SPORTING CP 1-0 Moreirense: Até quando isto durará?
Não sei até quando durará esta sorte (que não é só sorte) mas começo a achar que as minhas baixas expectativas no início da temporada podem vir a subir aos poucos, tal é a consistência com que saímos por cima em momentos difíceis e sobretudo em momentos difíceis enquanto jogamos mal e desgastados.
O jogo de hoje teve imensas contrariedades, muitas delas antes do apito inicial. As ausências de três dos quatro titulares habituais da defesa, de William e Bas Dost eram, já de si, dificuldades suficientes para dar algum alento ao Moreirense.
O Sporting fez um jogo muito atabalhoado mas onde, ainda assim, conseguiu criar algumas situações de golo.
O Moreirense teve uma única oportunidade de golo em todo o encontro, de bola parada, a que Rui Patrício respondeu com uma defesa que teve tanto de difícil quanto espectacular.
Do Sporting, lembro-me de sete boas oportunidades de golo. Um número mais do que suficiente para que tivéssemos resolvido o jogo mais cedo mas que é, ainda assim, revelador de capacidade ofensiva mesmo num dia em que a exibição foi muito fraca.
Só na primeira parte há cinco excelentes oportunidades, três delas desperdiçadas por decisões egoístas ou erradas.
A primeira não chega a ser verdadeiramente uma oportunidade porque Bruno Fernandes preferiu o remate de longe em vez de isolar Gelson e a segunda é de Battaglia, que aproveitou uma bola dividida entre Montero e um defesa para atirar por cima (exigia-se uma execução rápida e, para ter sucesso, a bola teria de ter caído noutros pés).
A terceira oportunidade surge de um remate falhado de Gelson...a bola encontra Bryan Ruiz que, só com o guarda-redes pela frente, atira frouxo e à figura.
De novo Bruno Fernandes...bastava encostar para Montero finalizar mas preferiu atirar à baliza. A bola foi por cima da barra. Não era o dia de Montero que, pronto para encostar para a baliza (e em posição legal), vê André Pinto tirar-lhe o pão da boca, levando a bola para fora da baliza.
Na segunda parte, Gelson haveria de ser isolado por Montero mas depois de tirar um defesa do caminho, permitiu a defesa a Jhonatan. O guarda-redes brasileiro acabaria por não conseguir travar o último remate do encontro, também de Gelson, que saiu desviado por um defesa.
Mesmo a jogar mal, devíamos ter chegado ao intervalo a vencer por uma margem folgada. Bastava para isso ter sido eficaz. Eficácia que não é a mesma sem Dost em jogo. Mas como Jesus deu cabo dele...
O lance do golo é todo de Rafael Leão e guardo este parágrafo para dizer que o génio é suficiente para resolver um jogo mas não chega para fazer uma carreira brilhante. Pode até nem chegar para fazer carreira.
Leão tem tudo o que é necessário para ser um jogador de topo mundial. Há anos que o digo e vejo nele um potencial muito maior do que via em Gelson, por exemplo.
A atitude competitiva de Rafael Leão não foi a mais adequada nos mais de 30 minutos que esteve em campo e isso obrigou os colegas a um esforço redobrado (sobretudo Bruno Fernandes e Acuña). A juventude não explica tudo, até porque o Sporting tem o dever de preparar os jogadores para este natural deslumbramento. Leão só jogou com a redondinha nos pés e não pode ser. Tem de correr, tem de lutar, tem de compensar com entrega aquilo que lhe falta ainda em capacidade táctica. A meia-hora de ontem deu razão a Jesus, que havia dito há dias que o jovem leão tem o génio, faz o que fazer com bola mas, sem ela, não se sabe comportar em campo. Cabe a Rafa compensar essa lacuna sem bola com entrega nos limites.
