Deixem jogar o Mané
Carlos Mané é, neste momento, um dos jogadores do Sporting mais subvalorizados.
Na sombra de Carrillo, tem agora hipóteses de marcar posição e cimentar o seu lugar entre as primeiras escolhas.
Parece-me evidente que Mané tem evoluído de forma gradual e vem mostrando esta época melhorias naquela que continuava a ser a sua maior deficiência: a tomada de decisão.
As duas assistências nos últimos dois jogos são indicador claro do seu maior critério na hora de soltar a bola.
A meu ver, o maior problema de Mané era, mais do que a tomada de decisão, a gestão das expectativas criadas à sua volta.
Alinhando como extremo, acho que sentia que devia ser mais criativo, arriscando mais vezes o duelo individual.
Hoje, percebe que a melhor opção é aquela que mais facilmente o aproxima do sucesso e não a que levanta mais adeptos da cadeira.
Mané deixou de se preocupar em jogar para a bancada e joga agora apenas e só para o colectivo. Devo ressalvar que isto não é uma crítica, pois não acho Mané um exibicionista. Apenas tem a ver com a tal gestão de expectativas de que já falei e até mesmo do histórico e das características dos extremos mais promissores da nossa 'cantera'.
É importante recordar que Mané não é extremo de formação e que foram muitas mais as vezes que actuou como ponta-de-lança do que as que o fez numa das alas.
Resgatado à equipa B em outubro de 2013, relembro que não tem ainda dois anos completos na equipa principal. No entanto, os seus números e influência directa nos golos rivalizam com qualquer um dos colegas de sector e não ficam a dever muito aos avançados do plantel.
São 69 jogos, 14 golos e 10 assistências em pouco menos de dois anos.
Por exemplo, os números de André Carrillo (o extremo mais valioso do plantel) nas duas primeiras temporadas ao serviço do Sporting, não foram melhores: 77 jogos, 6 golos e 13 assistências. E, mesmo comparando com as duas últimas temporadas (as melhores de Carrillo), Mané não fica nada mal na fotografia: 78 jogos, 9 golos e 21 assistências.
Vejam abaixo o quadro comparativo entre os avançados e imaginem o que pode ser Mané numa das posições da frente de ataque.
(clicar na imagem para ver melhor)
Dito isto, Jorge, deixa lá jogar o Mané e um dia destes, nem que seja na Taça da Liga, deixa que faça dupla com Montero na frente de ataque.