Pólos opostos
Não é habitual usar o mesmo post para comentar os jogos da equipa B e da equipa principal, mas hoje assim será.
Foram duas vitórias. Uma na Academia e outra no Estádio dos Barreiros.
Gostei da vitória da equipa B que, assim, ocupa o 6º lugar a apenas seis pontos do 1º.
Não gostei nada do jogo nos Barreiros apesar de ter gostado da vitória.
Era suposto que fosse a equipa principal a lutar pelo título e não a equipa B mas a verdade é que, sem qualquer responsabilidade neste capítulo, a equipa B vai baralhando a luta pelo título da 2ª Liga sem que ninguém isso lhes exija.
Não quero ser demasiado duro com Marco Silva e os jogadores que têm sido utilizados na equipa principal mas ouso dizer que, neste momento, a equipa B arriscava-se a fazer melhor figura em alguns dos jogos na 1ª Liga.
Porquê?
Sobretudo porque demonstram uma atitude competitiva bastante mais evidente que os colegas do plantel principal.
Também erram o que, de resto, me parece mais 'normal' dada a inexperiência e juventude dos jogadores às ordens de João de Deus.
Depois há outra questão.
Nota-se clara evolução da equipa B. Um estilo de jogo rápido, de posse e com tentativas de jogar sem grandes correrias, sobretudo no meio campo. A equipa parece ter consolidado processos e ter ganho alguma maturidade.
Sinal evidente são, por exemplo, os últimos 10 minutos do jogo de ontem, frente ao Académico de Viseu em que, com menos um, simplesmente não houve jogo até ao apito final, tal foi a capacidade de controlo de jogo dos leões.
Claro que a reorganização de Janeiro em muito ajudou a equipa B. Ter um ponta-de-lança ajuda muito e João de Deus soube tirar partido das qualidades de Rubio, que em muito ajudaram à melhoria de toda a equipa que, finalmente, passou a ter alguém de qualidade a quem endossar a bola na frente de ataque. Rubio joga e faz jogar e isso nota-se.
O mesmo não se pode dizer da equipa principal que já jogou bom futebol esta época e que, neste momento, parece um deserto de ideias e um mar de incertezas.
Desde jogadores em défice físico ao défice de índices competitivos, nada tem ajudado a praticar bom futebol. Mais do que os resultados, chateia-me ver que a equipa regrediu em vez de consolidar processos. Deixa-me revoltado ver futebol sem rasgo e sem chama.
Dificilmente seremos alguma vez campeões nacionais a jogar da forma que fizemos ontem e que temos feito ultimamente. Poderemos vencer uma competição a eliminar, como é o caso da Taça de Portugal, mas nunca um campeonato, onde se tem de ser regular em 34 jogos.
Aliás, eu admito até que a equipa seja menos exuberante em jogos a eliminar pois é natural que exista um maior pragmatismo, em face da necessidade de não falhar, pois tudo se decide naquele momento. A mesma paciência já não tenho quando, num momento em que era suposto estarmos 'no ponto', o nosso jogo não passa de aborrecido.
Num momento em que faltam nove jogos para terminar o campeonato e temos a nossa posição praticamente definida, considero importante que se consolidem processos e se integrem jogadores com vista à próxima temporada, não só porque considero que pode trazer melhorias à equipa como também facilitará a preparação da próxima época. Fora o campeonato, a Taça tem de ser para vencer e só essa vitória com uma melhoria na qualidade de jogo nos jogos da Liga me deixará satisfeito.
Quanto à equipa B, nada lhes exijo, para além da atitude, entrega, qualidade e evolução que têm demonstrado. No fim, fazem-se as contas.
Uma nota final para Diego Rubio. Mais um grande golo e a prova de que é um avançado com qualidades raras. Bem sei que aufere um vencimento de cerca de 700 mil euros anuais, bem fora dos valores ideais e que, para agravar a situação, o vencimento dispara com a utilização na equipa principal. Para dificultar ainda mais tem o passe partilhado com fundos e o contrato termina em Junho de 2016, pelo que interessa aos fundos uma transferência que permita reaver o dinheiro investido (recordo que o Sporting adquiriu o jogador por 1M€ e, pese embora o vencimento ruinoso, já alienou partes do passe por cerca de 2M€). Com todas estas condicionantes e, partindo do princípio que Bruno de Carvalho gosta tanto do chileno quanto eu, é falar com o rapaz todos os dias, explicando-lhe que fazemos conta com ele e acenando-lhe com uma renovação de contrato mais consentânea com a realidade do clube, anulando cláusulas estúpidas e definindo objectivos que o motivem.