é lógico o esforço que está a ser feito pelo Sporting para ter o pavilhão num curto espaço de tempo vai trazer frutos a nível desportivo.
BnR: Há cinco anos fizeste uma crítica ao planeamento dos espaços desportivos em Portugal. Sentes que mudou alguma coisa neste intervalo?
JB: Penso que cada vez mais vemos novos espaços desportivos, e a própria organização estatal tem estado alerta para melhorar os seus serviços e aumentar os espaços desportivos; existem cada vez mais. Há trabalho a ser feito mas também existe trabalho bem feito.
BnR: Dizias também que existia falta de amor próprio ao desportista português e ao desporto em Portugal. Continua ou tem mudado ao longo dos tempos?
JB: Tem mudado ao longo dos tempos, mas não tanto como seria de esperar, e prova disto têm sido as grandes competições internacionais. Demos aqui um abanão com a conquista do campeonato europeu de futebol, que provou também ser possível. O atleta português é um atleta bom, que trabalha, que se prepara, e como tal este atleta, para ser dedicado, tem de ter este amor próprio, para poder ter autoconfiança suficiente para estar bem nos grandes eventos.
BnR: Pegando nos três principais jornais desportivos, a seleção feminina de futebol conseguiu o apuramento inédito para o europeu mas apenas um dos jornais deu o destaque principal a este assunto. O que é preciso fazer por parte das modalidades ou do futebol feminino para que isto mude?
JB: Temos de criar aqui dois patamares de análise. O primeiro, o positivo, é que já existe um jornal desportivo a dar este destaque. Estamos a falar neste caso de órgãos privados e autónomos; eles colocam o que entenderem. Quando existirem os tais blackouts, não devem ficar indignados com tal, porque são tão autónomos numa situação como são autónomos na outra. Não são, ou não deviam ser, órgãos políticos.
Depois, é um dia marcante, mas temos também de perceber que é um apuramento e não um título. É um trabalho que tem sido fantástico, e aqui da FPF em qualquer uma das vertentes do futebol e modalidades. O futebol de praia, o futsal, o futebol feminino, o futebol de formação e o futebol têm estado com um planeamento que têm posto em prática, e os resultados são prova disto. Os sub-21 que foram à final com o Rui Jorge, os seniores que ganham, o feminino que se apura, Portugal que foi a uma meia-final no futsal, o futebol de praia que é campeão do mundo, o futebol de formação que continua a dar cartas. Existe aqui um grande trabalho por toda a estrutura da FPF e, como é lógico, há que dar os parabéns à seleção feminina de futebol; mas não entrem em euforia, porque o caminho não termina aqui. Às vezes a euforia é um fim de linha e não dá continuidade ao trabalho que está a ser realizado.
BnR: Continuas a sentir o carinho quer dos adeptos do Sporting quer de outras equipas?
JB: São duas coisas muito boas que eu guardo da minha carreira desportiva. Em primeiro lugar, a forma como os adeptos do Sporting me tratam constantemente. E depois há também que perceber que a minha estadia no desporto, a nível competitivo, foi feita de forma transversal; que as pessoas, pelos princípios que empreguei, acho que não pode ser dissociado disto, e as conclusões têm sempre de ser tiradas por parte deste fator indicativo, acho que tive sempre uma postura correta e por vezes os atletas não têm esta postura correta devido à pressão de estar em campo, de ter de ganhar ou ser provocado. Eu, felizmente, tive a sorte de nunca passar das marcas e acho que isto foi transformado pelas pessoas por este carinho que me dão e é bom ver que para além dos clubes, e como deveria ser em tudo no nosso país, o trabalho das pessoas é que é valorizado.
BnR: Agora no jogo com o Dortmund as claques apresentaram um tifo em que estavas lá ao lado de algumas das maiores figuras do Sporting. Há cinco anos atrás disseste: “Nem quero saber como é ganhar por outro clube”. Depois de acabares a carreira sentes que és mesmo uma referência do clube?
