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Grande Artista e Goleador

Ryan em gestão de esforço?

A ausência das convocatórias das equipas A e B levam a crer que, após ter estado presente num compromisso da selecção escocesa de sub 21, Ryan Gauld terá chegado fatigado.

Ryan Gauld foi substituído quase no final do encontro mas, na ausência de sinais que tenham evidenciado algum problema físico, parece ter sido uma alteração puramente técnica.

Hoje, ao tentar procurar o motivo da sua ausência nas convocatórias para os jogos de hoje, deparei-me com esta notícia.

Basicamente, a notícia diz que, na Escócia, grupos de adeptos do Dundee United se manifestaram contra os recebimentos por parte do técnico Jackie McNamara de parte dos valores das transferências de jovens jogadores.

Assim, a direcção do clube teve de dar explicações aos adeptos para tal medida.

Segundo a direcção do Dundee, o clube reduziu encargos com vencimentos e, em vez de comprar jogadores experientes (aos quais teria de pagar vencimentos mais elevados), resolveu apostar num treinador que assumisse a aposta nos jovens da formação.

Escolhido para essa tarefa, McNamara parece estar a cumprir com os desejos da direcção, já que Ryan Gauld foi transferido para o Sporting, Andrew Robertson para o Hull City e Stuart Armstrong e Gary Mackey-Steven para o Celtic e, mesmo com a percentagem recebida pelo técnico, que está mesmo contratualizada, o clube conseguiu reduzir a dívida para menos de metade, tendo mesmo previsto que , no final desta época, será praticamente metade da actual.

 

Parece-me um método de gestão que pode ser controverso para alguns adeptos, mas não deixa de estar assente numa estratégia delineada que, aparentemente, tem resultado.

Talvez fosse um bom método para 'obrigar' alguns treinadores a apostar mais nos jovens e, quem sabe, não saiam todos a ganhar com isso.

Um bom tema para se discutir.

Mais ecos

Phil Jones, internacional inglês, ao serviço do Manchester United afirma que Cristiano Ronaldo, o protótipo do atleta perfeito, foi o jogador fisicamente mais apto contra quem jogou.

A pergunta veio a propósito dos rumores que dão conta do regresso de CR7 a Manchester.

Ora, Phil Jones nunca jogou com o detentor da Bola de Ouro da FIFA e, vai daí, perguntaram-lhe qual o jogador com quem tinha jogado que mais se aproximava da invejável forma física de Cristiano Ronaldo.

A resposta foi: Nani.

Matheus Pereira em destaque no Brasil

Uma das mais aclamadas categorias de base de futebol do planeta, a do Sporting, a única a revelar dois jogadores que ganharam o prêmio de Melhor Jogador do Mundo, tem em uma de suas principais joias um brasileiro, que até já tem contrato até 2020 e está protegido por 60 milhões de euros (R$ 204 milhões). Matheus Pereira, mineiro de apenas 18 anos, já tem atuado pelo equipe B dos Leões, e nesta sexta-feira volta aos juniores para reforçar o time no clássico contra o Porto. Porém, o sonho é seguir os passos do maior astro que saiu do centro de formação de Alcochete: Cristiano Ronaldo.

- O Cristiano Ronaldo é muito falado na academia... No meu ponto de vista é um forte referencial, dentro e fora de campo. As pessoas falam muito dele para qualquer jogador que chega. Usam muito ele aqui - disse Matheus em entrevista ao LANCE!, para depois falar sobre o seu grande objetivo no futebol:

- Desde o Brasil sempre tive o sonho de chegar ao Manchester United. Pelo que tenho visto, as coisas acontecendo, acho que o meu futebol encaixaria no futebol inglês, eu me daria bem. O meu sonho é na Inglaterra. A Premier League é muito competitiva, gosto disso. Quero um dia poder jogar lá. Quero seguir os passos que ele seguiu. Começar na base do Sporting, subir, e mais para a frente ser vendido e jogar lá, seguir os passos. Muito que ele fez aqui é o meu foco.