Mas atenção, nada disto é um correctivo a uma das maiores promessas da Academia. É apenas uma lição. Se meter tudo em cada momento do jogo, lances como o que resolveu este vão sair em catadupa. Na única vez que foi à luta e meteu o pé, roubou uma bola e construiu sozinho a jogada que, nos descontos, deu os três pontos. E tão importantes que eles foram. Basta que o Rafa meta os olhos no Gelson e aprenda, que o resto ele fará ainda melhor.
Volto a frisar aquilo que já havia feito em ocasiões anteriores. O golo ao cair do pano tem tanto do acaso como de mérito. Esta equipa não desiste e sobressai na adversidade. Só os grandes sobressaem nestes momentos. Só as grandes equipas, com homens de carácter e abnegados conseguem fazer isto com esta consistência. Não atribuamos os créditos todos à sorte, pois ela foi nossa amiga mas nós fomos à procura dela.
Se há jogo difícil para fazer destaques individuais, este é um deles. Apetece-me dar o prémio de MVP a Acuña, pela garra e consistência, mesmo que sem rasgo ou brilhantismo mas o golo de Gelson nos descontos, o que ele corre e ajuda na defesa e os desequilíbrios que procura durante cada momento do encontro fazem com que esqueça que nem sempre decide bem e que cometeu a burrice de tirar a camisola depois de já ter visto um amarelo. O primeiro amarelo que, diga-se, pode ter valido por bem mais do que um simples cartão, tais podiam ter sido as implicações se tem deixado Dramé entrar na área.
Destaque para Rui Patrício, que voltou a fazer uma defesa daquelas que valem pontos, mais ainda com o que aconteceu imediatamente a seguir e menção honrosa para os primeiros 45 minutos de Bryan Ruiz, que foram do melhor que se viu dele esta temporada. Depois foi-se abaixo.
Abaixo que é coisa que Bruno Fernandes nunca vai, mesmo que tenha feito uma das piores exibições desde que chegou. Péssimo nos momentos de decisão no último terço, salva a exibição com uma alma do outro Mundo que o levou a correr quilómetros e a sacrificar-se sempre em prol do colectivo.
Relativamente à arbitragem... Tiago Martins é um árbitro fraco. Inconsistente nos capítulos técnico e disciplinar, tenta deixar jogar mas nem sempre toma as melhores decisões. Se estas são questões já de si bastante limitativas, juntemos o facto de ter sido mal assistido no lance que dá a expulsão de Petrovic (que nem falta me parece ser e, a ser, a amostragem do amarelo é para lá de ridícula) e temos uma arbitragem que podia bem ter tido influência no resultado. Salva-se por, pelo menos, ter tido a capacidade para corrigir um erro, para o qual o VAR alertou.
Sublinho novamente. Jogámos mal mas não é a altura certa para bater na equipa, que com tantas contrariedades soube reagir e, sem metade dos titulares, arrancou mais um jogo sem sofrer golos, o décimo esta temporada em Alvalade (em 13 jogos).
Não sofremos um golo em casa, para a Liga, há sete jogos consecutivos e o último a marcar foi Danilo, do Braga, a 5 de novembro do ano passado (são 631 minutos, fora descontos, sem que Rui Patrício tenha sofrido um único golo).
A melhor série são 11 jogos consecutivos sem sofrer em casa (1978/79), sendo que nessa época não sofremos golos em Alvalade em 12 dos 15 jogos disputados para o campeonato. A série deste ano já vai nos 10 encontros em casa sem golos sofridos.
Os 59 pontos amealhados igualam a pontuação da primeira época de Jorge Jesus, à 24ª jornada, precisamente a fase em que o Sporting baqueou.
A 25ª jornada, curiosamente, voltará a ditar um embate que poderá ser decisivo na luta pelo título. Há duas épocas perdemos em casa para o Benfica, no jogo que nos custou a perda da liderança (que nunca mais recuperámos).
Será que na sexta-feira encetamos uma perseguição que nos levará, finalmente, ao título?
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