A qualidade não tem idade
Vejo que em Portugal está enraizado o estigma da idade nos futebolistas. Se tens 32 anos estás acabado e se tens 18 ainda não estás pronto. Tudo isto não tendo muitas vezes atenção ao essencial: a qualidade!
Falo nisto agora que, após estes jogos da Taça da Liga, muita qualidade se tem revelado nos jovens que a disputaram.
Se Wallyson, Gauld, Tobias ou Podence têm qualidade, porque é que têm de esperar por castigos ou lesões para lutar por um lugar?!
É justo que, se treinam com a equipa principal, sejam vistos como iguais na hora de decidir quem joga. Não quero com isto dizer que acho que qualquer um deles entraria de caras no 'onze'. Aliás, neste momento nenhum deles poderá ser considerado um indiscutível.
Mas fará sentido ter um jogador único no plantel, como Ryan Gauld e não aproveitar as suas características ímpares, por exemplo, em jogos em casa com adversários que quase nem atacam?!
Fará sentido sobrecarregar Adrien com jogos consecutivos quando Wallyson está mais que preparado para jogar?!
Porque não alternar Mané com Podence, sobretudo para não queimar Mané, que não se encontra num bom momento?!
Na minha opinião, a qualidade não deve esperar numa prateleira até ter idade para se mostrar.
Quantos jogadores de enorme potencial se perdem por medo de os lançar antes dos 23 anos? Muitos! E o pior é que é nesse período (entre os 18 e os 23) que se regista um dos maiores saltos evolutivos. O jogador está na fase de maior fulgor físico e é nestes primeiros anos que mais capacidade tem de aprender. Entre os 24 e os 28 já é uma fase de consolidação, vindo depois a fase em que a experiência assume maior preponderância.
Entendo o receio de Marco Silva em lançar alguns destes jogadores, mas falando no caso específico de Gauld, é um jogador que se estreou como sénior com 16 anos e aos 17 fez onze jogos na principal do Dundee United. Na época passada era titular indiscutível e participou em 39 jogos, tendo marcado 8 golos. Parece-me uma excepção entre os casos supracitados. Já foi lançado às feras e nós só temos de tirar partido disso, sobretudo numa altura em que já se mostra adaptado ao futebol praticado em Portugal.
As expectativas são elevadas e alguns parecem ter capacidade para as cumprir ou até ultrapassar. É necessário que para isso, lhe seja dado o devido espaço para crescer. Gauld pode ser o nosso maior trunfo a jogar nesta segunda metade da época. Tobias parece ter agarrado o lugar, pelo menos para já. Wallyson e Podence, talvez tenham de esperar pela próxima época, mas...
...Haja coragem, pois qualidade não falta!