- Eu sou ponta esquerda, jogo também na direita. Gosto de ir para cima e fazer gol, gosto de driblar, de cruzar, sou um jogador rápido, explosivo, com boa técnica. Gosto de pegar a bola e ir para cima, e se der, vou sempre para cima, esse é o tipo de jogador que eu sou (risos).Ao entrar em contato com Matheus por telefone celular e ver a foto do seu perfil no WhatsApp, já dá para imaginar o seu estilo de jogo. Na imagem, está driblando e um rival já busca a falta... Pelas referências, é bem por aí mesmo. Além de CR7, o jovem atacante diz que tem Neymar e Messi como espelhos, gosta até de "perder" tempo vendo os três.

Segundo ele próprio, tudo começou quando era criança. Nascido em Belo Horizonte, viveu durante um período em Governador Valadares e chegou a atuar pelo Filadélfia e pelo Democrata ainda muito novo. Quando os seus pais migraram para Portugal, foi morar com os avós e os tios na capital mineira, e cerca de um ano depois fez alguns treinos no Cruzeiro, e enfim o seu pai o levou para Lisboa. A primeira experiência foi no modesto Trafaria.

- O cara que treinava lá era olheiro do Sporting e me levou para fazer uns testes na base. Fiquei cerca de um mês e eles gostaram. Acabaram me chamando para entrar. Fiquei ano lá na Cidade Universitária, onde ficam os infantis, depois vim para Alcochete. Até hoje estou e o percurso foi esse, subindo pouco a pouco.

- O clube tem tradição em revelar grandes jogadores. Cara... É uma estrutura fantástica, nunca vi uma assim. Trabalham muito bem até com o caráter das pessoas, ajudam muito os atletas não só financeiramente, mas também se precisar de outra coisa, estão sempre presentes. Estrutura muito forte, considerada uma das melhores do mundo. Não só a estrutura física, mas tem psicólogo, tem tudo que precisa, escola, professores, muita coisa boa. E é olheiro para todos os lados, sempre vendo. Onde tem destaque, talento, já estão em cima.E por falar em Alcochete... De lá saíram os dois vencedores do prêmio de Melhor Jogador do Mundo: Figo e Cristiano Ronaldo. Nas últimas décadas, saíram da cidade da Grande Lisboa outros astros como Nani, João Moutinho, Futre, Quaresma... Matheus demonstra euforia ao falar das instalações dos Leoninos.

- Está sendo uma experiência muito boa, o pessoal tem me recebido muito bem, tenho me adaptado bem ao estilo de futebol. Não posso dizer ansiedade... Mas um desejo no meu coração em ir para os jogos principais. Tenho muito a crescer, aprender e evoluir, e para a frente poder estrear na equipe e fazer o que tiver que ser feito.Aos poucos o atacante começa o processo de ir para o time de cima. Já fez alguns jogos pelo Sporting B, e na última semana fez o seu primeiro treino com o time principal, durante atividade no Estádio José Alvalade. De quem já está lá, o também brasileiro Jefferson o tem ajudado bastante e garante que não tem nervosismo para essa nova etapa.

- Já são quase cinco anos aqui, isso já passou pela cabeça sim, meu pai já pensou em fazer minha nacionalidade para jogar por Portugal. Mas ainda tenho esperança de jogar pelo Brasil, trabalho para isso, ter oportunidade, agarrar e nunca mais sair. Seleção portuguesa? Já pensei, mas o desejo mesmo é Brasil - disse Matheus, que nunca recebeu contato da CBF.Por se tratar de um brasileiro já há alguns anos em Portugal, impossível não falar na seleção local, que já contou com Deco e Liedson, e tem até hoje o zagueiro Pepe, todos nascidos no Brasil. Porém, o seu sonho não é exatamente esse.

- Eu sou cristão desde berço. Tive uma má fase na minha vida, e cerca de um ano atrás eu voltei para Jesus, para Deus, e tenho seguido aquilo que Ele tem me pedido. É muito importante a religião na nossa vida, a base de tudo é Deus, sem Ele a gente não consegue nada, e está sempre presente na minha vida, preciso sempre - concluiu.O que nunca sai do pensamento de Matheus é a religião. Muito apegado a Deus, o atacante de 18 anos garante que é um jovem reservado, não frequenta noitadas e é caseiro.


