SPORTING CP 2-2 Sp. Braga: entre um ponto ganho e dois perdidos
O ponto ganho, da forma como foi, acaba por satisfazer, numa noite em que devíamos ter ganho mas estivémos perto de perder.
Sim, o Braga é uma boa equipa. Jesus referiu isso mesmo no final do encontro. Devia tê-lo reconhecido com o jogo a decorrer pois, assim que nos colocámos em vantagem, tentámos defender os três pontos com jogadores esgotados fisicamente e já sem a frescura mental necessária para tapar os caminhos a um Braga estranhamente mais fresco, talvez pela rotatividade que Abel tem dado ao elenco, ao contrário daquilo que tem feito Jesus.
Eu não diria que Abel se superiorizou tacticamente a Jesus. O jogo esteve, em muitos momentos, partido. E isso aconteceu porque as equipas estiveram muito desequilibradas em termos tácticos. Várias foram as vezes que ambas as equipas tiveram oportunidade para explorar o ataque rápido. Na maioria das vezes, faltou esclarecimento a ambas.
Perante este cenário, foi de bola parada que chegou o perigo para a baliza de Matheus (Patrício não teve nunca de se aplicar verdadeiramente em todo o jogo). Coates e Bruno Fernandes deram ao brasileiro oportunidade para brilhar.
Mais uma vez ficou evidente que Jesus não joga com o baralho todo. Refiro-me à utilização de todo o elenco.
A Liga portuguesa não tem as mesmas características e exigências da Champions. A Juventus não é o Braga. No geral, acho que faz falta, por vezes, um estudo mais cuidado das equipas do nosso campeonato.
Na maior parte do tempo, o Braga não nos soube ferir mas mostrou sempre que estaria ali para aproveitar os nossos erros.
Numa competição em que temos a obrigação e a necessidade de provocar o erro ao adversário em vez de simplesmente esperar por ele (é isso que nos distingue do Braga - é por isso que nós somos os "grandes"), fez falta a utilização de outro tipo de armas. Há que surpreender um adversário que estará sempre menos apetrechado que nós, fruto da diferença de valores investidos.
Excluído a taça de Portugal e a taça da Liga, tivemos 1530 minutos de competição. Nove jogadores foram utilizados em mais de 80% deste tempo. 11 têm menos de 30% de tempo de utilização. Eu sei que isto, mais coisa menos coisa, é o que acontece em todos os clubes mas, no nosso, é evidente o cansaço acumulado em alguns jogadores, que levou a situações extremas e que prejudicam a competitividade da equipa.
Por vezes é necessário usar o baralho todo e jogar um "duque" para depois sacar um "ás" ou uma "bisca" ao adversário, poupando os nossos para as jogadas decisivas.
A melhor equipa nem sempre é a que apresenta os melhores onze mas sim a que apresenta os onze que estão melhor ou que mais se adequam a um determinado momento.
Posto isto, não tenho intenção de bater mais no ceguinho. É rezar para que esta pausa dê para recuperar alguns jogadores, porque nada está perdido. É necessário envolver mais outros jogadores. Mais do que apenas lhes dar minutos nas taças.
Porque os "duques" também precisam de se sentir importantes, porque o Sporting precisa deles para ser bem sucedido mas, mais do que isso, porque eles têm capacidade para, aqui ou ali, serem decisivos para somemos sempre três pontos.
Recuso-me a desmoralizar, atirar a toalha ou chão ou a dizer que "já vi este filme". O Sporting constituiu um plantel forte ao ponto de quase não haver um jogador que digamos ter falta de qualidade evidente para jogar no Clube. Um plantel vasto o suficiente para que todos sintam que vão ser importantes.
E não vou lamentar mais o que passou. É hora de arregaçar as mangas, mostrar que no Sporting não há ninguém a fazer número e que o título não é uma miragem, até porque a maratona ainda vai no início e não é agora que um ligeiro atraso vai ser fatal.
Há ainda algo que me parece importante frisar. Os jogadores deram tudo. Empenharam-se e mostraram-se comprometidos. Simplesmente, alguns estão presos por arames e outros prestes a ficar. Não há milagres.
Palavra final para o érbitro da partida. Xistra é fraco, sempre foi. Não é dos que erra de forma premeditada nem me parece daqueles "habilidosos". É apenas fraco. Ontem acabou por nos beneficiar, sobretudo naquele lance do golo anulado (que não pode ser apelidado como tal, porque Xistra interrompeu o encontro antes da bola entrar, ao contrário do que deveria ter feito, podendo assim beneficiar da correcção do VAR). E isto acontece porque é fraco e mal preparado. No restante, fica uma grande penalidade por assinalar para o Sporting, muita passividade na hora de mostrar cartões aos jogadores do Braga (o Esgaio podia ter ido para a rua no lance em que vê o primeiro amarelo), uma expulsão ao André Pinto, já perto do final do encontro e o lance do penalti convertido por Bruno Fernandes, em que admito que Doumbia possa ter feito falta, mesmo que esta não seja, para mim, assim tão evidente.
Como se vê, não há um padrão. Xistra é fraco e há muito que não devia apitar na 1ª categoria mas, tendo em conta o resto do elenco à disposição, cada vez isso me choca menos.
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