A comissão de gestão e o mercado
Praticamente terminada que está a tarefa da Comissão de Gestão, é tempo de fazer um balanço.
Na minha opinião, Torres Pereira e Sousa Cintra, líderes temporários do Clube e da SAD, fizeram um trabalho globalmente positivo. Não vou escalpelizar todos os actos de gestão por considerar que apesar de não concordar com a totalidade, nenhum passou os limites do razoável ou da gestão corrente.
Naturalmente que a ida para a tribuna no estádio do Benfica é reprovável mas não é algo que possamos associar à gestão pura e dura do Clube nem relacionar com quaisquer outros acontecimentos, como uma das listas candidatas às eleições já quis fazer ver (com insinuações despropositadas à mistura).
Posto isto, vou analisar mais a fundo aquilo que foi o mercado de transferências e o resultado final de um plantel que inicialmente se apresentava desfalcado de alguns dos seus maiores activos, fruto das conhecidas e mais que faladas rescisões unilaterais de contrato levadas a cabo por nove dos jogadores do plantel do ano passado.
O Sporting foi para estágio na Suíça com 29 jogadores. A esses acresciam Acuña e Coates, em período de férias devido à presença no Campeonato do Mundo.
Dos 29 jogadores presentes no estágio, apenas 19 viriam efectivamente a fazer parte do plantel:
- Cristiano Piccini e Seydou Doumbia saíram em definitivo;
- Jonathan Silva, Domingos Duarte, Merih Demiral, Matheus Pereira, Francisco Geraldes, Ryan Gauld, João Palhinha e Mattheus Oliveira saíram por empréstimo.
Aos 21 jogadores que restaram no plantel foram acrescidos os regressos de Bruno Fernandes, Bas Dost e Rodrigo Battaglia, em condições financeiras ainda a confirmar mas que se espera (e fazendo fé nas palavras de Sousa Cintra) que não tenham implicado esforços financeiros incomportáveis ou irresponsáveis.
Nani (ex-Valência) regressou a casa e, como ele, em definitivo, veio Abdoulay Diaby (ex-Club Brugge). Renan Ribeiro (ex-Estoril) e Nemanja Gudelj (ex-Guangzhou Evergrande) vieram por empréstimo e, nas mesmas condições, chegará Stefano Sturaro (ex-Juventus), ainda a recuperar de uma lesão em Itália. Com este estará assim completo o plantel que actualmente contempla 29 jogadores.
Emiliano Viviano (ex-Sampdoria), Marcelo (ex-Rio Ave), Raphinha (ex-Vitória SC) e Bruno Gaspar (Fiorentina) estavam já contratados pela anterior direcção e integraram o plantel desde o primeiro dia.
Parece-me inegável que a comissão de gestão não se prestou a grandes loucuras no mercado, como eu acho que lhes competia. Dessa forma, conseguiram dotar a equipa de mais valor do que aquele que o plantel tinha no início da temporada. Na minha opinião, não se poderia pedir muito mais. Todos queríamos que tivessem chegado a Alvalade mais craques da craveira de Nani mas a nossa situação financeira não permitiria captar outros valores, até porque nem todos viriam por amor e/ou gratidão, como acho que veio o nosso "Nanaca" (apesar de naturalmente bem e justamente pago).
Há ainda os casos das dispensas (por empréstimo) dos jogadores da formação mas aí já acho que se limitaram a satisfazer os desejos de José Peseiro, que terá notado em alguns jogadores falta de compromisso e entrega. Se assim foi, embora não concordando com a dispensa de tamanho potencial futebolístico, terei de aceitar a decisão de quem gere os recursos que nos terão de defender em campo e lutar pela conquista de pontos e títulos.
Por fim, abordo a situação dos jogadores que rescindiram. Os regressos de Bas Dost e Bruno Fernandes eram, a par de Rui Patrício, para mim, os mais importantes. A comissão de gestão conseguiu garantir a integração de Fernandes e Dost, juntando-se depois Battaglia.
William Carvalho foi o único dos nove que rescindiram que a comissão de gestão vendeu. As condições acordadas com o Betis não foram ao encontro daquilo que, em condições normais, William valeria mas acho que se fez o negócio possível, dadas as circunstâncias.
Rui Patrício, Daniel Podence, Rafael Leão, Gelson Martins saíram para Wolves, Olympiacos, Lille e Atlético de Madrid respectivamente, enquanto que Rúben Ribeiro continua sem clube.
Todos estes casos seguiram os trâmites legais para que o Sporting possa ser ressarcido pelas suas perdas. Em todos eles estou convicto que ganharemos, embora isso possa não resultar numa compensação financeira justa.
Em traços gerais, sem desvarios e loucuras, a comissão de gestão dotou o Sporting de um plantel bem mais competitivo do que aquele que encontrou e, em conjunto com José Peseiro, elaborou o grupo que todos desejamos que levante o troféu da Liga NOS no final da temporada.
Concordo com Dias Ferreira (foi a sua lista que se pronunciou nos últimos dias); a política de gestão e aquisição de jogadores deve mudar, independentemente da candidatura que vença as eleições de sábado, acrescento eu. Concordo que os atletas da formação (desde que motivados e comprometidos - e esta é uma ressalva importante) deverão ser parte integrante e fundamental do futuro do Sporting, desenvolvendo todo o seu potencial e o colocando-o em prol dos objectivos do Clube. Não concordo que a comissão de gestão seja colocada no mesmo saco da anterior direcção, no que concerne à política de contratações adoptada, como facilmente se percebe nas linhas que atrás escrevi.
Posto isto, que o próximo presidente pegue naquilo hoje existe e o torne ainda melhor. Que o Sporting possa finalmente ter alguma estabilidade e glória na modalidade em que esta nos tem faltado e na qual todos ansiamos voltar a ser felizes.
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