Retirado da página Sporting Brasil Oficial

Tanaka, o Adriano japonês

Interessante o artigo de Sério Pereira no Mais Futebol, acerca de Tanaka (os vídeos acompanham o artigo do MF).

 

Tanaka é provavelmente a antítese do jogador de futebol típico: não veio de um meio pobre nem nasceu com um talento demasiado evidente para além de um remate forte.
 
Nasceu em Tóquio e cresceu no seio de uma comunidade desenvolvida.
 
Frequentou o jardim de infância, a escola primária, a escola secundária e a universidade, onde cursou educação física. Como professor diplomado, orientou-se para ser jogador, um sonho que trazia desde menino, e trabalhou muito para desenvolver os aspectos menos fortes do futebol dele.
 
Tanaka não é, por isso, fruto do talento inato: é fruto de um exercício de desenvolvimento.

Tudo nele foi metodicamente calculado e exponenciado. Tudo menos o remate forte, lá está: isso sim, é inato. O japonês conta até que um dia, ainda no jardim de infância, alguém o viu rematar e lhe disse que ainda jogaria na primeira divisão japonesa.
 
Aquela profecia nunca lhe saiu da cabeça.
 
Mas há mais, claro. Na juventude, por exemplo, Tanaka dividiu o futebol com a prática também do basquetebol: uma partilha que se tornou quase obrigatória perante a tendência do japonês para crescer rapidamente.
 
Chegou muito cedo a medir 1,80 metros, aliás, e por isso, já na faculdade, mostrou-se preocupado perante os responsáveis. Com estes traçou um plano para travar o crescimento: Tanaka não queria perder velocidade ou flexibilidade.
 
Refira-se que a faculdade em causa foi a Universidade Juntendo: à semelhança do que acontece nos Estados Unidos, quando os talentos acabam o ensino secundário são recrutados por uma universidade, na antecâmara da profissionalização.
 
Tanaka recebeu, garante, convites de mais universidades, mas preferiu a Juntendo. Lá, e outra vez por causa do remate forte, ganhou a alcunha de Adriano, entre os colegas: uma comparação com o avançado brasileiro de remate forte que jogou no Inter e no Parma.
 
No fim do quarto ano de curso, em 2010, recebeu um convite para participar com outros colegas num campus de férias de um mês no Kashiwa Reysol.
 
Foi o início de tudo.
 
No final do campus o clube convidou Tanaka a assinar contrato de um ano e o avançado estreou-se no futebol profissional na segunda divisão japonesa. O Kashiwa subiu de divisão e Tanaka renovou constantemente durante cinco temporadas.

Durante esse tempo, garante o empresário Jonny Baez, houve vários clubes que se interessaram por Tanaka, mas o clube japonês nunca facilitou a saída.
 
Até que em 2014, quando o avançado já somava 27 anos, foi atingida uma plataforma de entendimento e o Kashiwa Reysol aceitou deixar Tanaka experimentar outros voos. O empresário de imediato apresentou o jogador a vários clubes, por exemplo ao Eitracht Frankfurt e ao Schalke 04, mas também ao Sporting.
 
Bruno de Carvalho respondeu que sim, que o queria: Tanaka foi escolha dele.
 
Nesse momento o Sporting garantiu um excelente rematador e uma óptima pessoa. A garantia é dada Vítor Silva, jogador que partilhou o balneário leonino com Tanaka durante cerca de mês e meio no início da época.
 
«O Tanaka é muito, muito simpático», disse ao Maisfutebol. « É extremamente simpático. Por isso foi muito bem recebido por toda a gente. Todos os jogadores têm um grande carinho por ele porque está sempre de bem com todos e com um sorriso nos lábios.»
 
Dizem que é da cultura dele.
 
«Mesmo sem falar português, e falando poucas palavras de inglês, adaptou-se muito bem. Entrava em todas as brincadeiras, mesmo sem perceber do que estávamos a falar ria-se de tudo, estava sempre bem disposto. Basta ver a forma como os colegas celebraram o golo dele em Braga: é verdade que foi no último minuto, mas também é porque existe um carinho muito grande no balneário pela figura do Tanaka.»
 
