Obrigado, Nuno!
Nuno Dias, treinador de futsal do Sporting, é um case study no desporto português. Mais um auto-didacta que criou o seu próprio método de treino que, comprovadamente, dá resultados quando aplicado na prática.
Quando com pouco mais de 30 anos deixou de ser jogador para orientar a equipa do Instituto D. João V, nada fazia prever o sucesso alcançado hoje.
Em quatro épocas, Nuno Dias conduziu o Instituto a quatro presenças no playoff. Fez 7º (34 pontos) na primeira época, 8º (36 pontos) na segunda, 4º (45 pontos, com presença nas meias-finais do playoff) na terceira e 5º (47 pontos e nova presença nas meias do playoff) na quarta e última época.
Um percurso crescente, melhorando sempre a pontuação da sua equipa e durante o qual atingiu por uma vez as meias-finais da Taça de Portugal, tendo sido afastado nos restantes anos em prolongamentos ou diferenças tangenciais.
O Sporting e os responsáveis da secção souberam ler os sinais e, após uma aventura de um ano na Rússia como adjunto de Paulo Tavares (actual técnico do Braga/AAUM), chegou ao Sporting com ambição mas sem currículo.
Aquilo que a início poderia parecer uma aposta de risco, foi uma aposta ganha e tem hoje como resultado um treinador de futsal de topo. Na minha opinião, um dos melhores do Mundo, dos mais meticulosos e dos que melhor trabalha a componente motivacional e emocional do jogo.
Nuno Dias não demorou a mostrar serviço. Campeão em época de estreia e vencedor da Taça de Portugal, cilindrou a concorrência e, em 39 jogos, o Sporting apenas empatou um e perdeu outro. Foram 213 golos marcados e 58 sofridos. 100% de aproveitamento nas competições em que participou.
Na segunda época, a criação da Taça de Honra da AFL veio proporcionar um arranque de época com um título, a que se seguiu a Supertaça. 2 títulos, e ainda só estávamos na pré-época. A UEFA Futsal Cup não correu como pretendido e não passámos da ronda de Elite, organizada por nós. A Taça de Portugal não foi revalidada, após eliminação na primeira ronda, por penaltis, com o Fundão mas o bi-campeonato viria a coroar mais uma época de sucesso. 229-87 em golos. Apenas 3 derrotas em toda a época e 60% de aproveitamento nas competições em que participou.
A terceira temporada trazia o foco natural na UEFA Futsal Cup. Um sonho antigo ainda por concretizar. Depois de perdermos a Taça de Honra nas penalidades, vencemos a Supertaça por contundentes 7-0 ao Fundão. A memorável final-four da UEFA Futsal Cup, jogada num Meo Arena que mais parecia Alvalade, voltou a não acabar como queríamos. Derrota com o Barcelona nas meias-finais e 3º lugar final, após goleada no jogo em que ninguém quer participar. Não sei se isso acabou por afectar o resto da temporada mas, o que é certo, é que acabámos em 2º na Liga e eliminados nas meias-finais da Taça. 197-87 em golos, revelava que faltava poder de fogo no ataque. Anormal, o Sporting de Nuno Dias só vencer 20% das competições e logo a menos importante das 5 em que participou.
Havia que dar a volta e regressar com mais força. Nuno Dias havia renovado o seu contrato a meio da época anterior e, depois de identificadas as lacunas da equipa, vieram reforços de peso que pretendiam dar esse poder de fogo que havia faltado no ataque. O resultado foi o que todos facilmente relembramos e que culminou com a recuperação do título de campeão nacional, esta semana. Foram 4 vitórias em outras tantas competições (Taça de Honra, Taça da Liga, Taça de Portugal e Liga SportZone), apenas duas derrotas em toda a época e 222-50 em golos. 100% de aproveitamento em dois dos quatro anos em que orientou a equipa leonina.
Claro que tudo isto apenas foi possível com profissionais de topo que, em campo, não deixaram os créditos em mãos alheias e trabalharam muito para personificar a ideia do treinador e restante equipa técnica, com vista ao sucesso do Clube e a alegria dos seus adeptos.
Para o ano, atacaremos a UEFA Futsal Cup com outra força, com um plantel mais forte e equilibrado e mantendo o foco na revalidação do título de campeão português.
Até ver, em quatro épocas, 10 títulos em 16 possíveis. Hegemonia em Portugal, 3 títulos de campeão nacional, 2 taças de Portugal, 2 Supertaças, 1 taça da Liga e 2 taças de Honra da AFL.
Falta a conquista Europeia. Eu acredito. Obrigado, Nuno, por tão bem servires o Sporting Clube de Portugal.