A entrevista de João Couto, esta semana, ao Jornal Sporting dá o mote para o post de hoje. O novo treinador de futebol dos juvenis fala do passado e do presente, sempre com os olhos no futuro.
Questionado sobre se haveriam ou não juvenis a disputar a fase final do Nacional de Juniores, Couto disse: "Temos de ver se há condições para o fazer, porque subir por subir não tem interesse. Acontecerá se os atletas beneficiarem com isso, se tiverem espaço para jogar e se a equipa também ganhar com isso", aproveitando para ressalvar que será uma situação para ser analisada em conjunto com Luís Boa Morte, o actual treinador dos juniores.
Relativamente à equipa de juvenis diz: "Posso dizer que entrei a matar", garantindo que "os nossos próximos jogos vão ser encarados como se de Campeonato Nacional se tratassem" e que "em termos competitivos, é ganhar todos os jogos". Salienta ainda: "Quanto aos jogadores, não vi dramas. Claro que estão tristes, mas têm tido uma postura digna, à Sporting!". Termina dizendo: "Vamos definir objectivos internos para maximizar os ganhos, aumentar a competição e obrigar a equipa a trabalhar nos limites".
Servem as frases que destaco da entrevista para que vos transmita aquilo que julgo que devia ser feito até ao final da temporada nos diversos escalões de futebol do nosso clube e que, na verdade, julgo até que já foi iniciado por Bruno de Carvalho, em conjunto com os responsáveis pelas várias equipas.
JUVENIS
Tal como refere João Couto, todos os jogos são para ganhar e de preferência goleando.
Não sou um profundo conhecedor deste escalão, no entanto, vi dois ou três jogos que deram para perceber que há bastante qualidade ente os intervenientes. Assim sendo, como forma de preparar a transição para os juniores e tendo em conta a menor competitividade que encontrarão até ao final da temporada nos juvenis, julgo que todos os atletas que se encontrem no seu segundo ano de juvenil (se não estiver enganado, e os nascidos em 1998 forem juniores para a próxima época, estamos a falar de quase todo o plantel) e se encontrem preparados para subir um patamar, devem fazê-lo já.
JUNIORES
É mais que notório que esta equipa de juniores foi quase que feita de raiz, com a maior parte dos jogadores a chegar esta temporada. Isto indica que algo do que está para trás foi mal feito e deve começar a ser corrigido. Apesar da passagem à fase seguinte, com duas jornadas ainda para jogar da primeira fase, esta equipa tem demasiadas fragilidades e manifestamente pouco valor. Prova disso é a quantidade de jogadores já protegidos com contrato profissional (do que é público, julgo que apenas o guarda-redes Vladimir Sojkovic, Hugo Meira e Fabinho - os dois últimos terminam o vínculo esta temporada).
Ora, este cenário leva-me a pensar que quase a totalidade desta equipa de juniores será dispensada no final da época pois, caso contrário, já estariam seguros contratualmente. Como não é o caso, devemos mesmo fazer subir os juvenis mais aptos para jogar a fase final, complementando com os juniores com mais qualidade e com os quais ainda haverá possibilidades de assinar um vínculo profissional (casos de Bruno Wilson, João Serrano ou Rafael Barbosa, por exemplo). Isto sem contar os juniores que já se encontram em definitivo na equipa B (estes já 'blindados' com contratos de longa duração).
Adivinham-se dificuldades para a fase final que, a meu ver, devem centrar-se na evolução dos jogadores a pensar no futuro. Claro que é importante vencer jogos, mas mais do que isso devemos preparar os mais jovens e integrá-los da melhor forma, com vista a retirar proveitos lá mais para a frente.
EQUIPA B
Parece que, aos poucos, a casa vai sendo arrumada. Depois dos empréstimos de Iuri Medeiros, Fokobo e Chaby, e tendo em conta os rumores, mais gente sairá para 'rodar'.
Julgo que a ideia é 'emagrecer' o grupo, para que todos tenham oportunidades de jogar e evoluir e, se assim for, concordo em absoluto.
O grupo é ainda extenso, ainda para mais com os regressos de Rubio e Zezinho. Betinho não tem jogado e julgo que deve equacionar-se também o seu regresso.
Aproveito para sugerir alguns nomes de jogadores que penso que deviam seguir para empréstimos: Dramé, Enoh e Gazela (nem todos pelos mesmos motivos motivos). Excluo desta lista Sacko, que está ainda em fase de adaptação ao país (será mais benéfico emprestá-lo no início da próxima temporada, depois de avaliadas as suas possibilidades de fazer parte do plantel principal - que a mim me parecem, para já, reduzidas).
EQUIPA PRINCIPAL
Depois da saída de Maurício e da pronta entrada de Ewerton, parece-me lógico que o centro da defesa se encontre fechado. Pareceu-me uma movimentação estratégica e claramente pensada e por isso não faz sentido mexer mais.
Na baliza não há nada para alterar (no fim da época falarei disso).
Nas laterais, julgo que deviam ficar Cédric (renova lá, rapaz!), Geraldes, Jefferson e Jonathan. Acho que devemos tentar novo empréstimo de Miguel Lopes, que já se percebeu não ter qualidade nem margem de progressão.
Como disse, com o centro da defesa fechado, temos neste momento cinco jogadores para dois lugares (Paulo Oliveira, Ewerton, Tobias, Sarr e Rabia). Fazendo dos três primeiros o núcleo duro (só faz sentido a vinda da Ewerton para jogar), sugiro que os outros vão jogando na equipa B até ao final da temporada.
Na posição '6', William é 'Rei e Senhor'. Não há rival para Sir William e arrisco dizer que Rosell terá de disputar a segunda vaga com Zezinho (acredito muito nele e saúdo o seu regresso).
Nas duas posições que sobram no meio campo temos Adrien, João Mário, André Martins, Slavchev, Wallyson e Ryan Gauld (não sendo 'oficial', para mim, os dois últimos devem fazer parte do plantel principal). Slavchev precisa de minutos e, se ainda não está totalmente adaptado nem preparado para ser opção na equipa principal, que jogue na B. Mantinha André Martins até ao final da época e teria uma conversa franca com o médio: sendo óbvio que não evoluirá muito mais, não é menos óbvio que não é uma má solução para o banco mas, por outro lado, temos valores a emergir para a sua posição. Juntando a isto o facto de não ter visto ainda o seu contrato renovado, venda-se no final da temporada depois de ouvir a sua vontade. Ficaríamos assim com cinco médios para dois lugares, suficiente para prevenir possíveis lesões (claro que os não convocados a cada jogo, devem alinhar na equipa B, sempre que se justifique).
Nas alas ofensivas, contamos com Nani, Carrillo (o Bruno que se chegue à frente com o papel e mais 'papel', tu mereces!), Mané, Heldon, Capel, Esgaio e Podence (mais uma vez, tomei a liberdade de adicionar este último ao plantel). Mantinha Nani, Carrillo, Mané, Heldon e Podence, com este último a alternar, sempre que necessário entre a A e a B. Capel, com todo o respeito pelo andaluz, tem de ser para vender já. Esgaio precisa de jogar e um empréstimo pode servir para se mostrar ou tirar algumas dúvidas sobre a sua utilidade futura (sou dos que lhe vê qualidade, mas muita gente não acredita no seu valor).
Quem tem Slimani, Montero e Tanaka não pode declarar-se insatisfeito. Não mexe em nada que pode estragar.
Julgo que a minha opinião seja corroborada pela opinião pública geral, mas achei interessante fazer este 'exercício', sobretudo por mostrar uma visão a partir das camadas mais jovens.