Há de resto um episódio revelador: Tanaka chegou a Lisboa no dia 28 de junho, e dois dias depois já estava em Alcochete a ver uma achega de touros. Feliz da vida.

O japonês começou de imediato a aprender português e anda sempre com um dicionário atrás dele. Dizem que, como todos os japoneses, tem gestos gentis e é muito mente aberta: disponível para compreender todos os costumes nacionais e habituar-se a eles.
 
Por isso está feliz em Portugal.
 
Vive com a mulher e a filha que nasceu poucos dias antes de ele viajar para Portugal (atrasou a viagem para Lisboa, aliás, porque a filha estava quase a nascer), mas por vezes recebe a visita de familiares ou de três ou quatro amigos de infância que tem para a vida.
 
É em casa que mata saudades do Japão através da comida japonesa.
 
No relvado, de resto, ainda se comunica muito por gestos com os companheiros. Uma ou outra palavra em português não chegam para conseguir estabelecer uma conversa.

Mas nem por isso deixa de ser muito próximo de nomes como Carrillo, Jonathan Silva e Maurício. Muitas vezes, aliás, partilham a refeição.
 
De resto, todos lhe reconhecem uma excelente capacidade de remate, e em particular de bater livres.
 
«Não posso dizer que seja um grande jogador, porque o tempo que estive com ele foi escasso para tirar uma conclusão dessas, mas desde o início que notei que era um excelente finalizador, com um remate muito forte», explica Vítor.
 
«Eu também era batedor de livres e reparei que nesse aspecto é muito forte.»
 
Foi por isso aliás que, na última jogada do jogo em Braga, num livre à entrada da área, um jogador com o peso de Nani lhe passou a hipótese de bater aquela bola, e tornar-se o homem do jogo. Exactamente porque os jogadores lhe reconhecem esse talento, e aliás admiram a capacidade que tem de em cinco livres, dizem, fazer três golos.
 
Tanaka assumiu o livre, fez o golo e tornou-se a figura da jornada.
 
Num espécie de blog que mantém, o japonês explicou o que lhe passou pela cabeça naquele momento. «Era um momento muito aguardado por mim, podia por fim decidir um jogo. Estava 0-0 e tinha um livre à entrada da área», escreveu.
 
«O árbitro disse-me que era a última jogada do encontro e o Nani passou-me a possibilidade de bater a bola. Tinha o livre na minha cabeça, não estava cansado, estava confiante. Relaxei e marquei o livre.»
 
«Foi o meu primeiro golo na liga portuguesa. É por isto que o futebol é o melhor desporto do mundo: foi um golo inesquecível.»
 
Tanaka sorriu e Portugal conheceu por fim o Adriano japonês.
 
Muito prazer.

“Disse-me que um dia iria jogar no Real Madrid e eu desatei-me a rir”

Miguel Paixão conheceu Cristiano Ronaldo quando a estrela planetária tinha apenas 14 anos e progredia na formação do Sporting. Dividiram um quarto modesto numa residencial lisboeta e partilharam sonhos numa amizade que sobreviveu até hoje.

Ao contrário de CR7, a carreira futebolística de Miguel Paixão nunca conheceu grandes palcos. Jogou com Cristiano nos juvenis e nos juniores e na equipa B do Sporting, mas acabou por ser dispensado pelo clube de Alvalade. Progrediu então em clubes de menor dimensão, com uma única e efémera experiência na I Liga, ao serviço da União de Leiria. Aos 30 anos, é avançado do Oriental, do segundo escalão profissional, e recordou ao PÚBLICO alguns episódios da sua relação com o “melhor do mundo”.

Quando conheceu o Cristiano Ronaldo?
Quando cheguei ao Sporting, estava a fazer 15 anos e vinha de Monte Gordo. O Ronaldo já lá estava e foi através do Fábio Ferreira, um outro jovem de Monte Gordo, que era amigo dele, que o conheci. Ficámos primeiro a residir no antigo Estádio de Alvalade, nuns quartos por baixo da bancada nova, e depois fomos para a Residencial Dom José, na Rua Duque de Loulé, perto do Marquês do Pombal, onde dividimos um quarto. Eramos dois adolescentes sozinhos em Lisboa e íamos os dois juntos para a escola, no Lumiar.

