"Contra tudo e contra todos", afirmou Nuno Lopes após o final do jogo da Supertaça de hóquei em patins, que o Sporting venceu por 4-2 ao Benfica, depois de ter estado a perder por 2-0.
Antes de mais, devo dizer que, se há equipa que soube reinventar-se nos últimas três épocas, foi esta. Tudo começou com a qualificação para as competições europeias. Seguiu-se uma vitória épica dessa mesma competição europeia. E, agora, começámos uma época de enorme ambição com uma vitória na Supertaça.
Para os menos atentos à modalidade e à realidade da mesma, será necessário relembrar que o Benfica é uma das melhores equipas da Europa, com campeões europeus e mundiais, mas nada que o esforço, a determinação, a ambição e a qualidade dos nossos rapazes não consiga superar.
É importante ressalvar que o parágrafo anterior nada tem de menosprezo para com os nossos, bem pelo contrário. Apenas quis frisar que o rival vem de épocas de sucesso constante e com uma equipa consolidada que foi inclusive campeã europeia há poucos anos. Isso só valoriza ainda mais a nossa vitória. E mais, daqui para a frente, queremos ser nós a atingir o topo da Europa.
Claro que, para atingir os nossos objectivos ajuda ter aquilo que nós temos. Um grupo unido, uma equipa coesa, um treinador de grande nível, o melhor guarda-redes do Mundo, um virtuoso mustang, um capitão na verdadeira acepção da palavra, um conjunto de reforços de qualidade e todo um plantel que forma uma verdadeira equipa.
Nuno Lopes é, para mim, o protótipo do treinador à Sporting: Sportinguista, competente, exigente, vibrante, emocional e ambicioso. Acredito que, se lhe perguntarem pelos seus objectivos de carreira, vai limitar-se a dizer que está onde sempre quis estar e apenas espera por conquistar o Mundo de leão ao peito.
Quanto ao jogo de ontem, foi mais um hino à superação, com sofrimento mas com uma segurança e qualidade que ainda não tínhamos na época passada.
Um adversário com qualidade, um ambiente adverso, o retardar da entrada dos nossos adeptos, uma arbitragem com erros sucessivos em nosso prejuízo, vários períodos em inferioridade numérica...
"O palco estava montado para que outros fizessem a festa", dizia Nuno Lopes.
Mas a história ainda estava por escrever e esqueceram-se que alguém podia ambicionar um final diferente.
Depois de 15 minutos difíceis, de estudo de ambas as partes, mas onde o Benfica foi eficaz, vimo-nos em desvantagem por dois golos de diferença.
O golo de André Centeno, ainda antes do intervalo foi importantíssimo para aumentar a moral e manter o foco.
A segunda parte foi de grande nível. Girão intransponível, João Pinto endiabrado, a bisar, e estava feita a reviravolta no resultado.
Tempo de entrar em jogo a dupla de arbitragem.
Livre directo duvidoso. Defesa de Girão. Árbitro manda repetir e Girão vê cartão azul. Zé Diogo vai para a baliza e o jogador do Benfica falha a repetição.
Seguem-se dois minutos de esforço e dedicação em que Zé Diogo substitui de forma exemplar o melhor do Mundo e mantêm o resultado do nosso lado.
Mais uma decisão errada e nova inferioridade numérica. Grande penalidade desperdiçada pelo adversário, seguido de um livre directo desperdiçado por Luís Viana.
O Benfica parecia nervoso e nós confiantes e determinados mas, faltava a estocada final, que veio após um disparate do guarda-redes adversário, que fez falta fora da área, foi excluído com cartão azul e deixou Luis "Zorro" Viana frente a frente com o habitual suplente do clube da Luz.
Aqui houve aquilo que eu adoro no desporto e que eu quero para o Sporting: classe, qualidade e alguma dose de arrogância num acto de ligeira humilhação (num sentido positivo, em que a classe e qualidade são empenhadas de tal forma que se torna humilhante). O gesto técnico de Viana é sublime e só está ao alcance de grandes executantes e de um jogador com a sua experiência e audácia.
"Os adeptos do Sporting foram os últimos a chegar mas vão ser os últimos a sair hoje", lembrou Nuno Lopes após escrever mais uma bela página na história do nosso Clube.
Depois, foi bonita a festa e foi mais uma vez espectacular observar a comunhão perfeita entre esta equipa e os nossos incansáveis e fiéis adeptos.
Se querem um bonito testemunho da união desta equipa, basta ver Girão e Zé Diogo de camisolas trocadas na hora dos festejos.
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Jogo completo
Flash Nuno Lopes