Sobre o regresso do basquetebol
Foi este o tema que dominou o dia de ontem nas redes sociais. O regresso do basquetebol oficialmente ao Sporting foi saudado mas foi inevitável perceber que as seniores femininas não teriam a honra de se estrear no novo Pavilhão João Rocha.
Começo pela ambiguidade do comunicado do Sporting no facebook. Quem não se deu ao trabalho de abrir o link, pensaria que o Sporting passaria a ter todos os escalões masculinos e femininos a partir de 2016/17. Quem abriu o link depara-se com um título que rejubila com o regresso da modalidade mas o corpo da notícia confirma que acontecerá apenas com os escalões de formação (até sub-14 em ambos os géneros), ignorando a extinção do escalão sénior feminino que ainda no ano passado competiu na principal liga portuguesa, após duas subidas de divisão consecutivas.
Simultaneamente ao comunicado, Sara Tavares, atleta da equipa sénior do Sporting (em consonância com todo o plantel), faz um post no facebook onde lamenta a decisão, acusa o Presidente de não cumprir o prometido e pede que a decisão seja reponderada.
A declaração dos elementos do plantel e a ausência de informação clara no comunicado do Sporting levam à incitação por parte da mesma Sara Tavares à indignação por parte dos Sportinguistas para que pressionem os responsáveis a voltar atrás com a decisão.
Começo por dizer que apreciei todo o esforço demonstrado esta temporada e que tenho pena que a equipa sénior seja extinta. Foram várias as vezes que lhes elogiei o espírito de luta e acho que de um conjunto de jogadoras acabou por se conseguir formar um grupo, algo que parecia improvável nos primeiros meses da época.
Apesar disso e mesmo não sendo do meu agrado, compreendo e aceito que se espere pelos frutos da formação e não se englobem as seniores femininas no novo projecto. É uma decisão legítima e, como detentor dos direitos desportivos pertencentes à Associação Basquetebol SCP, o Sporting fez aquilo que achou melhor para a sustentabilidade da secção.
Segundo consta, havia promessa de investimento no escalão e não era esperado este desfecho, daí a tristeza e revolta dos elementos do plantel. Além disso, a demora na comunicação da decisão às atletas fez com que o Presidente Bruno de Carvalho não ficasse bem na 'fotografia'. Compreendo e aceito a indignação mas o post incita claramente a uma revolta contra o Presidente e, se aceito o desabafo, já não me agradou tanto o lavar de roupa suja e a incitação exaustiva à partilha na caixa de comentários do post da nossa atleta.
Partindo do pressuposto que todo o conteúdo do post das nossas atletas é verdadeiro, junto à crítica do comunicado o atraso na comunicação da decisão ás atletas. O Sporting não deve (nem pode) ocultar decisões nas comunicações oficiais e devia ter sido dito claramente que a decisão era extinguir o escalão sénior feminino, se possível, revelando o motivo. Muito menos se deve desrespeitar quem nos representa, ignorando o futuro das atletas e a planificação das suas próprias carreiras desportivas.
Às atletas envio os sinceros votos de sucesso desportivo e pessoal e peço que resfriem os ânimos e tentem resolver as coisas com quem de direito, em vez de cometerem excessos publicamente, até porque me parece que nada faria Bruno de Carvalho voltar atrás numa decisão, muito menos um post no facebook que, embora legítimo, não devia esperar efeitos práticos.
Para terminar e apenas para esclarecer algumas dúvidas que constatei, a denúncia do protocolo com a Associação Basquetebol SCP não impede que todos os escalões de formação transitem para o Sporting Clube de Portugal, que ficará detentor dos direitos desportivos anteriormente pertencentes às equipas da Associação Basquetebol SCP. Assim sendo, serão criadas mais duas equipas (sub-16 masculinos e femininos) e extinta a equipa sénior feminina.
De referir novamente as dificuldades na comunicação, quer interna, quer externa que devem, a meu ver, ser alvo de profunda reflexão por parte dos responsáveis, em especial do Presidente.