Como é que ele se comportava na escola?
As pessoas têm uma ideia errada dele, por ter deixado cedo os estudos. Mas eu, que vivi com ele, tive oportunidade de confirmar que ele sempre gostou de aprender e era aplicado. Queria acabar os estudos, mas acabou por subir cedo à equipa principal [estreou-se com 17 anos] e ficou com menos tempo para conciliar as duas coisas.

Perderam contacto quando ele subiu à equipa sénior?
Não, ele sempre que podia ia visitar os amigos. Mesmo quando estava em estágio, passava sempre do lado profissional para o lado da formação para ir jogar pingue-pongue, matraquilhos ou snooker.

Que tal era ele como jogador na formação?
Sempre foi um jogador ambicioso e com uma autoconfiança muito elevada. Em termos futebolísticos reparei logo quando cheguei que era um jogador que sobressaía, acima da média. Jogava sempre um ano acima da sua categoria. Queria sempre ser o melhor. Além do talento, trabalhava imenso e não digo isso por ser amigo dele. É a verdade, eu via. Trabalhava sempre mais do que os outros, fazia treinos extra e procurava sempre aperfeiçoar os pormenores, tanto em termos técnicos como físicos. Ele era um jogador magro e sempre teve em mente determinados objectivos, como, por exemplo, ter de ganhar massa muscular, sem perder velocidade. Tinha muito talento e ambição, mas trabalhou muito e fez muitos sacrifícios.

Por exemplo?
Quando não estávamos a treinar e íamos para a residência onde morávamos, ele punha pesos nos pés para aumentar a velocidade quando os tirasse. Quando estávamos em Alvalade, ele queria ir para o pavilhão para treinar a rapidez. Na sua cabeça, era claro que queria ser jogador profissional e não se contentava com pouco. Sempre sonhou muito alto.

Já sonhava com o Real Madrid?
Sim. Uma vez, estávamos a ver um jogo do Real Madrid na televisão e ele disse-me: “Ó Paixão, um dia eu vou jogar no Real Madrid ao lado do Ronaldo [o brasileiro que na altura estava na equipa merengue].” Na altura, estávamos nos juniores e, claro, eu desatei-me a rir. Afinal, passados uns anos…

Na altura, copiava o estilo de alguma estrela do futebol?
Quando era mais novo, como qualquer adolescente, se via algum drible na televisão, ou alguma boa jogada, queria reproduzir, mas, a partir do momento em que subiu à equipa sénior e começou a ser profissional, conseguiu construir um estilo próprio, em que não se colou a ninguém. Na formação, ele via o [Thierry] Henry e dizia: “Tenho de ser tão ou mais rápido que aquele”; o Ronaldo [brasileiro] fazia uma finta e ele ia fazer a mesma jogada. Depois construiu a sua própria imagem.

Como era jogar com ele?
Estive com ele nos juvenis, nos juniores e na equipa B durante alguns jogos. Na formação, quando jogávamos com ele as coisas ficavam sempre mais facilitadas. Fazia a diferença, mas também havia outros jogadores com valor. O Fábio Ferreira, por exemplo, também tinha um grande potencial, mas o trabalho e a mentalidade fizeram muita diferença na evolução do Cristiano. A partir do momento que subiu de juvenil para júnior deu um esticão enorme e começou a construir o fenómeno que é hoje. Como se diz no futebol, “começou a rebentar com eles todos”.

