Sobre o encontro de ontem...
A relação com o nosso Clube permite-nos algo que na nossa vida privada não é bem aceite pela sociedade.
A cada quadriénio, é-nos permitido escolher uma "miúda" (a partir daqui será apresentado sem aspas) com quem namoraremos e enfrentaremos os quatro anos seguintes, na esperança que ela ajude a fortalecer o nosso amor, sempre com o receio e a incerteza que cada relação acarreta.
Se a minha mulher ler isto, que fique sabendo que só neste contexto me dá para a libertinagem. Talvez este escape faça com que atitudes condenáveis como a de ontem nunca aconteçam na minha vida privada.
Confesso, não tinha grandes expectativas quanto à miúda nova e tinha a certeza que não me envolveria com ela mas, mesmo assim, quis ver o que tinha ela para oferecer. Vai na volta e tinha "trunfos" para me convencer e, a verdade, é que os quase 4 anos de namoro actual têm causado algum desgaste e nem tudo é perfeito. Tem sido difícil lidar com alguns defeitos dela mas, a verdade, é que temos tido bons momentos, também.
Para me convencer a terminar esta relação, a miúda tinha de ser mesmo boa. Muito melhor que a minha.
Percebendo que era algo brejeira, como a actual, esperei que mostrasse algo que verdadeiramente a distinguisse pela positiva.
A miúda há semanas que se insinua. Veste um top decotado decotado e umas calças push-up e anda ali a aliciar-me. Pena que as mamas sejam pequenas e falta-lhe mais anca.
A minha esperança é que mostre inteligência, alguma cultura e, para testar isso, resolvi marcar um encontro a três. Disse à actual que seria como um teste à nossa relação. Seria melhor fazer as coisas às claras do que pelas costas. Assim como assim, ela sabia que já tinha feito merda e que, mesmo assim, eu me havia dedicado a cem por cento ao nosso amor.
A miúda nova veio em trajes decentes. Sabia que tinha poucos atributos para mostrar. E eu à espera que ela mostrasse que me podia fazer feliz de outra forma. A nossa procura pela perfeição nunca acaba e nunca se sabe onde encontramos a felicidade plena.
Sabendo que a perfeição não existe, pois os namoros recentes pouco feliz me fizeram, segui expectante mas sempre desconfiado, até porque a actual me fazia, de certa forma, feliz. Não a trocaria por qualquer uma, mesmo que tivesse ali uns defeitos que me irritam com'ó caraças.
Os trajes decentes não lhe travaram a língua. Em vez de me galar, tratou de atacar a minha miúda e isso não me caiu bem. Claro que a minha não se ficou, pois também lhe falta tento na língua e, como diz o ditado, "quem não se sente...". Aquilo deixou-me ainda mais de pé atrás mas esperei que me surpreendesse. Disse-me que era excelente dona de casa, que cozinhava lindamente, que era boa na cama...enfim...nada havia que não fizesse bem mas insistia em dizer que fazia melhor que a minha. Como se fazer melhor que a minha bastasse para me fazer feliz...
Continuei reticente. Tudo aquilo me havia dito a minha há quatro anos e eu bem sabia que era para impressionar.
Tentei perceber se todo aquele show-off tinha ponta por onde pegar. Seria bom que fosse aquilo tudo mas faltava realismo no discurso. Impressionava mas não cativava.
Embora goste de ir aos chineses comprar bugigangas, a minha até é poupada. Já não me impressiona como antes mas ainda me satisfaz. Descobri-lhe defeitos que ela havia inicialmente mascarado mas ainda é mais o que nos une do que os que nos separa. É trabalhadora e ainda temos bons momentos juntos. Além disso mantenho a esperança que as coisas melhorem e quatro anos mais ou menos felizes não se deitam fora por promessas ocas.
Assim como assim, para ir para pior, fico com a minha e, no próximo dia 4 lá estarei, no nosso templo, para renovar os votos.