Somos campeões da Europa
Não vou elogiar a capacidade de liderança de Fernando Santos nem de Cristiano Ronaldo. Não elogiarei novamente a nossa capacidade de entrega, união e solidariedade dentro e fora de campo. Fomos um e foi por isso que vencemos.
Podia dizer muitas das coisas que já disse mas, quem me segue, sabe o que penso deste trajecto e da forma como soubemos construir em cima do erro que foi a nossa fase de grupos.
Hoje, o sonho é real. Somos campeões da Europa e fomo-lo da forma mais trágica possível. Uma verdadeira tragédia à grega, em que estivemos, desta vez, do lado certo.
Defendemos a maior parte do tempo, tivemos uma pontinha de sorte, fomos competentes e eficazes. Esta final começa a ser ganha naquela defesa de Rui Patrício ao cabeceamento de Griezmann. A verdadeira união surge após a enorme contrariedade que é ficar sem o melhor e mais decisivo jogador com pouco mais de 10 minutos jogados. Aquela mão divina esteve lá quando aquele remate de Gignac esbarrou no poste e não entrou. A justiça fez-se quando Nuno Gomes encarnou em Éder e a bola beijou as redes de Hugo Lloris.
Retiro tudo o que disse de Éder. Condescendo aquilo que critiquei no estilo de jogo escolhido pelo seleccionador. A fórmula revelou-se vencedora, porque todos acreditaram nela, inclusive os adeptos.
Embora não me agrade por aí além a nossa forma de jogar, Fernando Santos merece orientar Portugal no próximo Mundial e, mantendo ou não este modelo de jogo, terá o meu apoio. No final, veremos se se abre ou não um novo ciclo.
Uma coisa é certa. Talento não vai faltar ao treinador nacional e a tarimba que todos ganharam com esta vitória pode ajudar para criar uma onda vencedora. Saibamos nós construir em cima desta vitória. Uma tarefa mais difícil do que quando se tenta construir em cima do insucesso.
Deixo um aparte de clubite para o final. Ver 10 jogadores da formação do Sporting chegar ao topo da Europa e comportarem-se como homens é um orgulho tremendo. Saber que 4 deles ainda nos representam, aumenta a crença no futuro imediato. Ver 1 jogador da formação do rival comportar-se como um puto estúpido, fazendo piadas clubísticas, falando na primeira pessoa do singular e desprezando a ausência de Ronaldo no jogo (algo que nenhum outro fez), diz muito daquilo que apregoamos serem as diferenças entre os formados num lado e noutro. É ver onde ele anda daqui a um ano...
Viva Portugal!
Nota: Amanhã começa o Euro sub-19, mais um título que Portugal nunca venceu, embora já tenha jogado finais.
Nota2: Que role a bola dos verde-e-brancos que eu já tenho saudades.