JB: Sim, é lógico que o clube são os seus sócios, os seus adeptos e quando há algo assim tão grandioso e poder estar em algo assim ao lado de alguns atletas que foram as tuas referências durante a infância e que nunca pensei poder, aos olhos de alguém, estar no mesmo patamar ou aparecer ligado a estas figuras. Eu lembro-me de ter conhecido o Damas pouco antes de ele falecer e ter sido dos momentos mais felizes da minha vida, neste dia em que fui a um núcleo com ele e que pude falar, em que pude privar com ele, uma pessoa que era uma referência para mim. Estar neste painel ao lado de pessoas que são uma referência do clube é indescritível, dá aquele prazer das conquistas, aquele prazer interior, não das palavras para fora, mas que preenche a pessoa. Não é preciso estar aqui a falar, aqui a berrar que fui bom ou que mereço isto ou aquilo, mas ver isto dá-me claramente o sentido de dever cumprido e a ideia de que ainda tenho mais a fazer neste clube.
BnR: Além de Vítor Damas tens mais algum ídolo?
JB: Eu nunca tive ídolos em quem me tentasse espelhar; tentava sempre recorrer ao que cada um fazia e tirar o melhor de cada um. Identificar características boas, características menos boas, coisas para fazer, coisas para não fazer… E nunca tive ninguém em quem me espelhasse; as minhas referências foram sempre referências do Sporting. Eu lembro-me de que, quando era pequenino, gostava do Joaquim Agostinho, adorava o Pedro Miguel Moura, o Vítor Damas, adorava aquelas pessoas no Sporting que ganhavam, porque era isto que me fazia manter a chama acesa. Porque, quer se queira, quer não se queira, o que liga os jovens aos clubes são sem dúvida as suas referências. Não há diretores, não há treinadores, não há pessoas que andem por fora na estrutura que possam servir de referência tão bem como os jogadores que estão dentro de campo. E eu estou à vontade para o dizer porque nunca vou estar novamente neste patamar; porque já o vivi dentro de campo, e estas são as referências, quando queremos cultivar um clube e queremos que as pessoas se identifiquem com este clube, principalmente os mais jovens que são o futuro, temos de dar palavra, protagonismo aos atletas. E estes sim é que vão trazer as pessoas e depois o resto do trabalho que é feito por trás; não tirando o mérito a ninguém, é um trabalho que também tem de ser valorizado, mas eu digo-o porque vivi e estas pessoas que referi eram pessoas que se calhar podiam ter pouca dimensão a nível mediático, mas com quem eu me identificava porque me faziam viver o clube.
BnR: Fazem então falta mais jogadores-ídolo? Hoje em dia é mais difícil um jogador fazer a carreira num único clube?
JB: Não, não sei se é fácil, se é difícil. É como estar dentro de campo e haver aquelas pessoas que se vangloriam por nunca estarem em confusões, por nunca terem passado das marcas. Isto é como na vida; estas pessoas têm é de ser testadas na realidade. Antigamente, quando havia propostas financeiras muito atrativas, as pessoas não eram egoístas por pensar em si e na sua família. Hoje em dia se calhar nós temos atletas que fazem anos seguidos nos grandes clubes europeus. Tem de existir cada vez mais, se queremos que os atletas façam cada vez mais anos seguidos nos mesmos clubes, a valorização financeira e social, ou até envolvê-los nas decisões do clube q.b e não deixá-los sair e ir buscar jogadores com as mesmas características ou inferiores e aí sim já lhes dar o que estes atletas pediam para ficar. Aqui isto reside sempre nas contigências da própria vida da pessoa enquanto está a ser assediada para estar num lado ou estar noutro. Não é fácil uma pessoa ter uma carreira sempre no mesmo lado. Nem sempre escolhemos bem, depende se estão pressionadas, se não estão pressionadas, depende de muitas coisas. Chega a uma altura da vida em que não se decide tudo por ser tudo bom ou tudo mau; os pratos da balança pesam e vamos deixar para trás coisas boas mas vamos encontrar coisas tão boas ou ainda melhores do outro lado da balança.
