Mitos e certezas
Ultimamente, muito tenho ouvido falar em fidelidade, ondas e números de adeptos falaciosos. É hora de cada um apelar à presença no estádio e vender os seus lugares anuais.
Quantas vezes já ouvi a teoria de que temos o estádio às moscas e que na nossa pior classificação de sempre jogávamos para 6 ou 7 mil pessoas! Pois, este post tem como objectivo encerrar certos mitos.
O Sporting, em 2012/2013, no ano trágico que nos deu a pior classificação de sempre da nossa história nunca jogou para menos de 19000 adeptos (na verdade até foram quase 20000) e na 27ª jornada, sem nada para vencer, foram mais de 30000 os presentes nas bancadas.
Quando afirmamos que somos diferentes: mais fiéis, mais dedicados, menos dependentes de resultados para nos fazermos sentir no apoio à equipa, sempre ouvimos um adepto rival a dizer que somos como os outros. Se ganhamos, enchemos o estádio, se perdemos somos meia dúzia. Isto é falso.
Este argumento é falso e a prova disso são os números, os irrefutáveis números.
São já treze temporadas sem vencer um campeonato e, ainda no velhinho Alvalade, registou-se a pior média de assistência de que me lembro: 14789 espectadores assistiram, em média, a cada jogo do Sporting. Ainda antes da construção dos novos estádios, fenómenos semelhantes aconteceram aos rivais.
Em 2002/2003 a média de assistências no Estádio da Luz foi de 22541 espectadores e, em 2000/2001, o Porto registou uma média de 17776 espectadores.
No novo milénio (15 épocas), apenas por uma vez o Sporting foi o clube com melhor média de assistências no seu estádio (28814, em 1999/2000).
Neste mesmo período, o Benfica teve 9 vezes a melhor média dos 3 grandes mas apenas nas últimas 6 épocas (curiosamente, os anos que Jorge Jesus passou na Luz) o conseguiu de forma consistente.
Nas restantes 5 temporadas, foi o Porto a superar os rivais, colocando no seu estádio mais adeptos (todas entre 2002/2003 e 2008/2009).
As temporadas deste milénio jogadas nos antigos estádios não trouxeram médias famosas e os números máximos são até muito semelhantes: Sporting (28814), Benfica (29924) e Porto (28248).
O Euro 2004 e os novos estádios tiveram o condão de 'acordar' os adeptos. A maior comodidade dos estádios, bem como a modernização a eles adjacente atraíram mais pessoas aos estádios.
No novo Estádio José Alvalade, as médias oscilam entre os 24606 e os 34988 espectadores.
No novo Estádio da Luz, as médias andam entre os 28395 e os 50033 espectadores.
No novo Estádio do Dragão, as médias foram entre 28685 e 38781 espectadores.
Curiosamente, o que se observa é que os que mais parecem andar ao sabor dos resultados são os adeptos do Benfica. A difereça de 21638 espectadores entre a melhor e a pior média no novo Estádio mostra isso mesmo. Se englobarmos todas as épocas do novo milénio, a média sobe para 27492 de diferença entre as épocas de menor e maior afluência.
Desde que o novo José Alvalade foi edificado, o diferencial resultante das médias de assistências foi de 10382. Analisando todo o novo milénio, esse diferencial sobe para 20199.
No caso do Porto (o clube que mais vitórias alcançou neste período) a diferença é idêntica à do Sporting. 10096 no novo estádio e 21005 neste novo milénio.
Em 15 temporadas as diferenças globais não são tão significativas quanto se quer fazer crer. O Sporting é, dos 3 grandes, aquele que menor média de assistências regista mas sem que se registem diferenças brutais e desadequadas aos universos de adeptos dos três clubes.
- Benfica (36959)
- Porto (31918)
- Sporting (28069)
Como se pode verificar, mesmo com um número reduzido de vitórias (apenas dois campeonatos em 15 épocas, ambos nas primeiras três temporadas deste novo milénio), os Sportinguistas são aqueles que menos definem o seu apoio pela posição na tabela classificativa.
Este tipo de análise não pretende, ao contrário das de outros clubes, assumir nenhuma espécie de superioridade. Pretende apenas desfazer mitos e comprovar factos. Não somos os que mais adeptos levamos aos estádios mas somos os mais fiéis e resilientes. Somos os mais dedicados e apaixonados e não dependemos de vitórias para estar ao lado da equipa de futebol.
Não nos assumidos como diferentes porque sim nem queremos com isso parecer melhores que ninguém. Somos diferentes e isso é um facto.
Agora, resta esperar que o efeito Jorge Jesus se faça sentir da mesma forma do que quando chegou ao Benfica (no primeiro ano de Jorge Jesus, a média subiu quase em 15000 espectadores) onde aparentemente, os adeptos iam ver a equipa que ele treinava e não a equipa da 'estrutura', que já era a mesma há quase uma década.
Para já, 20000 Gameboxes vendidas em cerca de duas semanas, parecem bom prenúncio.
Segue o infograma completo:
Fontes: http://www.european-football-statistics.co.uk/attn.htm; http://www.ligaportugal.pt/oou/estatisticas/espectadores/