SPORTING CP 1-0 Vitória SC: O pragmatismo, o cinismo, o horror...!
A vitória do Sporting é mais do que justa. Foram os nossos jogadores os únicos a procurar vencer durante os 90 minutos, enquanto que os comandados de Pedro Martins se limitaram a visar a baliza de Patrício de meia e longa distância, procurando nunca perder a organização defensiva.
Frente a uma equipa bem organizada defensivamente e que, não há que ter problemas em dizê-lo, apostou todas as fichas num empate a zeros, havia mesmo que ser cínico e pragmático.
O Sporting foi-o. Concretizou uma das três ou quatro boas oportunidades que teve mas revelou bastantes dificuldades em baralhar o último reduto vimaranense, que despachou da sua área quase todas as tentativas de desfeitear Douglas.
Acabou por ser num dos 39 cruzamentos para a área, aproveitado por Mathieu, que o Sporting marcou o golo da vitória. Um estilo de jogo demasiado previsível e fácil de anular pela defensiva do Vitória na maior parte do tempo, sobretudo porque abusámos desta abordagem e variámos pouco a nossa estratégia ofensiva.
Acuña e Bruno Fernandes cruzaram 14 vezes cada, sendo que apenas 6 desses cruzamentos encontraram um jogador do Sporting, nem sempre servido nas melhores condições.
A entrada de Fredy Montero ao intervalo (para o lugar de Rúben Ribeiro) e de Doumbia no início do segundo tempo (para o lugar de Bas Dost, magoado) foram fundamentais para encostar o Vitória às cordas.
O Sporting obrigou a última linha dos forasteiros a recuar e a encostar mais à sua área e a pressão foi-se acentuando com o passar do tempo.
William, Bruno Fernandes e Acuña, mesmo que nem sempre decidindo bem, tiveram muito mais espaço para investir em missões ofensivas, enquanto que o posicionamento dos dois avançados passou a baralhar muito mais a dupla de centrais vimaranense.
Acaba por ser num lance de bola parada, marcado à maneira curta, que o Sporting resolveu o jogo. Coentrão, William e Marcos Acuña criaram uma sociedade à esquerda, que terminou com um cruzamento certeiro do argentino para uma finalização difícil e certeira de Mathieu.
Um grande golo, num gesto técnico perfeito, em situação difícil. O francês teve de reagir num curto espaço de tempo e, embora estivesse sozinho, foi obrigado a calcular queCoates não chegaria à bola e esta lhe chegaria "redondinha". Grande golo!
Desta vez Jesus mexeu bem na equipa e a saída precoce de Bas Dost acabou até por beneficiar o envolvimento ofensivo, menos centrado em jogadas terminadas num passe para o holandês.
A entrada de Bruno César trouxe outra acutilância e os elogios de Jesus no final, embora justos, são algo exagerados. O nosso "pau para toda a obra" é claramente um dos "protegidos" de JJ, que teima em fazer publicamente distinção entre os que comanda.
No final do jogo, foi ver Jesus novamente a borrar a pintura, desmoralizando completamente Lumor, reforço de última hora, colocando em causa a sua qualidade e utilidade para o grupo, mesmo depois do Sporting ter pago 2.5 milhões por apenas metade do passe do ganês.
Mathieu foi, sem margem para dúvida, o homem do jogo. Marcou o golo e foi sempre garantia de segurança. Mas há mais para além disto; o francês entende como poucos os momentos do jogo, assume-se, não se esconde e, com essa atitude proactiva, contagia os colegas e os adeptos. Um verdadeiro líder e um jogador de classe mundial.
Um pouco como Mathieu, Fábio Coentrão faz valer em campo a sua experiência. Dá confiança, segurança e é um galvanizador constante da equipa e das "bancadas". Ontem fartou-se de puxar pelo público como quem diz: "confiem em nós".
Marcos Acuña não fez um bom jogo mas sobressaiu nos momentos de decisão. Esteve muito bem nos 10 minutos finais, onde acabou por ser determinante.
Também gostei de William Carvalho, numa versão ofensivamente mais agressiva, confiando quase todas as despesas defensivas do jogo em Battaglia. Assumiu-se quase sempre e foi muito importante, sobretudo na segunda parte.
Toda a linha defensiva esteve impecável (Patrício incluído) e apenas os homens da frente revelaram algumas dificuldades. Bruno Fernandes esteve muito apagado, Rúben Ribeiro pouco se viu e mesmo Montero e Doumbia foram mais perigosos pelos posicionamentos que adoptaram do que pelo que fizeram com bola.
Impossível não elogiar a segurança e capacidade defensiva revelada nos jogos em casa onde, finalmente, o Sporting parece estar a construir uma fortaleza. São apenas 4 golos sofridos em 15 jogos caseiros nas competições nacionais. Apesar disso, faltou por vezes poder de fogo para evitar, pelo menos, os 2 empates caseiros na Liga NOS.
Volto a Jorge Jesus para lhe pedir que respeite os Sportinguistas, que estão mais do que habituados a murros nos estômago. Esta abordagem "à italiana", sem bagagem de títulos (dos importantes) só contribui para que sejamos assolados por fantasmas do passado (longínquo e também recente, já sob a sua orientação). Uma coisa é confiar na equipa, outra é confiar na sorte e muitos são os jogos onde nos colocámos à mercê dos adversários, sejam eles mais ou menos poderosos.
"Mister", respeite os adeptos que amam e fazem tudo pelo Sporting recebendo há anos consecutivos uma mão cheia de nada da parte das nossas equipas de futebol.
A mentalidade de campeão cultiva-se em jogadores e adeptos com títulos e ainda estamos todos a trilhar esse caminho.
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