Os irrefutáveis números de um proscrito
Podem chamar-me Iuri "lover", "Iuridependente" ou simplesmente teimoso.
Continuo sem perceber porque Iuri Medeiros não fez parte do plantel desta época e, pior ainda, porque não foi um dos retornados nos reajustamentos de janeiro.
Não sei os motivos mas desportivos não são certamente. Sim, porque Iuri não tem par na Liga NOS, mesmo entre os extremos mais influentes das melhores equipas.
Para os que desvalorizam os números para aprovar o estado actual da carreira do açoriano, digo que os números, só por si, nada provam mas são um suporte relevante quando analisamos desempenho e influência.
O melhor é verem os números (a amostra contempla apenas os jogos nas competições nacionais, referentes às últimas duas temporadas):
GPM: Golos por minuto / APM: Assistências por minuto / PGE: Participação directa nos golos da equipa
Acabei por incluir Marega, Diogo Jota e Pizzi, que foram utilizados tantas ou mais vezes em posições que não a de extremos mas que, ainda assim, ocuparam várias vezes as alas nas equipas onde jogaram.
Há ainda mais duas excepções: os números de Carrillo e Salvio são das últimas três temporadas, dado que ambos estiveram praticamente uma época parados. Salvio por lesão e Carrillo pelos motivos que todos se recordam (agora, com a publicação terminada, lembrei-me de mais dois/três jogadores que podiam ter sido acrescentados à amostra mas não creio que alterassem as evidências).
O "peso" de Iuri no Boavista (e no Moreirense da época passada) é "assustador". Marcou ou assistiu em mais de metade dos 72 golos que as duas equipas que representou marcaram nas competições nacionais.
Isto, só por si, pode também ser desvalorizado. Ou por Iuri jogar com jogadores de valia inferior (cenário que facilita o seu protagonismo) ou por ser o vector comum de todas as jogadas de ataque (algo que, pelo menos este ano, nem corresponde à realidade).
Jogar com companheiros de valia inferior nunca será, na minha opinião, um facilitador. Imaginemos que o Boavista tinha um homem golo...como seriam os números de Iuri? Medeiros não só é quem mais assiste no Boavista, como é o melhor marcador da equipa. No Moreirense tinha Rafael Martins como "jogador alvo". Com um avançado "a sério", Iuri teria dinamitado no Boavista os números da época passada. Mesmo assim vai ficar perto de os repetir.
Curiosamente, de todos os jogadores usados como termo comparativo, Iuri é o que tem menos vezes a bola em seu poder. Pizzi faz, em média, 75 passes por 90 minutos (mais 50 (!) do que Iuri). Parte dos restantes faz acima de 40 e a maioria está entre os 30 e os 40. Apenas Iuri, Wilson e Salvador fazem abaixo dos 30 passes por 90 minutos (26, no caso de Iuri, dos quais só aproveita 16, dado o constante risco que assume no seu jogo no último terço).
Pensar no que faria Iuri com mais 20 posses de bola por jogo até me dá arrepios. Iuri e Chico Geraldes (sobretudo estes) são dois talentos fora-de-série que Jesus não conseguiu ainda perceber e potenciar.