Futebol - Resumo da Época
Parece que a malta já anda entretida com o Jesus.
Entretanto, vou dar-vos a minha opinião sobre o que foi esta época que agora terminou.
Começo...pela conclusão: foi uma época razoável.
Quero com isto dizer que a nota para a estrutura profissional do Sporting (directores, treinador e jogadores) é: SUFICIENTE.
CAMPEONATO
Nunca será positivo terminar em terceiro.
Entendo os que, mais pragmaticamente, olham para o número de pontos e alegam que já houve muitos campeões (inclusive no Sporting) que amealharam menos mas, há que olhar atentamente para as circunstâncias.
Claro que as diferenças para o primeiro classificado são um fosso grande demais para a realidade que se viveu neste campeonato. Todos sabemos das ajudas, distribuídas de forma nada equitativa e muito menos imparcial.
No entanto, tendo em conta o bom futebol praticado em parte da temporada, que depois deu lugar a jogos menos entusiasmantes, aliado ao aumento da qualidade do plantel, relativamente ao ano passado, não posso deixar de dizer que ficámos aquém daquilo que podíamos e devíamos ter feito.
Estar na Champions de forma directa era, para mim, o objectivo mínimo.
TAÇA DE PORTUGAL
Objectivo cumprido! Com brilhantismo, sacrifício e estoicismo, aliado a uma pontinha de sorte (bem merecida).
Tudo começou com uma estrondosa vitória no Dragão e terminou de forma épica no Jamor, onde o pássaro esteve sempre na mão do adversário, até Montero o resgatar para as nossas mãos, para que Patrício não mais o deixasse fugir.
TAÇA DA LIGA
Sabíamos desde o início que seria com os menos utilizados e a equipa B que encararíamos esta competição.
O objectivo foi, quanto a mim, parcialmente cumprido.
Se os jovens deram boa conta de si e se mostraram aos Sportinguistas, podiam ter feito um pouco melhor no capítulo desportivo.
Teria sido importante uma passagem às meias-finais que, diga-se, esteve ao nosso alcance e dependente apenas de nós até ao último jogo.
Nomes como Tobias, Gauld, Wallyson e André Geraldes foram, para mim, os que mais se destacaram.
CHAMPIONS
Apesar de alguns erros individuais e colectivos que nos custaram pontos (principalmente em Maribor), creio que a fase de grupos fica marcada por uma excelente campanha da equipa do Sporting, apenas manchada por uma equipa de arbitragem russa que fez tudo para nos travar.
Inevitavelmente, mais do que por erros próprios, a Champions fica marcada pela injustiça de Gelsenkirchen que nos impediu de medir forças com o Real Madrid nos oitavos-de-final, proporcionando aos Sportinguistas duas noites Europeias memoráveis.
LIGA EUROPA
Para mim, uma desilusão.
Se é verdade que, no jogo em casa, deixámos uma boa imagem não é menos verdade que fomos pouco ambiciosos na Alemanha.
Perdemos a eliminatória na Alemanha porque não jogámos para vencer, Inferiorizámos-nos e fizemos crer a nós próprios que o adversário nos era superior quando isso não era verdade.
Em Alvalade foi a ineficácia que nos fez abandonar a prova. Tivemos oportunidades suficientes para, pelo menos, empatar a eliminatória mas não fomos competentes na hora de atirar à baliza.
Para uma equipa que merecia ter jogado os oitavos-de-final da Champions, não pode ser satisfatório ficar pelos 16-avos-de-final da Liga Europa.
E eliminação prematura dos alemães veio provar que não eram assim tão bons quanto muitos quiseram fazer crer.
MARCO SILVA
Não vou falar de 'fait-divers'. Marco Silva foi ousado. Quis colocar o Sporting a jogar bom futebol ofensivo e, até certo momento da época, conseguiu.
Pese embora alguns dissabores, fruto de alguma inexperiência da linha defensiva escolhida, os resultados menos positivos deram origem a uma abordagem menos entusiasmante e mais pragmática.
Confesso que as melhorias dos resultados foram ligeiras e preferia que o treinador tivesse insistido naquela que, a princípio, me pareceu a sua identidade de jogo.
Julgo que a consistência adquirida com o passar dos jogos poderia ter trazido, no mínimo, os mesmos resultados com um futebol mais vistoso.
Marco Silva preferiu alterar e, entendo até certo ponto, sobretudo devido à obrigatoriedade de vencer e amealhar pontos.
Cometeu alguns erros de leitura em vários jogos, com substituições descabidas e no tempo errado mas não deixa de ter acertado noutras ocasiões.
Para primeira experiência num grande clube e com a instabilidade que sempre se viveu não posso dizer que tenha sido um mau trabalho.
Parece que não vai continuar e desejo-lhe sorte, obviamente, desde que a sua fortuna não traga infortúnios para o Sporting!
DESTAQUES INDIVIDUAIS
NANI - Foi um upgade, tanto animicamente como em termos que qualidade e experiência. Foi, sobretudo durante a primeira metade da época, e até à lesão no Bessa a grande figura da equipa. Importantíssimo nos jogos da Champions, onde mostrou à Europa do futebol todo o seu talento.
CARRILLO - Um dos poucos que cresceu efectivamente sob o comando de Marco Silva. Ganhou consistência (a sua maior lacuna) e capacidade de trabalho. Foi decisivo em muitos momentos, o rei das assistências da equipa e, para mim, o melhor jogador da temporada.
RUI PATRÍCIO - Mesmo com um ou dois erros numa fase importante da época, voltou a ser aquilo que muitos querem negar: um grande guarda-redes e a melhor opção para a baliza do Sporting. Não me sai da cabeça a monstruosa exibição com o Chelsea (que podia ter dado um importante empate, se o árbitro da partida tem marcado um penalti claro de Fabrégas) e o espírito de sacrifício na final da Taça de Portugal.
Patrício é um símbolo do Sporting e de Sportinguismo. Tomara que possa fazer toda a carreira de leão ao peito pois julgo que, dificilmente, encontremos melhor, tal como, dificilmente, o próprio Rui sairá para melhor.