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Grande Artista e Goleador

A magia do desporto e uma noite mal dormida

Foi um sábado de emoções fortes.

Passei a tarde à espera do prato principal. O jogo de andebol era, para mim, o jogo mais aguardado.

Quase nem passei os olhos pelo futebol, apesar do PC estar com o streaming ligado.

Nervos e mais nervos.

Não vencemos mas fomos leões.

Há que alertar os menos atentos que disputámos esta final com o hexacampeão nacional (infelizmente, heptacampeão a partir de ontem) e vencedor da fase regular da temporada que agora findou. Para além disso, uma equipa de excelente nível, com grandes valores individuais e com um orçamento bem superior ao nosso.

Como já disse, fomos leões e não jogámos com uma equipa qualquer.

Vencemos dois jogos e não quebrámos, mesmo que pudesse pesar o facto de termos partido para o terceiro jogo com duas derrotas.

Levámos o jogo para a 'negra' e lutámos.

Lutámos e vendemos bem cara a derrota a uma equipa que nos respeitou e que, em certos momentos nos temeu.

Apesar de equilibrado, o jogo pendeu quase sempre para o lado do adversário e durante a maior parte segundo tempo a diferença de golos foi-nos sempre desfavorável e a margem até folgada em nosso prejuízo.

Nos minutos finais forçámos, fomos mais aguerridos e caímos em cima dos dragões.

Afinal, nada havia a perder.

Os azuis-e-brancos acusaram a pressão, intranquilizaram-se e a diferença foi diminuindo.

Até que com o tempo de jogo esgotado e com apenas um remate para efectuar, Fábio Magalhães encheu-se de força e o rosnar do leão fez-se ouvir bem alto (em minha casa não foi diferente, ao ponto da minha mulher se assustar e afirmar que preciso de acompanhamento médico).

Aquilo que parecia impossível aconteceu e estávamos na luta. Empurrámos o jogo para o prolongamento e estávamos em vantagem numérica.

Era a oportunidade de ouro!

Mais uma vez, chegámos ao final do prolongamento com um remate por fazer e a bola nas mãos de Fábio Magalhães. O estupendo remate do jogador leonino só foi parado por uma extraordinária defesa do luso-cubano, Quintana.

É verdade que podíamos ter ganho o jogo neste primeiro prolongamento. Não só porque tivemos o ascendente psicológico, mas também porque cedo nos colocámos com dois golos de vantagem que não conseguimos gerir até final.

No terceiro prolongamento o Porto voltou a passar para o comando do marcador e fez aquilo que nós não tínhamos conseguido: geriu e venceu com mérito.

É lógico que a desilusão é grande mas não deixa de ser um orgulho ver que os nossos atletas lutaram até ao fim por um resultado diferente.

Esta é a magia do verdadeiro desporto. Hoje perdes e amanhã ganhas.

Para os que acham que esta é mais uma vitória moral, não me entendam mal.

Perdemos! Foi uma derrota! E bem dolorosa!

Mas perdemos por detalhes e com uma boa equipa.

Vi um jogo em que, ao contrário de outros, o mérito do adversário foi superior a algum possível demérito da nossa parte.

Vi um jogo em que ambas as equipas erraram e aproveitaram erros alheios.

Vi que esses mesmos erros aconteceram porque foram provocados pela qualidade de ambos os conjuntos.

Vi um grande jogo de andebol em que ninguém merecia sair derrotado mas no qual não podiam haver dois vencedores.

Parabéns aos vencedores e aos dignos vencidos!

Esta é a magia do desporto. Ontem perdemos, amanhã ganharemos!

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