Saudações leoninas
Final da manhã no Porto.
Saí de casa. Passei pelos correios, pela frutaria e, por fim, pela padaria.
Tenho o miúdo ao colo e a fruta numa das mãos. Espero pelo troco enquanto pego no pão.
Ao meu lado, dirige-se a mim um rapaz, com sotaque açucarado do Brasil: "Saudações leoninas!", disse.
Não foi tímido. Disse-o alto e bom som depois de vislumbrar na minha carteira o cartão de sócio do Sporting Clube de Portugal e enquanto tirava da sua própria carteira o que lhe pertencia.
Sorri e retribui, algo timidamente, a saudação.
Já ia sair e voltei-me para trás. Disse-lhe: "Somos os melhores! Os melhores não têm de ser os que ganham mais vezes."
No caminho para casa pensei em como o orgulho leonino está, finalmente, restituído depois de um período negro na nossa história.
Em quase oito anos no Porto, são muitas as vezes que passeio a verde e branca pela invicta. Nunca um dos nossos se dirigiu a mim com esta cumplicidade e orgulho de pertencer à família leonina.
Amigo, se me estás a ler, desculpa não te ter dado um abraço.