Rescaldo da Volta a Portugal
Não se pode dizer que seja um balanço positivo, mesmo que tenhamos ganho uma etapa. E não posso dizê-lo apenas porque as expectativas criadas e os objectivos traçados não foram atingidos.
E não o foram porque eram irrealistas. Não acredito que, sobretudo Vidal Fitas, não soubesse das reais diferenças entre a nossa equipa e as principais concorrentes (e são pelo menos três, as que nos são superiores). Não quero com isto responsabilizar o nosso director desportivo pelos objectivos traçados, até porque acredito que estes lhe foram impostos pela enorme ambição de Bruno de Carvalho que, menos conhecedor da modalidade, achou que a equipa seria suficiente para cumprir os habituais desígnios do Sporting.
Preferia que nos tivesse sido "vendido" um projecto em ano zero, com ambições mais modestas e realistas e, dessa forma, o balanço poderia ter sido diferente e os próprios objectivos eventualmente traçados poderiam até ter sido suplantados.
Voltando à prova em si, esta foi totalmente dominada pela W52/FC Porto e este último contra-relógio foi o espelho desse domínio. Quatro ciclistas entre os cinco mais rápidos e três entre os cinco primeiros da geral individual.
Rui Vinhas acabou por ser o surpreendente vencedor da volta, suplantando o líder da sua equipa, Gustavo Veloso, vencedor das últimas duas edições da Volta. Digo surpreendente porque não se esperava que o português se aguentasse de amarelo, sobretudo após a etapa em que, por duas vezes, se subiu ao ponto mais alto de Portugal.
A verdade é que, após a fuga que deu certo e o vestiu de amarelo, Vinhas se revelou forte o suficiente para segurar a liderança, mesmo pressionado pelo seu chefe de fila.
Confesso que, no final, me agradou que tenha sido um português a vencer. Mais me agradou quando ouvi as declarações de Gustavo Veloso, claramente aziado, dizendo que não tinha sido o melhor a vencer.
Ora, estas declarações e as óbvias pressões que Vinhas deve ter sofrido por parte do seu líder provam que, embora forte, a equipa que esteve prestes a ser a nossa tem uma liderança fraca e um espírito de grupo algo fracturado.
Espero que os resultados obtidos pela equipa do Sporting/Tavira não desmotivem ninguém, desde a estrutura directiva do Sporting, passando pelos parceiros do Clube de Ciclismo de Tavira e acabando no director desportivo e ciclistas do Clube.
Desejo que saibamos construir em cima daquilo que foi uma primeira temporada atribulada, com um plantel constituído à pressa e trabalhemos atempadamente para dar um passo em frente na nossa competitividade. Honremos os que venham a partir e ficarão sempre ligados ao regresso da modalidade, estimemos os que ficarem e recebamos e integremos bem os que venham a chegar.
Seguem as classificações do contra-relógio de hoje e das classificações finais:
CLASSIFICAÇÃO LEONINA NA ETAPA
14º RINALDO NOCENTINI +2'16''
23º OSCAR BREA +3'38''
38º JESÚS EZQUERRA +4'20''
50º MARIO GONZALEZ +5'09''
94º DAVID LIVRAMENTO +7'38''
99º VALTER PEREIRA +8'15''
CLASSIFICAÇÃO POR EQUIPAS NA ETAPA
7º SPORTING/TAVIRA +8'33''
CLASSIFICAÇÃO GERAL LEONINA
21º RINALDO NOCENTINI +28'42''
40º DAVID LIVRAMENTO +1.13'35''
61º VALTER PEREIRA +1.49'31''
66º JESÚS EZQUERRA +1.57'45''
98º MARIO GONZALEZ +2.46'48''
107º OSCAR BREA +3.05'50''
DNS DAVID DE LA FUENTE
DNS HUGO SABIDO
CLASSIFICAÇÃO GERAL POR EQUIPAS
8º SPORTING/TAVIRA +2.12'50''