Marítimo 0-1 SPORTING CP: Assim se fazem os campeões
Sim, foi difícil, e, mais uma vez, foi saboroso. Grande vitória, num campo difícil, frente a uma equipa que nos colocou muitas dificuldades.
A primeira parte foi fraca, muito por culpa do Marítimo, que soube forçar o nosso erro, sobretudo cortando as linhas de passe aos nossos homens do meio e bloqueando as saídas dos nossos laterais.
Fredy Montero foi quase um espectador na primeira parte, tão poucas foram as bolas que lhe chagaram. Ruiz também esteve algo escondido e foi Gelson a aparecer a agitar, a espaços, a frente de ataque.
A grande oportunidade da primeira parte foi mesmo do Marítimo, com Marega a obrigar Patrício a ser 'de elástico'. Ruiz também teve uma boa oportunidade mas atirou à figura de Salin.
Para a segunda parte, a nossa entrada esperava-se mais forte e a demora na subida para o segundo tempo trouxe-me a certeza de que Jorge Jesus já havia 'acertado agulhas'.
A EQUIPA entrou mais intensa, objectiva e perigosa. O golo não se fez esperar. Ainda antes dos 10 minutos e após uma brilhante combinação colectiva, João Mário coloca a bola 'redondinha' nos pés de Adrien Silva que não enjeita e coloca o Sporting na frente. Não fosse uma má decisão de Ruiz a meio-campo e teria sido ainda mais bonito, pois o lance começa com um lançamento lateral de Jefferson para Gelson, que coloca a bola em Adrien. Adrien joga em Montero que, com pezinhos de lã e uma classe imensa, entrega em Ruiz (é aqui que Ruiz deixa o homem do Marítimo dar um toque na bola), que perde para João Pereira recuperar. João Pereira dá em Paulo Oliveira, que devolve ao lateral direito. Depois, parecia que estávamos a Jogar FIFA: João Pereira, João Mário, João Pereira, Ruiz, João Mário parte os rins ao defesa e Adrien factura.
Imediatamente, sentiu-se confiança e tranquilidade na equipa. Inteligente, Jesus, assim que achou benéfico, trocou Gelson por Aquilani. A posse de bola era a prioridade e a gestão do jogo e do resultado foi sublime. Parecia um simples treino de posse de bola em espaços reduzidos (quem jogou futebol, sabe bem do que estou a falar). A facilidade com que Aquilani, Ruiz, João Mário e Montero trocavam a bola em zonas adiantadas era encantadora e, assim, se manteve a bola afastada da nossa área com qualidade.
Minuto 76 e voltamos a ver Patrício a brilhar nos Barreiros (como ele tanto gosta). Mais uma grande defesa a mostrar que os grandes guarda-redes não são aqueles que fazem 10 defesas num jogo mas sim aqueles que defendem as que lá vão e se mostram ligados e concentrados em todo o jogo.
Quando faltavam 10 minutos para terminar o jogo, Jesus troca Montero por Tanaka. Uma forma inteligente de não mexer na dinâmica defensiva da equipa, dando também uns minutos de descanso a Montero, que jogará novamente na 5ª, no importante jogo com o Besiktas para a Liga Europa.
Dois minutos em campo bastaram para Tanaka visar a baliza num bom remate de ângulo difícil.
Ainda haveria tempo para Rui Patrício voltar a brilhar num lance que teria outra relevância, não fosso o jogador do Marítimo estar em fora-de-jogo.
Naldo entra nos descontos para 'queimar' uns segundos, final do jogo e mais três pontos que ajudam a cimentar estatuto de líder.
Assim se fazem os campeões, com classe e sem despir o fato de macaco.