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Grande Artista e Goleador

SPORTING CP 1-2 Marselha: o melhor é voltar a casa

Numa coisa concordo com Jesus. O desgaste destes estágios é enorme. Para além do cansaço acumulado das sessões de treino, ainda há a disponibilidade para estar com os adeptos e as viagens, que servem de atenuante mas não de desculpa (nem quero acreditar que não houvesse a mínima noção das implicações de jogos em diferentes pontos do mapa).

 

Por outro lado, ao quinto jogo de preparação, não escondo que esperava um pouco mais. Mais futebol, mais entusiasmo e mais sinais positivos do novo modelo de jogo.

Digo que o modelo de jogo é novo porque cada vez mais me parece que este sistema de três defesas centrais veio para ficar e não será apenas o plano B que prognostiquei anteriormente.

Confesso que isso me assusta um pouco. Porque assimilar um conjunto tão vasto de novas acções em campo leva tempo e porque, daqui a três semanas há um importante acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões para jogar.

No entanto, teremos meia equipa nova e todos teriam de assimilar processos novos. Creio que Jesus estará a trabalhar dois sistemas de jogo, com modelo e dinâmicas parecidas, em que apenas mudam algumas nuances que pretenderão potenciar cada uma das abordagens.

 

Começo pelos pontos positivos. Podence, Tobias, Matheus Pereira e Pedro Silva mostraram ontem porque devemos confiar nos jogadores saídos da Academia. Tivessem Chico Geraldes, Palhinha ou até Ryan Gauld jogado neste estágio e Jesus teria certamente uma bota complicada para descalçar (talvez tenha sido para evitar isso que alguns nem oportunidade tiveram).

 

Coentrão e Piccini, na minha opinião, começam já a mostrar alguns sinais positivos. Há que ter em conta que, num sistema de três centrais, é pedido um esforço incrível aos laterais, que terão de dar profundidade à equipa, largura, acutilância ofensiva e capacidade para compensar defensivamente, aliada a uma coordenação com toda a linha defensiva. Visto que a capacidade física é ainda deficiente, confio que os veremos subir de rendimento a cada jogo. No caso de Coentrão, é esperar que possa crescer e não seja traído fisicamente por tamanha exigência.

Falta apenas alguém para concorrer com Piccini pela lateral direita, já que à esquerda Jonathan promete dar luta a Coentrão.

 

Confesso que quando vi o onze inicial para o jogo de ontem tive dúvidas que fôssemos bem sucedidos. Bruno César é insuficiente como primeira escolha, seja para que posição for e Bruno Fernandes não é um flanqueador. Com a normal incapacidade física dos laterais, facilmente adivinhei mais um jogo sem oportunidades de golo, sobretudo para Bas Dost, que tem de ser preferencialmente servido pelas faixas laterais.

Basta que mudemos os intérpretes para que Bas Dost seja servido em condições e, já sem o holandês em campo, Podence e Matheus mostraram isso mesmo. Se um dos protagonistas for Iuri Medeiros ou Acuña, ficaremos igualmente melhor servidos do que da forma que nos apresentamos ontem.

 

Qualquer equipa deve ser construída de trás para a frente e, neste momento, preocupa-me que 75% da defesa seja completamente nova. Com tão importantes objectivos já no início da época, temo que este factor aumente as nossas dificuldades.

Este factor (muitos jogadores novos) leva-me a algo que considero das coisas mais importantes e que ontem, em declarações à Sporting TV, Pedro Silva frisou. A química da equipa terá de ser trabalhada. Não existe ainda e não sobressai naturalmente. Pode vir a cimentar-se rapidamente ou não e isso é mais um risco acrescido.

A inclusão dos jogadores da formação e a aposta nos mesmos (seja de início ou como segundas escolhas) será, a meu ver, o mais importante ponto para trabalhar essa química. Facilmente se percebe que a fluidez do nosso jogo aumenta sempre que temos dois / três jogadores da formação em campo. As melhorias são ainda mais evidentes quando dois deles jogam no mesmo sector. Isso notou-se ontem com Matheus e Podence, mas notar-se-ia igualmente com Chico e Podence, Matheus e Gauld ou Gauld e Chico (Palhinha, pelas suas características, é um caso à parte).

Jesus vai perder parte desta química natural, criada em anos e anos de convivência conjunta e, no caso de Gauld, em três anos de equipa B. Na minha opinião, para além da qualidade que todos acrescem ao grupo, Jesus vai desperdiçar com as dispensas parte do cimento que poderia juntar ainda mais o grupo. Claro que William e Adrien ainda são jogadores do Sporting mas, ficarão para lá de Agosto.

Essa falta de química é evidente em alguns jogadores que, por diversos motivos, parecem corpos estranhos na equipa. Alan Ruiz é um desses casos e, embora tenha mostrado qualidade a espaços na segunda metade da época passada, falta-lhe ainda qualquer coisa para ser mais útil ao colectivo.

 

Continuo com as mesmas dúvidas relativamente a Battaglia e Mattheus Oliveira. Não tenho dúvidas que crescerão com o tempo, que até virão a ser úteis mas não sei se isso justificará a sua contratação, quando poderíamos ter apostado a sério em Palhinha, Gauld e Geraldes (com o "plus" da tal química, que não me parece de desprezar).

 

Contudo, prefiro esperar pelos próximos dois encontros para fazer o balanço final e lançamento da nossa época. Para já, temos ainda muito trabalho pela frente.

 

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