Ele sempre foi muito competitivo em tudo?
[Risos] Sim. Lembro-me que quando eramos miúdos e estávamos na formação, íamos para o jardim do Campo Grande. Ele estava sempre a dizer que era o mais rápido e queria fazer corridas comigo e com o Semedo [outro antigo jovem da formação “leonina”, que hoje representa os ingleses do Sheffield Wednesday]. Nós tínhamos de correr primeiro um contra o outro e quem ganhasse corria a “final” com o Cristiano. O Semedo era mais lento, mas não admitia isso e dizia que era o mais rápido. Quando corria contra o Ronaldo partia sempre primeiro e quando via que ia ser ultrapassado desistia e dizia: “Agora acabou, já sabes que sou mais rápido do que tu e não quero correr mais”. O Ronaldo ficava muito irritado com ele [risos]. O Cristiano sempre foi muito competitivo, fosse no pingue-pongue, que jogávamos na nave de Alvalade, ou no salão de jogos. Queria ganhar, ganhar, ganhar. Não gostava de perder a nada, no treino, a brincar ou numa pelada. Onde entra é o mais competitivo possível.

A vossa amizade manteve-se depois de ele sair de Portugal?
Sim, mantivemos sempre contacto. Quando ele foi para Inglaterra [para o Manchester United] fui visitá-lo e sempre que regressava estávamos juntos. Foi uma amizade que foi crescendo e se manteve. Passei com ele as suas primeiras férias, depois do Euro 2004. Convidou-me a mim e a alguns outros amigos para irmos a Cuba. Nunca deixou de falar com os amigos, mesmo tendo chegado ao topo. Nunca se esquece de ninguém. Convidou-me para ir assistir à cerimónia no Palácio de Belém [onde Ronaldo foi condecorado no ano passado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique]. Acho que ele tem por mim uma grande amizade e uma grande consideração e é o que eu também sinto em relação a ele.

Quando o visitou em Manchester como é que ele se estava a ambientar a um novo país?
No início foi complicado, era um miúdo com 18 anos. Não falava inglês e não gostava do clima. Quando falavam com ele dentro de campo nem sempre entendia, mas, a brincar, dizia-me que se não conseguisse falar com a boca falava com os pés. Mas depois aprendeu inglês e passou a sentir-se em casa. Também o ajudou a mãe ter ido morar com ele e também tinha lá o cunhado. Foram importantes para o seu crescimento e por é por isso que ele lhes agradece agora. Ele sempre foi muito ligado à família e sentiu muito a sua falta quando veio da Madeira para o Sporting. Mas ele dizia que essas coisas o tornaram mais forte e lhe permitiram crescer mais rapidamente.

Ficou surpreendido com o incrível sucesso do Ronaldo no futebol?
Ele próprio terá ficado surpreendido com aquilo que foi acontecendo na sua carreira. Quando chegou ao Manchester United, estavam lá jogadores incríveis, como o Ryan Giggs, o Paul Scholes ou o Van Nistelrooy, e, se calhar, nesse momento não lhe passava pela cabeça que iria ser o melhor do mundo. Mas o tempo foi passando e as pessoas que estavam em seu redor iam dizendo que ele iria ser um “Bola de Ouro” dentro de algum tempo. Ele foi trabalhando até se mentalizar que iria conseguir. Quando conheci o Cristiano e quando ele foi para o Manchester, era mais um driblador, um jogador que levantava o público com as suas jogadas e que fazia golos, mas não eram tão frequentes. A partir de determinada altura ficou obcecado pelo golo. É que já ninguém se lembra das várias fintas que ele fazia por jogo, mas dos golos toda a gente se vai lembrar para sempre. Tornou-se muito mais objectivo e a querer ficar na história. Foi evoluindo sempre, com muito trabalho e chegou ao topo do mundo.

E a sua carreira? Como está correr esta fase agora ao serviço do Oriental (II Liga)?
Já aqui tinha estado há quatro anos. Foi uma oportunidade que a equipa técnica e o clube me deram de jogar numa competição profissional, a qual agradeço. Está a correr bem, fizemos boas campanhas na Taça de Portugal e na Taça da Liga e estamos com quatro vitórias consecutivas fora de casa no campeonato.

O que aconteceu depois de ter saído do Sporting [em 2003]?
Na altura, acabaram com a equipa B, fui dispensado e custou-me muito. Ainda tive as minhas oportunidades, mas não tive cabeça. Era muito jovem, estava sempre tudo bem para mim. Não me posso queixar de falta de oportunidades, mas de não as ter sabido aproveitar. Não fui o profissional que deveria ter sido nos momentos certos.

