Nelson de bronze!
Sei que a ambição do Nelson não tem limites e que, embora satisfeito com o resultado obtido, não ficou convencido com a marca que atingiu.
Porém, é este o nível actual de Nelson Évora. Claro que acredito que possa "sacar" um salto de 17.40 metros mas, aos 33 anos, há coisas que só a juventude traz e o Nelson não só é dos mais velhos como já não está no patamar que atingiu há uns anos atrás.
Os anos 2007, 2008 e 2009 já não voltam e não perspectivo que possa voltar a saltar mais de 17.70 metros. O seu recorde pessoal data de 2007, quando se sagrou campeão mundial com um salto de 17.74 metros.
Ainda assim, Évora parece conhecer a poção da juventude. Aos 33 anos compete com jovens dos 19 aos 27 (a idade do novo campeão mundial, Christian Taylor) como se fossem da mesma idade.
Nesta final, entre os últimos oito apenas Évora e Copello estavam acima da fasquia dos 30 anos. Os restantes tinham menos de 27 anos, sendo que três deles têm ainda 18, 22 e 23 anos.
Há dois anos Nelson Évora venceu o bronze nos mundiais de Pequim com um salto acima dos 17.50 metros. Não saltava acima dessa marca em competições importantes desde 2009.
Não sei se alguma vez voltará a fazer mais do que os 17.50 metros mas uma coisa é certa: Nelson Évora é sempre um nome a ter em conta e ontem voltou a prová-lo.
A prova correu-lhe de feição. Ao segundo salto já estava em posição de medalha de bronze e ir para os três saltos finais com a possibilidade de gerir a prova, vendo saltar antes dele todos os rivais directos era claramente uma vantagem e um decréscimo de pressão se as coisas lhe corressem de feição.
Évora saberia que as marcas atingidas por Taylor e Claye ao terceiro ensaio não estavam ao seu alcance e, assim, controlou a prova com a serenidade que lhe confere a sua experiência.
Vendo que ninguém chegava à sua marca, o atleta do Sporting foi arriscando, na expectativa que a tal marca extraordinária lhe saísse. Não saiu, mas valeu a pena tentar (acabou por fazer dois nulos e um salto muito mau, quando já sabia que o bronze era seu).
Apenas para enquadrar, só o recorde pessoal de Nelson Évora daria para ganhar a prova de ontem. Todas as marcas obtidas ao longo da carreira teriam sido insuficientes para bater Taylor.
A prestação do português no triplo-salto do campeonato do Mundo de Londres foi, a meu ver, extraordinária e, neste momento, é difícil prever quando deverão deixar de contar com ele para as medalhas.
Nelson Évora esta aí para ficar. É duro e, se lhe querem comer a carne, terão de roer os ossos.
Parabéns, Nelson! A medalha também é nossa mas o mérito é todo teu!