SPORTING CP 1-1 Juventus: "Farei o que puder pelo meu Sporting"
18:45h, uma hora antes do jogo: Rui Patrício ultimava pormenores para subir para o aquecimento, por precaução, Bruno César perguntava pela vigésima terceira vez a Jorge Jesus qual a posição em que ia jogar, Coates olhava uma última vez para a foto de Higuaín, colada no cacifo e Jorge Jesus dava uma "dura" no Jonathan ainda antes do apito inicial, só para ele se habituar... enquanto isto, Battaglia trauteia baixinho "O Mundo Sabe Que...".
Salin bate nas costas do argentino. "Acorda, pá!".
"Estou a rezar", diz o homem com a responsabilidade de fazer o lugar de William. "Malta, junta aqui."
Todo o grupo se reúne num círculo fechado. Battaglia começa: "O mundo sabe que, pelo teu amor, eu sou doente. Farei o meu melhor para te ver sempre na frente..." (o resto vocês sabem como é)
As palavras foram citadas, interiorizadas, não cantadas. Foram sentidas e enraizaram-se de tal maneira que, uma hora depois, eram onze verdadeiros leões que entravam em campo para bater o pé ao vice-campeão europeu.
Preparados para fazer tudo pelo seu, pelo nosso Sporting.
Não há nada a apontar aos jogadores. Comeram a relva, deram tudo, "morreram" em campo pelo nosso amor.
Nada mais nos podemos atrever a pedir.
"Chuta-Chuta" abriu o activo e o sonho durou enquanto duraram as forças. Não vale a pena procurar responsáveis pelo golo de Higuaín. O argentino é um avançado de top Mundial a quem basta meia oportunidade de golo para facturar. Teve uma, a única que Patrício não conseguiu parar nos últimos dois jogos. Um toque de classe ao qual o "Marrazes" nada podia fazer para evitar o conhecido desfecho.
Nem vou analisar muita coisa. Houve quem estivesse sublime, quem se apresentasse a um nível muito bom e quem tenha sido apenas bom mas todos foram bravos, solidários, rigorosos e empenhados. Aqui e ali, todos mostraram a qualidade que motivou o investimento do Sporting nas suas carreiras. Todos merecem carregar a listada verde-e-branca, todos honraram o Rampante que usam ao peito.
Não ganhámos o jogo, mas podemos ter ganho ali mais qualquer coisa que ainda poderá fazer a diferença esta época. Os últimos dois jogos podem ter ganho um peso no grupo que tenha propiciado o tal "clique" necessário para que os campeões se revelem.
As palavras foram citadas, interiorizadas, não cantadas. Foram sentidas e enraizaram-se de tal maneira que a repetição deste "ritual" (mesmo que criado por mim) será obrigatório a cada treino, cada jogo, até ao final da época.
No fim, quem sabe, talvez tenhamos que chamar o Iorda para voltar a pôr o cachecol no "Marquês", embora eu preferisse que fosse o Rui, o nosso Patrício. Porque há história que já está escrita e outra que precisa de novos intérpretes para fazer ainda mais sentido.
Uma "palavra" para Jesus, mestre em condicionar o jogo dos gigantes; se conseguirmos condicionar todos os adversários da nossa Liga com esta qualidade, se mostrarmos esta garra em cada encontro, se aplicarmos a nossa qualidade individual em prol do colectivo, seremos felizes.
Um único reparo; um jogador que não joga, não tem a mesma confiança que os que jogam habitualmente. Uma salva de palmas ou uma palavra empática é mais eficaz que uma dura no primeiro minuto de jogo. Com um pouco de pedagogia, tinham-se evitado 15 minutos em que o Jonathan sentiu o peso da responsabilidade e os olhos do "mister" cravados nele. O miúdo tem valor e, definitivamente, o Sporting não tem apenas 11/12 jogadores. Alguns deles nem jogaram ou foram convocados para ontem. Precisamos deles todos. Todos cabem no círculo fechado onde se evoca a devoção e amor ao leão. Todos queremos o Sporting campeão!