BnR: Voltando ao futsal, o João Matos sucedeu-te como capitão do Sporting CP. Achas que foi uma boa escolha, que foi a pessoa indicada?
JB: Eu fiz um compromisso de honra comigo próprio, porque acho que as pessoas são eternamente responsáveis por aquilo que cativam. E, se eu cativei a massa associativa e os adeptos do Sporting, devo-lhes muito, muito respeito, e o clube ainda mais. Como tal, neste momento sou adepto do clube, comento as questões desportivas, se a bola entra ou não entra. Quanto a comentar-se questões estruturais, acho que se deve fazê-lo em sede própria e não tentar alavancar as coisas. Porque podem dizer-se palavras que são retiradas do contexto e que, às vezes, podem indiciar um bocadinho aquilo que é o oportunismo jornalístico. Eu comento se a bola entra, e fico contente quando ela entra e o Sporting ganha. Tudo o que for estrutural deve ficar para outras pessoas analisarem, ainda que, quando me tornaram capitão do Sporting, eu tenha dito: Quando deixar de ser capitão do Sporting, o meu trabalho será bem ou mal feito consoante o número de títulos que conquiste. E acho que, aqui, na diferença entre perder ou ganhar no último minuto, se vêem os espíritos de grupo e de união, e é lógico que as pessoas têm de ser avaliadas só no fim, e não se deve tentar dizer que A, B ou C é bom quando tem ainda um longo caminho pela frente.
BnR: Recentemente terminou o Mundial de Futsal. O que achaste desta participação na Colômbia e, em especial, da participação do Bebé na baliza?
JB: Somos a quarta melhor seleção do mundo. Pode ter ficado um amargo de boca porque vemos a Argentina ser campeã do mundo e pensamos: será que Portugal também não poderia ter sido? Podia, mas a Argentina também tem uma excelente seleção, e estes jogos decidem-se no pormenor. Acho que devemos estar todos bastante contentes com o trabalho da nossa seleção, da equipa técnica, dos diretores. Tudo aquilo que está a ser feito está a dar os seus frutos e já melhorámos em relação ao mundial anterior e a outras prestações de outros mundiais em 2004 ou em 2008. Não melhorámos o terceiro lugar que foi obtido na Guatemala, mas a base está lançada para, no futuro, podermos, em termos europeus ou até mundiais, conseguir o troféu que Portugal tanto persegue. Quanto à prestação dos nossos atletas, tiveram todos uma prestação muito boa. Penso que estamos a desvalorizar o trabalho de todos os outros elementos se destacarmos apenas o Bebé, ou o Ricardo ou o Cardinal. Sejam quem forem essas referências, penso que este quarto lugar vale por aquele espírito coletivo que Portugal tem, e acho que muito trabalho foi feito, e muito bem feito.
BnR: De todos os treinadores que tiveste, consegues apontar um que te tenha marcado mais?
JB: Aprendi com cada um, a falar com cada um. Temos de perceber, como disse há pouco em relação aos ídolos, que uns têm umas características e outros têm outras. Como é lógico, agradeço a todos eles pelos ensinamentos que me deram, quando eu era mais jovem, e àqueles que, já nesta fase terminal da minha carreira, falaram comigo e sempre me explicaram as suas opções. Um bom treinador é aquele que vem falar contigo, que não se preocupa com o frango que dás ou com a bola que entra. É aquele que vem e pergunta de manhã se está tudo bem, que perde um bocadinho de tempo a ir almoçar contigo, para falar contigo e perceber que, se estás a cair, vai lá levantar-te, seja com uma conversa, seja com dois dedos de atenção. Em relação aos meus treinadores, todos eles tiveram características boas e características más. Também eu, como atleta, me portei bem e me portei mal com cada um deles.