Ainda teve uma oportunidade na Liga principal…
Sim, ao serviço da União de Leiria [2008-10], mas tive a infelicidade de sofrer uma lesão num tendão. Quando chegou o mister Lito Vidigal para treinar a equipa, acabei por ser emprestado ao Fátima. Não voltei a ter oportunidades na Liga principal, mas tive hipóteses de ir jogar para o estrangeiro. Um dos meus erros foi não ter aproveitado, sentia-me bem aqui e acabei por não ir para fora. Dizia sempre que era para o ano, mas eles foram passando…

O que aconteceu?
Era um jovem fora de casa, com excesso de liberdade. Se fosse hoje em dia, que sou casado e tenho um filho, seria diferente. A pessoa cresce e se calhar não tinha cometido alguns erros que cometi. Agora, estou a tirar uma formação em scouting, de observação [para encontrar jovens talentos]. É que infelizmente não tive estudos, cheguei aos 30 anos e penso: 'Agora o que vou fazer'...

Fonte: publico.pt

Daniel Oliveira dixit

Lado Bom

 

"A má-fé com que muitos opositores internos e externos de Bruno de Carvalho acompanharam a crise do Sporting teve algumas vantagens para o futuro. Fez com que vários coelhos saíssem das suas tocas, mostrando como estão mortinhos para que se regresse ao passado, aos negócios ruinosos para o clube mas excelentes para outros, à delapidação do património, a compras e vendas inexplicáveis de alguns jogadores, ao exército de avençados à volta das direcções, ao estado de pré-falência. Os porta-vozes oficiosos da Santa Aliança que, desde que Bruno de Carvalho se começou a bater por mudanças no futebol nacional, junta Benfica e FC Porto, mostraram como a sua queda é desejada. Mas, no sentido inverso, Bruno de Carvalho percebeu que é o Sporting e não ele que move os adeptos e os sócios. Que não é por ele que vão ao estádio, não é por ele que estão dispostos a comprar todas as guerras.

É pelo clube. E que quando ele próprio se transforma num elemento de destabilização não conta com o apoio da maioria. No apoio que têm dado ao seu presidente e no apoio que não lhe deram nos últimos 15 dias, os sportinguistas mostraram uma enorme maturidade. No Sporting não há lugar para "filipes vieiras" e "pintos da costa". Não há tropas acríticas. E isso é bom. Faz, aliás, parte da cultura do clube. Apaziguada a guerra e aproximadas as posições entre treinador e presidente, vejo a parte meio cheia do copo. Muitos dos que se mantinham calados denunciaram-se. É útil para todos percebermos que não estamos livres de alguns regressos e retrocessos. Ficou claro que não falta quem espere, fora e dentro do Sporting, pela hora da vingança para que tudo mude e fique de novo na mesma. E Bruno de Carvalho testou os seus limites e aprendeu uma lição: nem tudo lhe é permitido. Um bom banho de humildade."

 

Daniel Oliveira, cronista do Record na sua crónica "Verde na Bola"


Nota: Como não leio estes jornais nem 'dou' cliques nos respectivos sites, agradeço a partilha ao Álamo de Leoninamente! Obrigado!

Nojo!

Há muito tempo que não via um jogo do Sporting com os comentários de um dos canais cá do burgo e tenho uma coisa a dizer: são um nojo, uma afronta e uma falta de respeito para com o Sporting Clube de Portugal.

Comentários depreciativos, despropositados (parte deles que em nada têm a ver com o jogo), risadas e uma clara tendência para assumir um dos lados da barricada (sempre contra o Sporting).

É isto que temos de combater, pois estes senhores têm a capacidade de influenciar. Trabalham para uma máquina que está programada para nos trucidar.

Mas nós, Sportinguistas, não vamos deixar! Vamos denunciar atitudes repudiáveis que todos os dias se vêm contra o nosso Clube nos meios de comunicação social!

Respeitem o Sporting!...e tomem Rennie, ou Kompensan!

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