Isto não é futebol
O vídeo é bem elucidativo da imagem do futebol em desportos como o râguebi, em que o respeito pelo árbitro é, em 99.9 por cento das vezes, absoluto.
Claro que para isto acontecer, há que destacar a mentalidade de jogadores e dirigentes, que sempre primaram pelo respeito pela(s) figura(s) que dirige(m) o jogo, mesmo ainda antes das novas tecnologias serem uma realidade na modalidade.
Ainda assim, elas foram necessárias. Porque diminuíam a margem de erro do árbitro e contribuíam para atenuar potenciais injustiças.
Assim, temos um desporto competitivo, em que os jogadores cumprem as regras e respeitam quem as faz cumprir. Onde ganha a equipa que adopta a melhor e mais eficaz estratégia. Um desporto em que a arbitragem cumpre de forma clara e transparente as regras do jogo com a ajuda de meios sem os quais não seria possível decidir com justiça.
Um desporto em que comportamentos como o que vemos no vídeo são totalmente desviados da norma existente nesta fantástica modalidade.
Feita que está esta nota introdutória, vamos ao que interessa.
Ao futebol parecem não interessar as vozes que gritam que temos o mesmo caminho para percorrer e que esse caminho, para além de inevitável, é altamente necessário para a credibilização da modalidade, educação dos jogadores e respeitabilidade dos árbitros.
A mentalidade só se muda com transparência. A transparência diminui os comportamentos desviantes. Os jogadores respeitarão certamente um árbitro que sabem que, caso erre, tem a possibilidade de corrigir o erro de imediato.
O desporto ganha com isso e todos saem prestigiados de um fenómeno que movimenta milhões e é aqui que as coisas 'encalham'.
A maior parte dos milhões que circulam não estão nos clubes, nem nos salários dos jogadores, treinadores ou árbitros. Os milhões estão em off-shores, relacionados com apostas, corrupção, resultados combinados, transacções com jogadores e na posse de gente que nada contribui positivamente para o fenómeno desportivo.
É por isto que o vídeo-árbitro é tema tabu no futebol Mundial, mesmo que a Confederação Brasileira de Futebol, a Federação Holandesa de Futebol e a Major League Soccer façam testes e digam que o mesmo pode e deve ser implementado, reforçando que os benefícios são claros e os custos irrisórios face a esses mesmos benefícios. É por isso que todos estes testes positivos foram recusados pela FIFA e pelo International Board.
Escândalos como os que se verificam na FIFA e na UEFA acontecem a uma escala menor em muitas das federações e é por isso que a credibilização do futebol assusta quem o dirige. Porque se acabam as comissões, os favores e os sacos azuis. Porque a influência passa a ser relativa e torna mais difícil encher os bolsos de forma fácil e ilícita.
É urgente modernizar o futebol. É urgente que quem faz e quem assiste ao espectáculo não se sinta enganado e mantenha o entusiasmo pelo jogo. É urgente que ganhem os melhores.