BnR: Na entrevista de há cinco atrás, um dos momentos que nos cativou foi quando disseste que foste ver um jogo a Alvalade e viste o Rui Patrício ser assobiado. A primeira coisa que fizeste foi pedir o número dele para falares com ele. Agora o Rui foi nomeado para a Bola de Ouro, algo que não acontecia a um jogador da liga portuguesa há nove anos, ainda por cima sendo guarda-redes. Tu, como sportinguista que és, e tendo assistido ao crescimento do Rui, sendo também tu um guarda-redes e uma figura do Sporting, qual o sentimento que tens ao ver o Rui nomeado para os trinta melhores jogadores do mundo?
JB: O facto de um guarda-redes estar nos trinta melhores jogadores de futebol do mundo é já uma grande vitória. É difícil, como é lógico, ver um guarda-redes a conquistar esse prémio. Mas acho que a base de todo este sucesso e este orgulho que nós, hoje em dia, temos na referência que está na baliza do Sporting se deve a um percurso não de raivas mas sim de trabalho, porque ser assobiado em casa, seja para o atleta, para a equipa, o treinador ou o diretor, é algo semelhante a chegares a casa depois do trabalho e a tua mulher, ou a tua família, não te dar aquele apoio de que tu necessitas. Não acredito que alguém dentro do campo faça de propósito para errar ou não dê o máximo, ou não queira agradar aos adeptos. Há casos individuais, mas aquelas ovelhas negras tem sempre tendência para sair do rebanho. E, aí, há alguém que os tira ou os põe no sítio. Acho que este percurso do Rui Patrício não foi baseado nessa raiva do assobio, do “Toma lá, estão a ver como consegui?”. O Rui focou-se no trabalho e faz muito bem; tenho muito orgulho em que esteja ali uma pessoa na equipa do Sporting que possa ser uma referência, quer em termos desportivos como em termos sociais, a abdicar de outras propostas que tenha para poder sair. Ele abdica mas também se nota o esforço do clube para o manter, e acho que o Rui Patrício continua no Sporting por vontade dele.
BnR: Tu também trabalhaste com muitos jovens. Atualmente o Sporting tem o Marcão, mas depois tem também o Gonçalo Portugal. Vês o Gonçalo como alguém com potencial para assumir no futuro a baliza do Sporting e da seleção?
JB: Não sei, não tenho atestado a evolução, não sei quais os planos do clube para o atleta. Acho que existem muitos bons valores para a posição de guarda-redes em Portugal, dada a competitividade. Para além dos jogos normais, a qualidade de qualquer atleta tem de ser avaliada nas decisões, quando estão sob pressão, e aí ha que perceber se são efetivamente bons, se têm um interior e uma forma de estar ganhadores. Tudo o resto é estar a tentar prever coisas que são imprevisíveis.
BnR: Quem para ti é o melhor jogador do campeonato português, e também do Mundo?
