A estratégia para o derby
Quem me conhece sabe que prefiro falar do jogo do que da arbitragem. Quem me segue sabe que raramente centro uma análise no trabalho do árbitro mas estou longe de o achar um elemento sem influência no decorrer de um jogo. Não me escudando em erros de arbitragem, não tenho dificuldade em identificá-los e muito menos em averiguar a sua influência num jogo.
Começo assim para explicar que muito do que possa ser um jogo destes depende da atitude do árbitro e da sua preparação. O estudo das equipas (que os árbitros fazem) é das coisas mais importantes para ajudar na gestão do jogo e na tomada de decisão.
O Sporting é uma equipa agressiva e, normalmente, algo faltosa. Porém, raramente há uma abordagem maldosa entre as faltas repetitivas, que fazem parte do modelo de Jesus para parar o adversário em momentos de desequilíbrio. Pelo contrário, mais pela natureza dos jogadores do que por qualquer factor estratégico, o Benfica é uma equipa agressiva mas que leva essa agressividade a níveis por vezes excessivos. Jogadores como Fejsa, Samaris, Pizzi ou Eliseu excedem-se frequentemente, com entradas fora de tempo, mãos na cara e lances do género.
Importante também é saber quem são aqueles que estão sempre prontos a enganar o dono do apito. Jogadores como Jonas mereciam uma perseguição da arbitragem ao nível da que sofreram jogadores como João Vieira Pinto.
Posto isto, vamos àquilo que eu observei do adversário. Não considero importante a análise em jogos com os ditos "pequenos", por isso, revi partes do clássico com o Porto que, ainda por cima, tem a vantagem de se ter jogado no início deste mês.
Apesar de tudo, a provável titularidade de Fejsa e Grimaldo diferem do jogo com o Porto, onde foram Samaris e Eliseu os escolhidos.
Se no meio-campo não muda muito, jogue o sérvio ou o grego, o mesmo não se pode dizer da lateral esquerda. Sobretudo ofensivamente, Grimaldo dá coisas que Eliseu não dá e vai ser necessário dar igual atenção à subida de ambos os laterais do Benfica.
Quanto ao momento defensivo, o mais provável é que a equipa de Rui Vitória assuma uma posição expectante, com as linhas mais recuadas que o habitual no momento do ataque organizado do Sporting.
Deverá ser fácil observar duas linhas de quatro jogadores bem juntas (defesa e meio campo + alas) e os dois avançados na contenção da primeira fase de construção. A atitude da defesa encarnada não é muito agressiva neste momento de jogo. Uma atitude inteligente, que convida o adversário a arriscar e potencia o erro, dada a dificuldade em penetrar o espaço entre essas duas linhas.
Por norma, o Benfica é fortíssimo na reacção à perda e no ataque às chamadas "segundas bolas" sobretudo devido a uma permanente atitude muito competitiva. Na falta de elementos tácticos que surpreendam o adversário, Vitória aposta tudo na entrega, união e intensidade da sua equipa.
Em momento ofensivo, o Benfica é normalmente uma equipa de processos simples, que queima linhas com facilidade, ora abusando do passe longo para Mitroglou (que quase sempre combina com Pizzi ou Jonas) ou do transporte de bola pelas alas.
Falando no que interessa, aquilo que podemos fazer para evitar cair nos erros provocados pelo adversário, forçando a entrada no último terço do campo parece fácil mas não é de simples execução.
Na minha opinião, devemos manter Bas Dost o máximo em jogo possível. Assim sendo, sempre que nos seja difícil penetrar da defensiva encarnada em progressão/posse ou que isso implique mais riscos, devemos apostar no jogo directo para o holandês, salvaguardando-lhe dois apoios frontais (Alan, Adrien, Bruno César...) e um em profundidade (Gelson).
Variar o nosso jogo permitirá confundir a equipa do Benfica. Alternar esse jogo mais directo com um jogo apoiado em que os extremos se posicionem claramente por dentro será primordial. Temos de garantir um bom jogo interior pois, caso contrário, passaremos imenso tempo a lateralizar da direita para a esquerda (isso facilita o posicionamento defensivo adversário, que assim se limita a bascular entre uma ala e outra).
Gelson, Alan, Bruno César, Bas Dost e William são os elementos-chave do sucesso do nosso jogo.
No momento defensivo, tudo passa pelo policiamento apertado das faixas laterais do Benfica, onde tanto os laterais como os extremos são muito fortes. Eu aconselharia algum conservadorismo aos nossos laterais e talvez não arriscasse colocar Esgaio, mantendo um lateral esquerdo de raiz. Jefferson seria a minha aposta.
Para além disto, se William e Adrien conseguirem controlar as movimentações de Jonas e Pizzi, teremos o jogo na mão.
Depois é ser eficaz, algo que passará certamente pela qualidade com que servirmos Bas Dost.
O 12º jogador terá também um papel importante no jogo e prevejo que a atmosfera menos tensa da nossa parte, dada a situação classificativa, poderá potenciar um ambiente mais descontraído e favorável aos rapazes de verde-e-branco.
Aposto num jogo com três golos. A sua distribuição dependerá da eficácia da nossa estratégia.