JB: Assim como eu disse para a parte dos ídolos, há sempre jogadores muito bons para várias posições. Há pessoas que eu gostei muito de ver jogar, pessoas que me dizem bastante. Estar a falar de alguém que esteja ainda no ativo é um bocadinho redutor para as pessoas que eu conheço e depois, se calhar, ainda se chateiam comigo os outros todos (risos). Mas posso destacar, em termos de jogadores que já deixaram de jogar, que gostei muito de jogar com o Pedro Costa. Havia um pivô na Ucrânia, que era o Koridze, que era um goleador nato, que me marcava golos de todo o lado, de todas as maneiras e feitios. Prefiro ver o que está para trás. Nós estamos num patamar em que a necessidade de encontrar o melhor, o Deus, o atleta, o número 1, tolda-nos o raciocínio e cega-nos em relação a percebermos que, se calhar, dois números 2 juntos são melhores que um número 1. É assim que se começa a fazer as equipas. Esta cultura que está enraizada hoje em dia, de ter o melhor, incapacita-nos em relação a ver outras promessas, outros atletas que sejam tão bons. Ponham o Ronaldo e o Messi, e coloquem-nos numa equipa de terceira divisão, e eles não vão ganhar a Champions, não vão ter o protagonismo que têm. Tem de haver referências? Claro que sim, como o exemplo do Rui Patrício. Para um jogador marcar golos, tem de haver outros que lhe passem a bola, que a recuperem e não a deixem entrar na baliza. Se as orquestras fossem só de um violino, não eram tão requisitadas. Acho que, aqui, nós temos de ver que existem outras pessoas que são igualmente boas. Estávamos a falar de Messi e Ronaldo, mas depois aparece o Griezmann a jogar de forma fantástica, aquela equipa do Atlético Madrid, que são só trabalhadores. A Alemanha, sem Messi, sem Ronaldo e sem Neymar, é campeã do Mundo. Hoje, o atleta é algo que pode ser cultivado e trabalhado, mesmo não tendo aquela técnica que antigamente se preconizava.
BnR: Para finalizar, uma última pergunta mais a nível de brincadeira. Na entrevista anterior, disseste que, quando acabasses a carreira, querias fazer férias na neve e desportos radicais. Já concretizaste isto?
JB: Confesso que já tinha feito algumas férias, mas curtas, de poucos dias, só para ir ver a neve. Agora vou iniciar-me nesses desportos radicais e todas essas coisas que não têm a pressão competitiva, que eu sei que me vai fazer falta daqui a uns tempos. Agora o momento é para relaxar e tentar encarar aquilo que aí vem.
Fonte: Bola na Rede (original, aqui)
Aproveitem também para espreitar a entrevista a Patrícia Mamona, também no Bola na Rede (link)
O destaque vai para as crónicas do Escondidinho do Leão na Tasca do Cherba, mais especificamente para a desta semana, que podem ler AQUI.
Quase sempre a temática abordada ronda aquilo que o rugby, enquanto desporto e "escola de valores", dá a quem o pratica e não tanto sobre o jogo em si e, por isso, hoje puxo a brasa à minha sardinha.
A malta da bola (a redonda) não está habituada desde cedo a formar um bom carácter mas sim em potenciar ao máximo um conjunto de pessoas para a máquina financeira e mediática que é o futebol. Com isso, em muitos dos casos, esquecem o mais importante. Formam-se "batoteiros" em vez de competidores leais, moldam-se pessoas à semelhança de um desporto, pelos seus maiores defeitos, muitas vezes ignorando que o mais importante é formar homens.
Deito a minha colherada como homem do futebol, sabendo que o exemplo do rugby é uma excepção neste mundo e congratulo-me por ter tido a sorte de me formar num local onde, de forma excepcional, me formaram como homem, com bons valores e respeito pelo jogo e seus intervenientes. Nunca me prepararam para o profissionalismo mas prepararam-me para a vida e, por isso, também no futebol há bons exemplos. Também a mim o desporto me formou para a vida.
Acompanhem o Escondidinho do Leão na Tasca do Cherba.
Um retrato fiel do ambiente do José Alvalade e uma sugestão, quanto a mim pertinente, sobretudo no momento dos últimos anos em que os adeptos mais pagam pelo seu lugar, seja ele anual ou jogo a jogo.
Se a memória não me falha, o programa do jogo já foi distribuído no passado. Não terá grande utilidade ou suscitará grande curiosidade ao adepto de todos os dias em Alvalade mas, nas bilheteiras, para quem compra um bilhete único para o jogo, o programa de jogo acaba por ser uma espécie de guia, mais ainda nos casos como o do Ian.
Uma situação a ponderar pelos nossos responsáveis, num momento em que o nosso Clube está numa fase de reafirmação e suscita também o interesse do adepto de futebol, não sendo necessariamente do Sporting.